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Cultura e entretenimento 1f3218

A substância, um dos melhores lançamentos do ano. Por Déborah Schmidt 2r5a4u

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Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma estrela de Hollywood em declínio que enfrenta uma reviravolta inesperada ao ser demitida de seu programa fitness na televisão. Desesperada por um novo começo, ela decide experimentar uma misteriosa droga que promete replicar suas células, criando temporariamente uma versão sua mais aprimorada. Ela então gera uma versão mais jovem e perfeita de si mesma, Sue (Margaret Qualley). Porém, as suas duas versões devem coexistir enquanto navegam pelos desafios da fama e da identidade.

Em sua estreia no cinema, a diretora sa Coralie Fargeat chamou bastante atenção com o arrebatador Vingança (2017), um filme que explora o subgênero do terror “rape and revenge”. Com A Substância, ela aposta em outro subgênero, o “body horror”, que recentemente ganhou destaque com Titane, de Julia Ducournau, e ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2021. As duas produções de Fargeat são extremamente competentes ao causar desconforto através do absurdo, uma vez que a diretora e roteirista brinca e subverte o olhar fetichista masculino sobre o corpo feminino, se aproveitando de toda potência do horror corporal para mostrar a autodestruição das mulheres na tentativa de alcançar (ou recuperar) um padrão de beleza com a destruição do próprio corpo.

Com a pergunta “Já sonhou com uma versão melhor de si mesmo?”, o longa coloca Elisabeth e Sue existindo como uma só, precisando respeitar regras específicas e com a troca acontecendo a cada 7 dias. Enquanto a primeira representa a insatisfação e a vulnerabilidade de uma mulher que chegou aos 50 anos de idade e se vê rejeitada pela indústria que outrora a amou, a segunda representa o olhar hipersexualizado que atende aos padrões que são impostos pela sociedade, mas que no caminho desrespeita os próprios limites.

Entregando a melhor atuação de sua carreira, Demi Moore (que continua belíssima aos 60 anos) está perfeita e se entrega de corpo e alma à personagem. Sua performance é avassaladora e cheia de sutilezas, transmitindo a dor e o desespero de sua personagem de forma intensa e comovente. Confirmando sua versatilidade, Margaret Qualley também está ótima ao reviver os dias de glória da protagonista, enquanto que, como o repugnante Harvey, Dennis Quaid exerce total domínio nos trejeitos da figura repulsiva daqueles que estão em posição de poder.

A Substância ousa e vai aos extremos sem limites, com cenas sangrentas e perturbadoras em quase 2h30 de duração. Destaco também a surpreendente fotografia de Benjamin Kracun, de Bela Vingança (2020), repleta de cores vibrantes em um filme de horror, onde normalmente estamos acostumados com clima frio e cores sombrias. Além disso, vemos um primoroso trabalho de efeitos visuais, com próteses e maquiagens impressionantes.

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Um dos melhores lançamentos do ano até agora, A Substância está em cartaz nos cinemas. Premiado com o melhor roteiro no Festival de Cannes, o filme é um horror corporal visceral e uma crítica social sobre a autodestruição e a pressão causada pela sociedade e pela indústria da beleza. Desconfortável, provocativo e imperdível.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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