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Cultura e entretenimento 1f3218

Gladiador II, entretenimento de alta qualidade. Por Déborah Schmidt 515l

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Ambientado décadas após a jornada de Maximus (Russell Crowe), Gladiador II mostra que Roma voltou para uma época de barbárie e corrupção, comandada pelos tirânicos imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracala (Fred Hechinger).

Afastado da mãe Lucilla (Connie Nielsen), Lucius (Paul Mescal) vive em uma cidade litorânea na África. Após perder uma sangrenta e dolorosa batalha contra uma frota romana, Lucius é levado como prisioneiro pelo General Acacius (Pedro Pascal) e comprado pelo senhor da guerra Macrinus (Denzel Washington) para ser treinado como gladiador. Assim, ele vai tentar conseguir sua liberdade e se vingar daqueles que destruíram tudo o que conhecia.

São inevitáveis as comparações com o aclamado Gladiador (2000), e o diretor Ridley Scott tem consciência disso. Com isso, mostra várias conexões com o filme anterior, seja nas presenças de Connie Nielsen e Derek Jacobi, ou com referências a cenas e expressões do primeiro longa.

A figura de Maximus é mencionada o tempo todo, com o legado do gladiador sendo explorado para expandir e homenagear sua mitologia.

O roteiro de David Scarpa comete alguns deslizes, mas aposta no espetáculo para manter o espectador motivado, com Scott utilizando toda a sua experiência ao apresentar sequências de ação e batalhas impressionantes, que dialogam diretamente com a nostalgia do público.

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Um dos diretores mais conceituados de Hollywood, não há cinéfilo que não consiga ar horas discutindo os filmes de Ridley Scott. Afinal, em sua filmografia estão AlienBlade Runner (o meu favorito), Thelma & LouiseFalcão Negro em PerigoO GângsterPerdido em MarteO Último Duelo e tantos outros. Sua importância para o cinema é indiscutível, com produções de gêneros como ficção científica, crime, comédia e drama histórico ao longo de uma carreira de mais de cinco décadas. Bastante versátil, é um cineasta capaz de aliar como poucos os interesses comerciais com a criatividade artística.

Embora com problemas de ritmo entre as cenas de ação e no desenvolvimento dos personagens, o filme se beneficia de uma direção segura e de um design de produção impecável, com uma Roma antiga de encher os olhos através de uma paleta de cores quentes, trazendo uma sensação calorosa principalmente nas intensas sequências de luta. Porém, o tom torna-se mais melancólico e sóbrio na presença dos imperadores gêmeos que, inclusive, são caracterizados com uma pesada maquiagem branca, que realça os olhos arroxeados e serve como reflexo para as suas insanidades.

Enquanto a montagem de obras recentes de Ridley Scott, como o novelesco Casa Gucci e Napoleão, deixava a desejar, aqui ele une forças a Claire Simpson e Sam Restivo para uma variedade de tramas que são delineadas com solidez. Os figurinistas Janty Yates, parceira de longa data de Scott, que venceu o Oscar por Gladiador, e Dave Crossman entregam um trabalho primoroso ao reconstruir Roma através das vestimentas usadas pelos personagens, seja nas armaduras dos gladiadores, nos vestidos deslumbrantes usados por Lucilla ou nos trajes imponentes de Macrinus.

Mesmo com uma merecida indicação ao Oscar pelo belíssimo Aftersun, este é o primeiro grande filme de Paul Mescal, que, como esperado, entrega um ótimo trabalho ao balancear vingança e esperança. Pedro Pascal também se destaca ao conduzir um habilidoso General que, com o ar da trama, demostra arrependimento e outro ponto de vista sobre os jogos do Coliseu, em contrapartida com os personagens de Joseph Quinn e Fred Hechinger, que formam uma dupla interessante de opostos unidos pelo caos.

Não há dúvidas que o elenco é um dos pontos altos do longa, mas quem rouba a cena é Denzel Washington. Sempre fantástico, o ator comprova todo o seu brilhantismo ao interpretar um estrategista genial e brutal. Sua interpretação consegue criar, com apenas olhares, risadas e gestos, uma figura intrigante e enigmática, em uma performance marcante que deve render mais uma indicação ao Oscar.

Épico de batalhas espetaculares e com performances brilhantes, Gladiador II é o melhor entretenimento do ano. Um filme para ser visto no cinema.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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