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Cultura e entretenimento 1f3218

Anora, grande favorito ao Oscar 4l202g

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Anora (Mikey Madison) é uma dançarina de um clube de strip-tease e garota de programa que vê sua vida mudar após conhecer Ivan (Mark Eydelshteyn), filho de um poderoso oligarca russo. Impulsivamente, Ani (como ela prefere ser chamada) se casa com o herdeiro, porém, o conto de fadas é ameaçado quando os pais dele entram em cena, obrigando a anular o casamento.

Anora é dirigido e escrito por Sean Baker, um dos principais nomes do cinema independente e um dos diretores mais elogiados da atualidade. Desde Tangerina (2015) que o cineasta aposta no humor ao explorar retratos sensíveis de pessoas marginalizadas.

Ao longo de sua carreira, Baker encabeçou títulos que se tornaram sucessos de público e crítica pela ambiguidade entre crueza e sutileza com que construiu suas produções, como Projeto Flórida (2017) e Red Rocket (2021). Sempre lançando seu olhar para personagens que buscam viver o “sonho americano” e em protagonistas que têm o sexo como forma de sobrevivência, como em Tangerina e Red RocketAnora também mostra uma protagonista que busca seus dias de glória enquanto sobrevive à margem da sociedade e em uma vida sem esperanças. Basta lembrar da mãe e filha do ótimo Projeto Flórida, que moram ao lado do Walt Disney World, mas sem o a ele.

Em sua primeira metade, o longa apresenta a busca pelo “sonho americano” de Ani. Aliás, detalhe para a belíssima fotografia nas cores azul, vermelho e branco de Drew Daniels. Com um olhar afetuoso, mas realista, vemos um equilíbrio entre a curtição desenfreada do casal com uma sutil construção do dilema emocional que a protagonista irá enfrentar. 

Ao apresentar a figura aparentemente encantadora de Ivan, a narrativa oferece à Ani a chance de finalmente viver esse sonho, em um relacionamento que varia entre o interesse financeiro e a possibilidade de um vínculo mais profundo. Na segunda metade, a narrativa enfim transiciona para um tom mais dramático e introspectivo, embora o ritmo siga frenético, retratando os impactos e as consequências das escolhas.

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Mikey Madison se doa de corpo e alma à produção, em uma performance marcante e simplesmente impecável. Apesar de parecer superficial, Anora é forte e determinada, porém, vulnerável e suscetível à promessas que parecem boas demais para ser verdade. Indicada ao Oscar, a atriz entrega uma protagonista complexa, cuja fragilidade continua visível mesmo em seus momentos mais impetuosos.

Com um bom grupo de coadjuvantes, Yura Borisov se destaca como o capanga Igor, trazendo, através de uma presença silenciosa e ameaçadora, uma humanidade inesperada. Indicado como ator coadjuvante, Borisov brilha apenas na sequência final do filme, mas seu pouco tempo em cena me fez questionar a indicação, sendo mais justa a indicação para atores como Denzel Washington (Gladiador II) ou Clarence Maclin (Sing Sing), que roubam a cena em sus filmes.

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e grande favorito ao Oscar de melhor filme, Anora é autêntico e cativante, assim como sua protagonista. Com uma direção segura, Sean Baker capta a essência de uma personagem arrebatadora e envolvente, em uma narrativa que transita entre a leveza e o conflito.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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