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Cultura e entretenimento 1f3218

O assassino, novo filme de David Fincher q6m3g

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Baseado na série de HQs sa escrita por Alexis Nolent (sob o pseudônimo Matz) e ilustrada por Luc Jacamon, O Assassino acompanha o protagonista frio e perfeccionista, forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido por ele durante um de seus serviços.

Segundo filme dirigido por David Fincher como parte de sua parceria com a Netflix (o primeiro foi o arrastado Mank), O Assassino apresenta uma trama bastante simples de um thriller de vingança que aborda a vida de um matador de aluguel que, depois de uma tarefa dar errado, sofre consequências brutais e decide ir atrás dos responsáveis. Cineasta responsável por obras-primas do suspense como Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995), Clube da Luta (1999), Zodíaco (2007) e Garota Exemplar (2014), David Fincher é sempre perfeito ao retratar a obsessão e a mente humana.

Dividido em capítulos muito bem estruturados, a trama perde bastante tempo com a narração em off da consciência do protagonista, arrastando uma narrativa que logo se apressa em colocar o espectador dentro de um ambiente caótico. Um exemplo é a longa sequência inicial, sem falas e somente com a narração, situada em Paris, (das muitas cidades que o filme percorre) e que lembra o visual de Janela Indiscreta (1954), clássico de Alfred Hitchcock. O roteiro de Andrew Kevin Walker, responsável pelo texto de Seven, fica muito abaixo da expectativa, desenvolvendo a história sem percalços e sem explorar a complexidade de seu personagem principal.

O protagonista é guiado pelo coração, literalmente. De tempos em tempos, o magnético personagem de Michael Fassbender checa seus batimentos cardíacos para tomar decisões como se fosse uma máquina. Um homem sem nome, mas com muitas identidades, que é o narrador de sua própria história, se comunicando com o espectador com mais frequência do que conversa com os demais personagens. Assim, ele nos apresenta sua filosofia e os valores por trás da sua rotina sistemática. Fassbender quase não fala em cena, o que exige muito do ator. Inteligente e focado, sua performance é capaz de prender a nossa atenção, em mais uma das grandes atuações de sua carreira. O elenco ainda conta com a presença da sempre magnífica Tilda Swinton, mas que como os outros coadjuvantes, possui pouco tempo de tela.

Como todo filme de David Fincher, o visual é impecável, com a fotografia de Eric Messerschmidt, que trabalhou com o diretor na fantástica série Mindhunter, criando uma atmosfera sombria de tensão constante. A edição é de Kirk Baxter, parceiro de Fincher desde O Curioso Caso de Benjamin Button, e vencedor de 2 Oscars, por Millenium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres e A Rede Social. O longa é impulsionado pela trilha sonora dos brilhantes músicos e compositores Trent Reznor e Atticus Ross, que am a trilha de outros filmes do cineasta, como Millenium A Rede Social. Aqui, as canções da banda The Smiths embalam boa parte da história, em uma melancolia compatível com o protagonista.

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O Assassino deixa a desejar se compararmos com a filmografia de seu extraordinário diretor. Ainda assim, um filme de David Fincher é sempre uma boa pedida.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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