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Como se diz, a política mobiliza o que há de pior nas pessoas. Frustrações, ressentimentos, preconceitos, pulsões afloram na forma de paixões. Ninguém escapa totalmente. Muitas vezes a parcialidade política encobre uma sensação de nulidade pessoal, uma necessidade de “vingança”. Enquanto adere a um lado e rechaça o adversário, a pessoa sente que “existe”. Freud explica isso em seus livros, e diz que, no fundo, é uma luta do sujeito com o sujeito. Uma luta interna projetada para a arena política.
As percepções entre as pessoas são diferentes e são atravessadas emocionalmente por uma série de experiências nem sempre racionais. Eu respeito a opinião alheia, faço força, porque tudo sempre quer dizer algo, todos têm alguma razão e todos se enganam em boa parte. Só não gosto do fanatismo, embora também ele queira dizer algo.
Eu não estava em Pelotas na época, mas me dizem sempre que Marroni não fez um mal governo, fez um bom governo. Não acho que, se ganhar de novo, seria um desastre. No PT, porém, depois da Lava Jato, perdi a fé. Como tenho boa memória, não esqueço do que aconteceu no verão ado. A esquerda usa o vitimismo pra se aproveitar. É um problema antes moral que social. Teríamos que sair dessa armadilha. Desde então comecei a entender que a solução não está no governo, mas na sociedade; comecei a entender os valores liberais.
Marciano Perondi, como é o novo, é uma incógnita. Mas eu não julgo. Para ser sincero, eu gosto do novo, de testar novas possibilidades. Gosto de olhar para a frente. Experimentar um caminho diferente dos já percorridos. Novas soluções, e novos problemas também. Votar no PT, ainda mais no mesmo candidato de 20 anos atrás, entendo, significaria apostar no retorno ao ado, e o ado eu já conheço.
Além disso, prefeitos, quando retornam ao cargo, não fazem bons segundos governos. Por uma tendência humana à acomodação, o ímpeto do primeiro mandato desaparece. Em Pelotas, os segundos governos de Paula Mascarenhas (PSDB), de Irajá Rodrigues (MDB) e de Anselmo Rodrigues (PDT) ficaram aquém dos primeiros. Bernardo de Souza (PPS), por motivo de saúde, nem chegou a terminar o segundo mandato.
Nem todo mundo que votou e votará em Perondi é de extrema-direita. São pessoas de direita, gente de centro que se decepcionou com a esquerda, não acredita mais nela, gente que quer um país mais estilo Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos.
Pobre de quem acha que a esquerda é a redenção dos pobres.