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Rio Grande e Enchentes anteriores – DESTAQUES. Por Fetter jr. 244r2y

No texto de Luiz Henrique Torres publicado em 2012 intitulado “ÁGUAS DE MAIO: A ENCHENTE DE 1941 EM RIO GRANDE”, destaquei alguns registros que me pareceram relevantes e importantes para avaliarmos o que está acontecendo: 37329

  • A cidade é uma expectadora da agem de um contínuo fluxo das águas que serão despejadas no Oceano, águas nem sempre pacíficas mas que são alimentadas pela grande bacia hidrográfica de inúmeros arroios e rios que escoam desde o planalto, depressão central, serra do sudeste e planície litorânea.
  • Os anos de 1940-1941 foram de excesso de chuvas, atuando o El Niño. Os anos seguintes foram de seca, associado ao fenômeno La Niña.
  • No ano de 1941, Rio Grande recebeu um volume de 1.828mm de chuvas muito além de sua média anual de 1.200-1.300mm.
  • No século 20, os três eventos mais fortes do El Niño foram em 1940/1941, 1982/1983 e 1997/1998, que provocaram fortes enchentes e danos materiais no Sul do Brasil.
  • Foi durante o El Niño de 1939/1941 que se produziu a grande enchente de 1941 em Porto Alegre. Nos meses de abril e maio daquele ano o volume pluviométrico superou os 1.000 milímetros em alguns pontos do território gaúcho. Porto Alegre registrou 791 milímetros de chuva acumulados em abril e maio de 1941.
  • Foi um outono muito chuvoso no Rio Grande do Sul. No mês de abril os municípios de Santa Maria, Carazinho, Gravataí, Arroio do Meio, São Sebastião do Caí, Santo Antonio da Patrulha, Novo Hamburgo e São Jerônimo, apresentavam alagamentos. Em várias outras cidades, no mês de maio, os rios romperam o leito e provocaram alagamentos. Foi o caso, no Vale do Rio Pardo, de Venâncio Aires com 1.000 desabrigados e Rio Pardo, com 500. Ou na Lagoa dos Patos, São Lourenço do Sul e Pelotas.
  • Em Porto Alegre, foram 22 dias de chuva durante os meses de abril e maio de 1941, resultando na maior catástrofe climática vivida por esta cidade em toda sua história, apesar do registro de várias outras enchentes desde 1823. O saldo foram 70 mil pessoas (de uma população de 272 mil habitantes) que tiveram de abandonar suas casas, elevados prejuízos financeiros e mais de 600 empresas afetadas, levando meses para retornarem as atividades ou decretando falência. Foi no dia 30 de abril que as águas invadiram o cais do porto e rumaram para o centro da cidade numa marcha contínua. O ápice de altura, foi no dia 8 de maio, quando o vento Minuano fez com que as águas do Guaíba fossem represadas chegando ao recorde histórico de 4,76 metros acima do nível normal. O resultado foi a maior enchente já vivida por Porto Alegre (GUIMARÃES, 2009).
  • Em Rio Grande, entre 10 de abril e 14 de maio, choveu em 24 dias, num total de 397,7mm. Algo diferente estava ocorrendo num solo já encharcado mas que ainda permitia a manutenção das atividades normais. Porém, no dia 4 maio as águas transbordaram e alagaram várias residências e empresas inviabilizando a continuidade das atividades produtivas de vários estabelecimentos. Os prejuízos foram enormes com a destruição de parte dos maquinários, matéria-prima ou produtos ja industrializados, além da destruição de vários trapiches entre a região do Bosque até o Porto Velho.
  • Em Rio Grande o jornal O Tempo ressaltava na capa do dia 11 que a enchente atingia proporção jamais vista (O TEMPO, 11/05/1941). Neste dia 11, um domingo, às 21 horas, as águas atingiram o máximo de altura até então verificada… Na noite de 12 de maio as águas na Barra atingiam 1,38m, no Porto Velho 2,15m e no Porto Novo 1,85m, num volume de descarga no Oceano de 78 milhões de toneladas por hora e velocidade de 3,5 milhas por hora.
  • No dia 17 as águas apresentaram uma acentuada elevação, ocasionando a inundação de mais casas. Na madrugada deste dia as águas atingiram o nível máximo até então alcançado junto à área central. Porém, o ápice ainda estava por vir! No dia 19, sob ação do vento nordeste, às águas atingiram a altura máxima invadindo ainda mais residências, aumentando os flagelados e paralisando grande parte do tráfego de bondes. Até os bondes da linha Silva Paes pararam pois a esquina com as ruas Barroso e Pedro II estava alagada (O TEMPO, 20/05/1941). Porém, para alívio da população, a elevação das águas começaria uma rápida redução nas horas seguintes. No dia 20, o processo desencadeado no dia 4 de maio, entrava em declínio para euforia expressa no jornal: “As águas baixaram”. Esse foi o grato comentário de toda a gente, durante o dia de ontem (…) grande parte da cidade até ante-ontem coberta pelas águas, oferece trânsito a pé enxuto (O TEMPO, 21/05/1941).
  • Na Torotama, onde moravam 1.500 pessoas, uma lâmina de até 1 metro de água permaneceu por 34 dias
  • O professor ANDERSON RIBEIRO localizou estudo realizado em 1942 pelo engenheiro Sylvio Lopes de Couto, no qual consta mapa sobre as áreas inundadas em Rio Grande na Enchente de 1942.

EM SÍNTESE estes precedentes dão um ALERTA para se entender o que está por acontecer na Zona Sul e, em especial, em PELOTAS, agora em maio de 2024, com REFLEXOS DURADOUROS, dada a chegada progressiva das águas de cima na Lagoa e a lentidão do ESCOAMENTO verificada em 1941, além das CHUVAS na própria cidade e região.

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