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Brasil e mundo

Pedro Hallal: “Embora longe, nunca estarei distante da UFPel”

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O Amigos conversou com Pedro Hallal, ex-reitor da UFPel, que nesta semana pediu exoneração da Universidade, da qual estava licenciado há mais de dois anos, sem remuneração. Nesse período Pedro atuava como professor na Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos EUA, onde agora prosseguirá sua carreira

Li que o sr. pediu exoneração dos quadros da UFPel. O que o fez tomar essa decisão?

Na verdade, achei um pouco estranha toda a repercussão sobre uma decisão tomada há mais de dois anos. Meu ciclo na UFPel foi inesquecível. Entrei em 1997 como aluno de graduação e só sai em 2022. Nesse período, fiz graduação em Educação Física, mestrado e doutorado em Epidemiologia. Tornei-me professor, fui coordenador do principal programa de pós-graduação da Instituição, fui reitor, elegi a chapa sucessora. Foram 25 anos da minha vida dedicados à UFPel.

Tenho 44 anos, ou seja, mais da metade da minha vida eu ei na UFPel. Em 2022, especialmente em função do que vivi durante a pandemia de Covid-19, tomei a decisão de respirar outros ares. É isso que venho fazendo desde então. Embora longe, nunca estarei distante da UFPel. Tanto que, de lá para cá, sempre estive envolvido nas questões mais importantes que envolvem a UFPel. E assim continuarei. Distante fisicamente, mas com o coração e a alma sempre próximos da UFPel.

Na sala de Hallal em Illinois, uma homenagem ao Prof Bill Kohl, fã do Brasil e falecido neste ano

Quais suas atividades na Universidade de Illinois?

Estou atuando em Illinois desde outubro de 2022. Sou professor titular e coordenador do Mestrado em Saúde Pública. A partir do início de 2024, também fui designado pelo reitor da Universidade de Illinois para atuar num amplo programa de cooperação acadêmica com o Brasil, chamado Brasillinois.

De uma forma ou de outra, nunca estive tão próximo do Brasil, mesmo agora trabalhando em uma universidade de outro país. Só para dar um exemplo, ainda esse ano assinamos um acordo com a CAPES que vai propiciar a 350 estudantes de doutorado brasileiros a chance de realizar parte do seu Doutorado em Illinois. Continuo fazendo o que gosto – pesquisa, ensino, extensão e istração – agora em Illinois. Mas como falei antes, a UFPel sempre estará na minha mente e no meu coração.

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Eu primeiro me licenciei da UFPel, sem vencimentos, desde 2022. Esse é o procedimento normal. Agora, com a decisão tomada de que seguirei por aqui nesse momento, achei justo pedir exoneração da UFPel, antes mesmo de completar o período de três anos da minha exoneração. Assim a UFPel pode contratar um professor efetivo para me substituir. Estou atuando desde 2022 como professor em Illinois.

Aliás, fiquei muito feliz que no meu primeiro ano aqui, fiquei entre os cinco pesquisadores com maior produção científica da instituição. Depois de tantos anos da UFPel entre os pesquisadores mais produtivos da instituição, é muito bom chegar nos EUA e ter o mesmo destaque.

Ganhador de prêmio da Associação Americana de Saúde Pública

Vi fotos da Universidade aí, parece estar concentrada num prédio único, tudo muito bem organizado. Poderias transmitir tuas impressões da atmosfera de uma Universidade americana?

A Universidade de Illinois Urbana-Champaign é uma instituição estadual, fundada em 1867. A Universidade tem 24 Prêmios Nobel e 29 Prêmios Pulitzer. O primeiro navegador foi inventado em Illinois, assim como a ressonância magnética e a lâmpada de LED. Na minha área, o pai da aptidão física, Thomas Cureton, trabalhou lá durante toda sua carreira.

A Universidade de Illinois tem 56 mil estudantes, oriundos de mais de 100 países. O campus da Universidade, assim como o da UFPel, é espalhado por toda a cidade. Ainda nas coincidências, as cores da universidade, azul e laranja, são as mesmas da UFPel. Não deve ser por acaso… A vida universitária em Illinois é muito parecida com a vida em Pelotas, na UFPel. Ambas são cidades de porte médio com grandes universidades, pouco tráfego, muitos jovens. Sou feliz em Illinois como fui feliz por décadas em Pelotas.

Pedro e seu grupo de pesquisa

Sua exoneração da UFPel é um adeus definitivo?

Antes de responder, gostaria de agradecer ao Amigos de Pelotas por me dar a oportunidade de apresentar a minha versão dos fatos, não apenas nessa vez, mas sempre. Ouvir a pessoa da qual se fala é um princípio básico do bom jornalismo, infelizmente ignorado por alguns. O bom jornalismo exige independência e o Amigos de Pelotas sempre teve essa necessária independência nas relações comigo, seja como pesquisador, seja como reitor da UFPel.

Além disso, quero reforçar que Pelotas é a minha cidade e sempre será. A minha exoneração da UFPel não é um adeus para Pelotas, mas um até logo. Estarei sempre ao lado daqueles que defenderem o que é certo. Estarei sempre acompanhando o meu Xavante. Estarei sempre próximo dos meus amigos do Clube Brilhante, da Academia de Futebol de Mesa e, especialmente, da minha família.

Pedro e Tânia, pais de Hallal, em visita a estádio de futebol americano

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CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição no Brasil para presidente, governadores e prefeitos foi aprovada, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A PEC 12/2002 ainda aumenta os mandatos do Executivo, dos deputados e dos vereadores para cinco anos. Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado.

A PEC previa o aumento do mandato dos senadores de oito para dez anos, mas a CCJ decidiu reduzir o tempo para cinco anos, igual período dos demais cargos. A proposta ainda unifica as eleições no Brasil para que todos os cargos sejam disputados de uma única vez, a partir de 2034, acabando com eleições a cada dois anos, como ocorre hoje.

A proposta prevê um período de transição para o fim da reeleição. Em 2026, as regras continuam as mesmas de hoje. Em 2028, os prefeitos candidatos poderão se reeleger pela última vez e os vencedores terão mandato estendido de seis anos. Isso para que todos os cargos coincidam na eleição de 2034.

Em 2030, será a última eleição com possibilidade de reeleição para os governadores eleitos em 2026. Em 2034, não será mais permitida qualquer reeleição e os mandatos arão a ser de cinco anos.  

Após críticas, o relator Marcelo Castro (MDB-PI) acatou a mudança sugerida para reduzir o mandato dos senadores.

“A única coisa que mudou no meu relatório foi em relação ao mandato de senadores que estava com dez anos. Eu estava seguindo um padrão internacional, já que o mandato de senador sempre é mais extenso do que o mandato de deputado. Mas senti que a CCJ estava formando maioria para mandatos de cinco anos, então me rendi a isso”, explicou o parlamentar.

Com isso, os senadores eleitos em 2030 terão mandato de nove anos para que, a partir de 2039, todos sejam eleitos para mandatos de cinco anos. A mudança também obriga os eleitores a elegerem os três senadores por estado de uma única vez. Atualmente, se elegem dois senadores em uma eleição e um senador no pleito seguinte.

Os parlamentares argumentaram que a reeleição não tem feito bem ao Brasil, assim como votações a cada dois anos. Nenhum senador se manifestou contra o fim da reeleição.

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O relator Marcelo Castro argumentou que o prefeito, governador ou presidente no cargo tem mais condições de concorrer, o que desequilibraria a disputa.

A possibilidade de reeleição foi incluída no país no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, mudança que permitiu a reeleição do político em 1998.

“Foi um malefício à istração pública do Brasil a introdução da reeleição, completamente contrária a toda a nossa tradição republicana. Acho que está mais do que na hora de colocarmos fim a esse mal”, argumentou Castro.

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Um homem coerente

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Eis um homem que irei pela absoluta coerência entre o que pensava e o modo como viveu. Um homem de esquerda que me fazia parar para ouvi-lo, porque o que dizia tinha solidez e fazia pensar.

Não precisava concordar com ele para irá-lo. E sim: um homem de esquerda que nunca roubou. Foi uma pessoa rara. Eu diria, única.

Vivia num sítio, dele de fato, com o essencial. Na companhia da mulher e de cachorros. Só tinha um defeito: andava em má companhia internacional. Talvez por um motivo humano. Para se sentir menos sozinho do que era. Menos prisioneiro de suas convicções.

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