Connect with us

Opinião

PP celebra cargo na Rodoviária como triunfo romano

Publicado

on

A promoção de Cláudio Montanelli a presidente da Rodoviária pelotense, oficialmente nomeada Empresa Municipal do Terminal Rodoviário (Eterpel), vem sendo festejada como grande sinal de prestígio em círculos do PP local, sentida como mais uma prova de que o partido é um dos pilares da atual istração.

Montanelli, filiado ao PP, era diretor-istrativo da Rodoviária, segundo cargo na hierarquia da repartição, segundo salário também. Acima dele só estava Jorge Vasques, do PSB, então presidente da Rodoviária, com salário maior.

Paula não demitiu Jorge, apenas trocou Jorge e Montanelli de cargos. Agora o cargo de confiança Jorge é o diretor-istrativo no lugar do cargo de confiança Montanelli, que a a ser o presidente.

A prefeitura explicou a troca dizendo que foi um “pedido de Jorge”; que ele teria pedido para ser rebaixado porque precisava de “mais tempo para cuidar de assuntos pessoais” (isso mesmo, cuidar de “assuntos pessoais”).

Nem todo mundo engoliu a versão oficial. Para quem não engoliu, ela não faz sentido istrativo lógico, inclusive, além do que já se disse, porque a prefeitura elogiou a atuação de Jorge ao dar a notícia de sua substituição.

Montanelli cumprimenta Paula, ladeado por Vasques

O que se diz nos bastidores é que a mudança atendeu ao jogo político de poder, nada além disso. Segundo estes, a nomeação de Montanelli não se deve a sua competência. Não que ele não reúna condições de tocar a Rodoviária, mas o motivo teria sido a necessidade política que a prefeitura sentiu de “agradar o PP”, porque o Partido está em um período de definições, com a eleição de Executiva e de Presidente do partido marcada para os próximos dias.

Ocorre que o PP está dividido politicamente desde a eleição ada. A divisão prossegue em duas alas, uma de fato governista, ocupando cargos na prefeitura, outra que reclama maior autonomia do partido em relação ao governo.

Publicidade

Nos últimos dias, a ala a que pertence Montanelli, ligado ao arrozeiro Érico Ribeiro, hoje ocupando cargos no governo e fiel ao grupo de poder, vem, mesmo assim, emitindo “sinais” de que poderia trazer Fabrício Tavares (PSD) para o PP e fazer dele candidato a prefeito em 2020. Nada de concreto, só uma “sugestão de possibilidade” jogada no ar, uma sugestão, porém, que serve para acender uma alerta no ninho tucano e abre margem para negociações… Por sua vez, Fetter Jr., da ala oposta a de Montanelli, defenderia maior autonomia real do PP em relação ao governo.

Ou seja, em tese, haveria um risco (imaginado ou real) de o PP querer disputar com candidato próprio em 2020, o que não seria bom para os tucanos, que hoje lideram a governança da prefeitura e querem continuar a governar. Daí, segundo se diz nos bastidores, a prefeita ter promovido Montanelli. Promover Montanelli é promover o PP, agradando-o, e reforçando, mais uma vez, que o partido progressista é uma peça importante para o grupo no poder hoje no Paço.

Mesmo que a promoção de Montanelli/PP não tenha peso em termos de poder de interferência nos rumos da istração, sendo não mais que uma promoção lateral, o governo, que nesta altura já conhece o PP, espera que o gesto seja o bastante para anular as supostas pretensões dos ditos progressistas ao pleito de 2020. Mesmo que não baste para impedir o suposto anseio do PP por voo próprio, é uma decisão que certamente vai naquele caminho de neutralizar a pretensão e tende a ter reflexos sobre a eleição da Executiva do PP e de seu Presidente.

O que se sabe por ora é que a ala governista do PP está festejando a conquista do cargo de presidente da Rodoviária como se fosse um triunfo do Império Romano, um grande feito.

Pelotas tem rodoviária ruim porque quer

Publicidade

Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

Publicado

on

Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

Publicidade

Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

Publicidade
Continue Reading

Brasil e mundo

Vivendo em mundos paralelos

Publicado

on

Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Publicidade

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

Publicidade
Continue Reading

Em alta

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading