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Ontem (28), Pelotas amanheceu com a sétima vítima de homicídio de 2024. Um rapaz de cerca de 25 anos, morto a tiros na Sanga Funda. A prefeitura desenvolve há anos o programa Pacto Pelotas pela Paz, louvável iniciativa, buscando enfrentar o problema da violência em várias frentes, educação, assistência social etc.
Há pouco o governo pelotense festejou a redução da “criminalidade violenta”, assim como o governo gaúcho (há outros tipos de criminalidade, mas não foram aferidos). Esqueceram de dizer que a queda de tais indicadores foi nacional. Não foi uma “vitória local” ou “estadual”. Foi um fenômeno no País todo.
O Brasil é essa incógnita. Nossos paradoxos são tão brutais que esfregamos os olhos para ver bem, sem saber como devemos interpretá-los. As fontes do governo não ajudam. Notícias de governo são sempre suspeitas. Têm de ser, pois vivem de vender boas novas, para continuar nos cargos, ascender, fazer viagens internacionais.
A gente vê tais notícias, olha para a realidade e parece que não bate. Pois é isso: Pelotas tem, neste instante, o Janeiro mais violento dos últimos anos. Pode ser ageiro. Pode ser que seja outra guerra momentânea de facções. Infelizmente, governantes não se pronunciam quando as notícias são ruins.
Quando vejo coletivas para anúncios oficiais, eu me sinto assistindo a um daqueles programas de humor americanos que se am em estúdio, em que uma claque do próprio humorístico ri das piadas. As piadas são tão ruins que, sozinhos, não acharíamos graça. Acabamos vendo, um pouco pelo menos, porque “ouvir a claque de apoio rindo das piadas dos atores é que é o engraçado”. Risadas iguais. Gravadas uma vez, aproveitadas para sempre.
Não falam disso nunca: mas uma das explicações para a queda da criminalidade é que a população brasileira está envelhecendo. Há menos crianças e jovens suscetíveis ao crime. Tendo caído por isso, a criminalidade seguiria proporcionalmente alta no novo perfil demográfico. Ou seja, o buraco é mais embaixo do que pinta a propaganda. Em um país campeão de desigualdade como é o nosso, quase sempre o buraco é mais embaixo.
PS: Hoje, 200 crianças estão sem o à escola infantil, por falta de vagas na rede municipal. O Pacto da Paz deveria ver isso. Não combina nada, inclusive, com o “Pelotas, Cidade das Crianças”, outro programa do Município.