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Cultura e entretenimento 1f3218

Coringa: delírio a dois é uma grande decepção. Por Déborah Schmidt 5m1858

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Após os acontecimentos do filme de 2019, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) está preso no hospital psiquiátrico de Arkham, onde é constantemente maltratado pelos guardas do local. Prestes a ser julgado pelos assassinatos cometidos pelo Coringa, tudo muda quando ele conhece outra paciente, Lee Quinzel (Lady Gaga).

Unanimidade de público e crítica, Coringa trouxe para o protagonismo um dos personagens mais famosos dos quadrinhos. Apresentado como vítima de uma sociedade desprezível, o filme solo do icônico vilão do Batman recebeu 11 indicações ao Oscar e ganhou dois prêmios, incluindo de melhor ator para Phoenix. Novamente sob a direção de Todd Phillips, Coringa: Delírio a Dois coloca Joaquin Phoenix para cantar e dançar ao lado de Lady Gaga, ao mesmo tempo em que conta uma história de amor tóxica em meio a um julgamento.

O roteiro de Phillips e Scott Silver aposta em uma combinação que, na teoria, parecia perfeita. Infelizmente, combinar números musicais com a mente instável do protagonista não foi suficiente para justificar uma narrativa que só sabe de onde veio, mas nunca para onde vai. Portanto, há muito pouco para sustentar a trama, uma vez que o musical se sobrepõe à história. Além disso, o roteiro começa a traçar tramas paralelas que pouco agregam ao conflito principal do personagem.

De positivo, vemos coadjuvantes de luxo, como os sempre ótimos Brendan Gleeson, como um dos guardas de Arkham, e Catherine Keener, que interpreta a advogada de Fleck. Além disso, há outro conhecido personagem dos quadrinhos, Harvey Dent (Harry Lawtey), o promotor público de Gotham City. Entretanto, o arco da Arlequina e sua influência sobre o Coringa é mostrado de forma superficial, em uma personagem famosa por sua complexidade e que merecia ser mais explorada pela trama.

Fantásticos em cena, Lady Gaga e Joaquin Phoenix representam com perfeição a loucura e confusão de seus personagens, em um perigoso relacionamento amoroso onde Arthur descobre o poder da música que existe dentro de si. Phoenix continua espetacular como Arthur Fleck/Coringa, proporcionando uma interpretação que alterna entre um homem que sentimos compaixão e uma figura instável e perturbada. Com uma intrigante performance, Lady Gaga consegue dar vida às diferentes camadas de sua personagem, brilhando com todo o talento que já conhecemos nos momentos musicais.

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Apesar de coloridos, em contraste ao tom sombrio da produção, as sequências musicais são tediosas, que não apenas falham em acrescentar algo à história, mas também a interrompem. Seja para os fãs dos quadrinhos ou para os fãs de musicais, Delírio a Dois acaba sendo um filme que não consegue satisfazer os fãs de nenhum desses dois gêneros.

Além da atuação da dupla principal, o que salva o filme de ser um fracasso total é a questão técnica, especialmente na belíssima fotografia do indicado ao Oscar Lawrence Sher. Talvez o maior problema do filme esteja na combinação desordenada de elementos. A transição brusca do musical ao drama de tribunal soa desconexa, e a obra nunca parece integrar esses gêneros de maneira satisfatória.

Desnecessário, Coringa: Delírio a Dois se apoia inteiramente no seu antecessor e, com isso, não tem nenhuma história pra contar. Sem dúvidas, a grande decepção do ano até gora.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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