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Cultura e entretenimento 1f3218

A incrível história de Henry Sugar e outras histórias. Por Déborah Schmidt 131q66

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Em 2021, a Netflix comprou os direitos das obras de Roald Dahl, clássico autor infantil de obras como Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate. Quatro adaptações foram lançadas recentemente em formato de curta-metragem, todos dirigidos por Wes Anderson, que adaptou outra obra de Dahl em 2009, O Fantástico Sr. Raposo

O principal deles, e o “maior” dos curtas, com cerca de 40 minutos, é A Incrível História de Henry Sugar, que conta a história de Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um homem rico que descobre o livro de um guru (Ben Kingsley) capaz de enxergar sem usar os olhos. A partir disso, o protagonista fica determinado a desvendar os segredos de tal técnica para ganhar vantagem em jogos de apostas. O elenco ainda conta com Ralph Fiennes, interpretando o próprio Roald Dahl, Dev Patel e Richard Ayoade.  

Em O Cisne, dois valentões estúpidos perseguem um menino estudioso e brilhante. A trama é baseada em uma notícia de jornal que Roald Dahl guardou por muito tempo e que contém os fatos do conto que se a na Inglaterra. Narrado por Rupert Friend, vemos uma história que explora o bullying na figura de Peter Watson, um garoto inteligente e irador de pássaros, porém, sem força física para lutar contra seus algozes.  

O Caçador de Ratos mostra uma aldeia inglesa onde um repórter e um mecânico ouvem um caçador de ratos explicar o seu plano inteligente para enganar a sua presa. Enquanto os observadores são vividos por Richard Ayoade e Rupert Friend, o caçador é vivido por Ralph Fiennes (no único dos curtas em que não interpreta Roald Dahl), perfeito nos trejeitos e na expressão física de um roedor.  

Um dos meus favoritos é Veneno, onde um homem encontra uma cobra venenosa dormindo em sua cama. Em uma narrativa tensa e que corre contra o tempo, vemos atuações brilhantes de Benedict Cumberbatch, Dev Patel e Ben Kingsley. Aqui, Anderson traduz Dahl de forma criativa e autêntica, ao observar o comportamento humano e as dinâmicas de relacionamento.

Já mencionei diversas vezes que Wes Anderson é um dos meus diretores preferidos na atualidade, e a extrema fidelidade ao texto de Dahl combinou perfeitamente com a estética e o estilo do diretor. Narrado totalmente em terceira pessoa, os curtas remetem a uma apresentação teatral, que vão desde atores que interpretam mais de um personagem ou o cenário alterado por terceiros. Aliás, Anderson já havia feito uma carta de amor ao teatro em seu mais recente longa, o ótimo Asteroid City.  

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Com A Incrível História de Henry SugarO CisneO Caçador de Ratos e Veneno, Wes Anderson traduz com perfeição, e sempre fiel ao seu estilo, às obras de Roald Dahl. Disponíveis na Netflix, são um verdadeiro deleite cinematográfico. Imperdíveis!  

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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