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Anora, grande favorito ao Oscar 4l202g

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Anora (Mikey Madison) é uma dançarina de um clube de strip-tease e garota de programa que vê sua vida mudar após conhecer Ivan (Mark Eydelshteyn), filho de um poderoso oligarca russo. Impulsivamente, Ani (como ela prefere ser chamada) se casa com o herdeiro, porém, o conto de fadas é ameaçado quando os pais dele entram em cena, obrigando a anular o casamento.

Anora é dirigido e escrito por Sean Baker, um dos principais nomes do cinema independente e um dos diretores mais elogiados da atualidade. Desde Tangerina (2015) que o cineasta aposta no humor ao explorar retratos sensíveis de pessoas marginalizadas.

Ao longo de sua carreira, Baker encabeçou títulos que se tornaram sucessos de público e crítica pela ambiguidade entre crueza e sutileza com que construiu suas produções, como Projeto Flórida (2017) e Red Rocket (2021). Sempre lançando seu olhar para personagens que buscam viver o “sonho americano” e em protagonistas que têm o sexo como forma de sobrevivência, como em Tangerina e Red RocketAnora também mostra uma protagonista que busca seus dias de glória enquanto sobrevive à margem da sociedade e em uma vida sem esperanças. Basta lembrar da mãe e filha do ótimo Projeto Flórida, que moram ao lado do Walt Disney World, mas sem o a ele.

ANORA | Trailer Legendado

Em sua primeira metade, o longa apresenta a busca pelo “sonho americano” de Ani. Aliás, detalhe para a belíssima fotografia nas cores azul, vermelho e branco de Drew Daniels. Com um olhar afetuoso, mas realista, vemos um equilíbrio entre a curtição desenfreada do casal com uma sutil construção do dilema emocional que a protagonista irá enfrentar. 

Ao apresentar a figura aparentemente encantadora de Ivan, a narrativa oferece à Ani a chance de finalmente viver esse sonho, em um relacionamento que varia entre o interesse financeiro e a possibilidade de um vínculo mais profundo. Na segunda metade, a narrativa enfim transiciona para um tom mais dramático e introspectivo, embora o ritmo siga frenético, retratando os impactos e as consequências das escolhas.

Mikey Madison se doa de corpo e alma à produção, em uma performance marcante e simplesmente impecável. Apesar de parecer superficial, Anora é forte e determinada, porém, vulnerável e suscetível à promessas que parecem boas demais para ser verdade. Indicada ao Oscar, a atriz entrega uma protagonista complexa, cuja fragilidade continua visível mesmo em seus momentos mais impetuosos.

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Com um bom grupo de coadjuvantes, Yura Borisov se destaca como o capanga Igor, trazendo, através de uma presença silenciosa e ameaçadora, uma humanidade inesperada. Indicado como ator coadjuvante, Borisov brilha apenas na sequência final do filme, mas seu pouco tempo em cena me fez questionar a indicação, sendo mais justa a indicação para atores como Denzel Washington (Gladiador II) ou Clarence Maclin (Sing Sing), que roubam a cena em sus filmes.

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e grande favorito ao Oscar de melhor filme, Anora é autêntico e cativante, assim como sua protagonista. Com uma direção segura, Sean Baker capta a essência de uma personagem arrebatadora e envolvente, em uma narrativa que transita entre a leveza e o conflito.

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