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Brasil e mundo 3m3y11

Opinião livre: “Os três pecados de Gabriela”. Por Renato Sant’Ana 4p1z17

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Numa tarde com a esplêndida luminosidade da primavera no paralelo 30, Gabriela, 17 anos, voltava caminhando da casa da avó quando foi assaltada: tomaram-lhe o smartphone e R$ 30 reais.

Ah, mas há que compreender-se a microfísica da coisa… Os brutamontes que a roubaram (eram dois) têm uma justificativa para o que fizeram.

Marcia Tiburi já disse: “Tem uma lógica no assalto. Eu não tenho uma coisa que eu preciso, fui contaminada pelo capitalismo (…)”. Tiburi é
categórica: “Sou a favor do assalto”.

Evocando a “lógica interna do processo”, ela faz uma defesa em abstrato do assalto. E, por conseguinte, apoia o que fizeram com a menina.

Claro, Gabriela tem a mácula do pecado de ter nascido numa família de classe média e morar num bairro condizente com sua condição social.

Outro pecado é ser muito bonita: não só uma bela estampa, mas, também, gestos elegantes, atitude serena e uns grandes olhos verdes que parecem ver muito mais do que as aparências.

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O terceiro pecado de Gabriela é “ter foco” em seu desenvolvimento pessoal: em seu sonhos e planos não há lugar para a frivolidade vulgar
que é, hoje, quase um padrão entre jovens de sua idade (inclusive, está cursando a faculdade de arquitetura).

Ora, de classe média, bonita, com uma personalidade nada convencional… E acha que pode ear incólume nas ruas do bairro ensolarado com um smartphone novíssimo no bolso!

E haverá por que estar preocupado agora com Gabriela e seus iguais?

Marilena Chauí já “ensinou” que a classe média é uma “abominação” política, ética e cognitiva. Ideóloga da vanguarda do ódio, Chauí não fez cerimônia para dizer: “Eu odeio a classe média!”.

O pensamento de Marcia Tiburi e Marilena Chauí esconde um juízo “a priori” que condena Gabriela e absolve os ladrões.

O problema é que essas duas, botando banca de intelectual, prescrevem o pensamento de uma militância periférica, que, por sua vez, se encarrega de “socializar” preconceitos e dogmas ideológicos.

É o tipo de pensamento que infectou Porto Alegre há mais de três décadas e instituiu uma espécie de “soberania do criminoso”, o qual, no dizer dessa gente, é uma “vítima social”, um ser “contaminado pelo capitalismo”, estatuto que o autoriza a agredir a sociedade.

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Não há bairro nem praça, rua não há na capital gaúcha em que se possa andar sem o receio de ser atacado por predadores com DNA humano.

Facções criminosas seguem expandindo suas áreas de domínio, cerceando o direito de ir e vir de uma população cada vez mais presa em casa.

Foi num processo lento, progressivo e incessante que a população veio perdendo a liberdade sem reagir. E a ividade incutida é tal que a
maioria hoje acha que é privilégio sair vivo de um assalto.

Porém, há eleições municipais em 2020, ocasião para romper a inércia e reagir. Alguém dirá que é pouco? Será melhor ficar inerte?

Ainda que segurança pública seja função basicamente estadual, é o gestor municipal que vai pontificar as mudanças e reverter uma ordem em que se pune a integridade e se trata com benevolência a transgressão.

Por mínima que seja, a chance de reação tem de ser aproveitada. E o mais inteligente é esmerar-se por votar com a razão – não com o sentimento.

A chave é rejeitar candidatos que tenham as ideias populistas de Tiburi e Chauí. E ver, entre os outros, quem tem mais coragem para enfrentar os antissociais e devolver a liberdade à população ordeira.

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Veja nos links as falas de Marcia Tiburi e Marilena Chauí:

https://www.youtube.com/watch?v=OsvhFMrJLT8

Renato Sant’Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail [email protected]

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A liberdade sagrada das redes 3f2n1p

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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