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A eleição mais triste dos últimos tempos 304870

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Existe eleição. Existe quem se proponha a representar os outros, e existem pessoas que se revelam dispostas a apoiar aqueles, abraçá-los, beijá-los, declarar voto e votar neles; nos consultórios, chamam isso de “transferência”. É um dado da realidade. Mas, sempre que vejo cenas de campanhas eleitorais (com raras exceções), especialmente neste ano, elas me causam enfado, quando não coisa pior, como tem sido em Pelotas. Não só pela superficialidade dos candidatos a prefeito durante os debates. Muitos candidatos a vereadores são vazios, pobres mesmo. Já os apoiadores pagos, umas pessoas tristes, brandindo bandeiras na rua, parecem espectros remotos.

A representação é isso: exige um papel, uma persona. Então, de saída, é uma situação que nasce viciada pelo desejo de ser aceito pela maioria, e de permanecer. Numa democracia, infelizmente, não pode existir o candidato antipático. O eleitor exige esperança, a última que morre, e o candidato a oferece. Questão de mercado, pura e simples. Tem sido, contudo, um produto que não vem mais empolgando. Nesta eleição pelotense, e não só aqui, essa sensação de desinteresse da população é flagrante.

Retire o dinheiro da história, e veríamos as verdadeiras faces da maioria dos candidatos. Frequentemente as faces reais são muito aquém do que se supõe, porque, afora as exceções, a verdade é que a política é a arte de arrumar o que fazer na vida, por falta de habilidades práticas para se ganhar, em nome de si mesmo, a própria vida. Mais ainda nos últimos anos, em decorrência da disparada do desemprego do mundo. Além disso, há em muitos candidatos um evidente desejo indisfarçável de ser amado, irado por alguma qualidade que muitas vezes nem possui, talvez por isso mesmo…

Algumas divulgações de “solidariedade com os pobres”, e os pobres anuindo, são lamentáveis, de revirar o estômago. Por isso, no meu caso pelo menos, tendo a simpatizar com os candidatos que defendem ideias, não com os que “defendem o povo”. Há menos demagogia nos idealistas, e eu gosto dos antipáticos. Mas também não espero muito, porque já vi que não adianta ter grandes esperanças. Quando uma solução vem, chega aqui com 20 anos de atraso, tendo acumulado outros problemas mais sérios pela frente.

É mais ou menos clichê o que digo. Eu só acho incrível que o trem continue e que a cada estação ageiros se mostrem dispostos a subir nele. Há uma miséria inominável nessa viagem.

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