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Eleições 2024

Governo do PSDB cansou. E os pelotenses se cansaram dele

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Depois de 12 anos e três mandatos do PSDB à frente da prefeitura, o eleitor pelotense mandou os tucanos de volta para casa. Foi mais que uma rejeição a Fernando Estima, candidato do governo. Foi uma rejeição ao governo da professora Paula Mascarenhas, ao modo tucano de governar. Aparentemente o governo, por fadiga, cansou, e a população se cansou dele. Mas não só isso.

O PSDB teve tudo a seu favor na eleição. Mesmo assim, não foi suficiente. Seu candidato teve o maior apoio partidário (10 partidos), o maior tempo de propaganda eleitoral, o maior fundo eleitoral, a força da “máquina” do governo (mais de 500 pessoas em cargos de confiança foram às ruas empenhadas em eleger Estima e manter seus empregos), 237 candidatos a vereador estavam a apoiá-lo (daqueles 10 partidos da coligação). Contaram ainda com o apoio dos tucanos governador Eduardo Leite e deputado federal Daniel Trzeciak. Todo esse pacote não foi o bastante.

Por que os pelotenses rejeitaram o PSDB?

É um conjunto de fatores e, essencialmente, não têm nada a ver com a polarização política entre esquerda e direita, como têm alegado Estima e Paula. O eleitor pelotense, de maioria pobre, não está preocupado com ideologia. Não existe valeta de esquerda e de direita. Ele está preocupado com os buracos, com o atendimento na Saúde, com a escola dos filhos. Com o dia a dia.

Como o Amigos disse antes das eleições, seria preciso errar muito para perder uma eleição. Acontece que o governo errou muito.

Por mais que aparecessem sorrindo nas fotografias de campanha, era de se perguntar: Do que riam? Da péssima situação da zeladoria da cidade? Dos estagnados indicadores de desenvolvimento? Da degradação do Centro Histórico? Do fechamento sem fim do teatro Sete de Abril? Da I da Saúde? Das mais de 50 mil pessoas na fila de espera para consultas médicas e cirurgias? Dos servidores que tiveram bens bloqueados pela Justiça, por desvio de verba no Pronto Socorro e na Assistência Social? Da falta de vagas na Educação Infantil? Dos baixos indicadores de aprendizado do IDEB? Dos graves problemas de drenagem? Dos alagamentos? Da precariedade viária dos bairros e dos balneários? Dos 70% da população sem esgoto tratado? Da balneabilidade incerta dos balneários? Da péssima situação das contas públicas? Disso, não poderia ser. Do que será que riam então?

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Além disso, algumas hipóteses para a derrota, algumas concretas. Algumas já comentadas en ant, mais detalhadas abaixo.

1) A má situação da chamada Zeladoria. Descuidada, a cidade decaiu a olhos vistos, a ponto da sensação de abandono. Nesse sentido a buraqueira pelotense é democrática: pode ser vista em todas as regiões da cidade, na quase totalidade das ruas, em parte por falta de manutenção, em parte pela má qualidade das obras públicas. Obras de terceiro mundo, de péssima qualidade, inacabadas, feias e perigosas, como, por exemplo, a Rótula do shopping (foto acima, de hoje). Mais uma obra padrão prefeitura de Pelotas. Inacabada. Restos de entulho no local e pista com terra e pequenas pedras.

2) Quando se fala em buracos, a palavra é uma metáfora de problemas sistêmicos mais amplos, como por exemplo a falta de obras estruturais, a má situação das contas públicas e a entrega de cargos de confiança a pessoas sem qualificação adequada para ocupá-los, com finalidades meramente de hegemonia política e fins puramente eleitorais, como se viu, pouco antes da eleição, quando a prefeita entregou ao PP as secretarias da Educação e da Assistência Social e mais uma Asssessoria Especial com status de Secretaria. Logo ao PP, partido que, para completar, preside a I que investiga desvios de dinheiro do Pronto Socorro, contaminando as relações institucionais e projetando uma sombra sobre a lisura da investigação.

3) É evidente que a enorme fila de espera para consultas médicas e cirurgias, MAIS DE 50 MIL PESSOAS, afetou negativamente a campanha tucana. Não precisa discorrer mais.

4) A dívida do município, alta, afetou o que já era ruim. Sem a Zeladoria, contida para pagar a dívida, a prestação dos serviços públicos piorou. A sensação, ainda presente, é de uma cidade “largada” à própria sorte. Situação que piorou depois da enchente, quando o pelotense se deu conta de que faltavam obras essenciais. Deu-se conta que faltava um dique na região praiana, um sistema de contenção que protegesse as populações dos balneários, onde vivem mais de 50 mil pessoas. Muitos moradores foram afetados pela enchente e perderam tudo.

5) Como todo governo que fica muito tempo, os tucanos aram a achar que tinham o eleitor cativo e relaxaram. Acostumados com uma sequência de bons resultados eleitorais, os governantes do Paço podem ter acreditado que a boa sorte os acompanharia, apostando que a população entenderia.

6) A pandemia e a enchente podem ter viciado o gabinete principal do Paço na adrenalina desses momentos cruciais, distraindo do trabalho do dia a dia. Distração essa potencializada negativamente por frequentes notícias de viagens internacionais da prefeita e de sua equipe à Europa, para apresentar supostos tentos favoráveis do governo, como os programas Pacto pela Paz e Cidade das Crianças, dois slogans questionáveis, porém, à luz da realidade. Afinal, a queda da criminalidade violenta caiu em todo o Brasil, não só em Pelotas. E, convenhamos, “Cidade das Crianças” é apenas um nome bonito. O governo parece ter acreditado que estava fazendo uma revolução na cidade, quando na verdade estava iludido, embarcado numa onda de felicidade.

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7) A pandemia e a enchente podem ter cansado o governo. Ocorre que o candidato do governo não rompeu com a aparência de cansaço oficial, como havia ocorrido antes quando Leite e Mascarenhas se elegeram prefeitos. Estima não trouxe a gana inicial que se viu naqueles dois. Não convenceu como a pessoa que reporia aquela energia. Pareceu um jogador reserva que entrou em campo cansado. A própria prefeita parecia cansada. Virara presidente do PSDB estadual e já falavam que seria governadora, como se estivesse se despedindo de Pelotas para outros voos.

8) A prefeita perdeu gente do seu entorno mais próximo. No fim, parecia um governo sem coesão. A máquina não estava mais funcionando.

9) Os casos de corrupção no governo, especialmente em áreas sensíveis, como a Saúde (Pronto Socorro) e a Assistência Social.

10) Fernando Estima, o candidato escolhido para suceder Paula, não estava na cidade. Não esteve em Pelotas nos momentos difíceis, trabalhando. Estava em Rio Grande, numa alta diretoria do Porto de Rio Grande (do governo do estado), mesmo não tendo completado o ensino médio, o que é uma mensagem altamente negativa. Afinal, o que se espera de um alto diretor de porto? Espera-se que seja um engenheiro naval cheio de grandes pós-graduações, especializado em porto, com estágio digamos no porto de Rotterdam (Holanda). Ele não é a pessoa mais qualificada para dirigir um porto. Não é por causa dele que o porto anda melhor ou pior. Pra quem olhou de fora, a qualificação dele era ser de Rio Grande

Jornalista e escritor. Editor do Amigos de Pelotas. Ex Senado, MEC e Correio Braziliense. Foi editor-executivo da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Atuou como consultor da Unesco e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Uma vez ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo, é autor dos livros Onde tudo isso vai parar e O fator animal, publicados pela Editora Lumina, de Porto Alegre. Em São Paulo, foi editor free-lancer na Editora Abril.

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Brasil e mundo

TSE: abstenção fica perto do total de eleitores ausentes na pandemia

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A abstenção dos eleitores no segundo turno das eleições municipais ficou próxima do patamar registrado durante as restrições provocadas pela pandemia de covid-19.

A Justiça Eleitoral registrou neste domingo (27), em todo o país, a ausência de 29,26% do eleitorado. O percentual equivale a 9,9 milhões de eleitores que não compareceram às urnas. O número de ausentes foi consolidado nesta segunda-feira (28) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2020, durante a pandemia de covid, a abstenção no segundo turno foi de 29,53%. Nas eleições presidenciais de 2022, abstenção no segundo turno foi de 20,57%. 

O alto índice de abstenção no segundo turno foi registrado principalmente em capitais das regiões Sul e Sudeste do país.

A maior abstenção entre as capitais foi registrada em Porto Alegre, onde o índice chegou a 34,83%, ou seja, 381.965 eleitores não foram votar na capital gaúcha.

Em seguida, aparecem no ranking as seguintes capitais: Goiânia (34,20%); Belo Horizonte  (31,95%); São Paulo (31,54%) e Curitiba (30,37%). Somente na capital paulista, a abstenção significou a ausência de 2,9 milhões de eleitores.

No Rio Grande do Sul, a alto índice de abstenções também afetou os municípios que foram atingidos pelas enchentes que inundaram grande parte do estado em maio deste ano.

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Em algumas cidades, urnas eletrônicas e locais de votação foram danificados durante a situação de calamidade. Além disso, moradores que perderam suas casas aram a viver em outros municípios e não regularizaram o título de eleitor.

Em Canoas, 35,72% dos eleitores não compareceram às urnas. Em Caxias do Sul, o percentual de ausentes foi de 28,64%.

Na avaliação do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio Grande do Sul,  Voltaire de Lima Moraes, a abstenção no estado foi menor do que o órgão projetava.

“Precisamos analisar com maior profundidade essa questão relacionada com a abstenção, principalmente em algumas cidades. Em outras, nós tivemos uma diminuição da abstenção, levando em consideração as eleições de 2016, 2020 e 2024. Em 2016, não havia problema nenhum de enchente, nem de pandemia, e essas cidades conseguiram reduzir. Nós temos que verificar porque isso ocorreu”, comentou.

Ontem (27), ao divulgar o balanço do segundo turno, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, também disse que vai avaliar o fenômeno do aumento das abstenções.

Segundo a ministra, um levantamento será feito nos tribunais regionais eleitorais e finalizado até a diplomação dos prefeitos e vereadores eleitos, que ocorrerá em dezembro deste ano.

Os eleitores que não votaram no segundo turno têm até 7 de janeiro de 2025 para justificar a ausência. O prazo é de 60 dias após o pleito.

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A Justiça Eleitoral recomenda que a justificativa seja feita preferencialmente pelo aplicativo (App) e-Título.

O App pode ser baixado gratuitamente nas lojas virtuais Apple e Android. Ao ar o e-Título, o cidadão deve preencher os dados solicitados e enviar a justificativa. O eleitor também deverá pagar a multa estipulada pela ausência nos turnos de votação. Cada turno equivale a R$ 3,51 de multa.

O eleitor que não votar e deixar de justificar sua ausência por três vezes consecutivas pode ter o título suspenso ou cancelado.

A ausência cria diversas dificuldades, como ficar impedido de tirar aporte, fazer matrícula em escolas e universidades públicas e tomar posse em cargo público após ser aprovado em concurso público.

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Eleições 2024

Por 1.263 votos a mais, Marroni é eleito prefeito de Pelotas

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Por uma diferença de 1.263 votos a favor, Fernando Marroni, do PT, foi eleito novo prefeito de Pelotas. Ele volta ao cargo depois de 24 anos.

O petista recebeu 87.737 votos válidos – 50,36% do total de votos.

Já Marciano Perondi, do PL, recebeu 86.474 votos válidos, 49,64% do total de votos.

63.931 pessoas se abstiveram de votar, um total de 25.71% dos eleitores aptos.

5.542 anularam seus votos, 3%.

4.947 votaram em branco, 2.68%.

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Perondi começou a apuração 10 pontos percentuais atrás do oponente. Ao longo da apuração, reduziu a diferença para 1 ponto percentual.

Como se previu, qualquer um poderia ganhar, mas seria por uma diferença apertada, como se fato foi.

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