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Não podemos naturalizar o inaceitável. Por Pedro Hallal 30453y

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Pedro Hallal, ex-reitor da UFPel

A UFPel viveu uma histórica consulta à comunidade para escolha da próxima reitoria. Histórica sob o ponto de vista negativo, porque nunca uma campanha para reitoria foi tão agressiva. Histórica sob o ponto de vista de curiosidade, porque nunca uma consulta teve uma resultado tão apertado. E agora, infelizmente, histórica porque a chapa derrotada não aceita o resultado.

A vitória da UFPel Multi, representada pela Reitora eleita Úrsula Silva, foi por uma diferença de 1.275 votos (5.491 vs. 4.216). Já que o peso dos votos de estudantes, professores e técnicos-istrativos é diferente, a diferença percentual foi de 50,0026% contra 49,9974%. Independente da margem, a consulta teve uma chapa vencedora. Qualquer pessoa tem o direito de gostar ou não gostar do resultado de uma eleição. No entanto, todos têm a obrigação democrática de respeitar o resultado de uma eleição.

Desde que o resultado foi divulgado, no prédio da antiga AABB, uma série de teorias da conspiração têm sido criadas pelos perdedores, todas rebatidas prontamente com as informações reais. E mesmo assim, a chapa perdedora segue sem reconhecer o resultado das urnas. Nem o derrotado da última eleição presidencial demorou tanto para itir sua derrota.

Todo mundo que respeita a democracia numa universidade federal sabe que judicializar uma consulta informal é uma atitude anti-democrática, pelo simples fato de que a consulta, como o nome diz, é apenas informal. Não há qualquer validade jurídica para o resultado de uma consulta informal, e todo mundo sabe disso. Mesmo assim, a chapa perdedora na UFPel judicializou o processo, atacando a democracia na UFPel.

Além disso, a chapa perdedora agora ameaça mais um golpe de morte à democracia na UFPel. Nunca na história uma chapa perdedora da consulta informal se inscreveu para a eleição formal, que acontece no Conselho Universitário. Não podemos naturalizar o inaceitável, visto que uma eventual inscrição dos perdedores no conselho seria uma quebra de um pacto democrático de décadas, que custou muito caro a todos aqueles que lutaram para que ele ocorresse.

O silêncio e a conivência de parte da comunidade acadêmica são inaceitáveis. O clima de confusão é tão grande que alguns professores e técnicos-istativos (felizmente, os estudantes não caíram nessa armadilha) parecem ter perdido a noção do quão grave é judicializar um processo informal e do quão anti-democrático é se inscrever numa eleição do Conselho Universitário tendo perdido a consulta informal. É ainda mais apavorante a falta de seriedade de boa parte da mídia de Pelotas, que até hoje ignora o óbvio: a UFPel já tem uma nova reitora eleita, a Profa. Úrsula Silva.

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Quando venci a consulta informal em 2016, no dia seguinte, fui entrevistado pelo jornal Diário Popular, sobre o que planejava fazer durante o nosso mandato. Nos dias seguintes, ei horas conversando com toda a mídia da cidade sobre a vitória nas eleições e os planos para o futuro da UFPel. Incrivelmente, boa parte da mídia pelotense não está dando a Profa. Úrsula o direito de fazer o mesmo, apesar de ter sido eleita reitora da UFPel há quase um mês.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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