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Cultura e entretenimento 1f3218

Barbie é feminista e é inteligente. Por Déborah Schmidt y2s4j

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Parte do maior evento cinematográfico do ano (sim, o Barbenheimer), o live-action da boneca mais famosa do mundo, criada por Ruth Handler em 1959, Barbie cativa ao misturar nostalgia e humor, em uma história que a atualiza e a humaniza e, principalmente, que diverte e emociona.Barbie (Margot Robbie) vive na Barbielândia, um mundo mágico onde diferentes Barbies assumem posições de poder, enquanto os Kens simplesmente existem.

A protagonista começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência. Orientada pela Barbie Estranha (Kate McKinnon), ela decide fazer uma jornada ao Mundo Real, em uma viagem na companhia do namorado Ken (Ryan Gosling). Porém, ambos terão visões completamente diferentes sobre o que o Mundo Real representa. Além disso, a história envolve os chefões da empresa Mattel (liderados por Will Ferrell) e sua secretária executiva, Gloria (America Ferrera), que, por sua vez, tem uma rebelde filha adolescente, Sasha (Ariana Greenblatt).

Conhecida por acrescentar um olhar feminino e moderno em suas produções, a direção é da talentosa Greta Gerwig, de Lady Bird (2017) e Adoráveis Mulheres (2019), com o roteiro dela junto com o parceiro Noah Baumbach. Ambos já trabalharam juntos em s Ha (2012) e Mistress America (2015), protagonizados por Gerwig.

Como uma aventura de amadurecimento que coloca ingenuidade e perfeição em lados opostos, o longa ainda adiciona a indigesta questão do sexismo presente na nossa atualidade. Além de uma mensagem forte para mulheres, o filme também traz espaço para que os homens reflitam sobre as consequências da masculinidade tóxica na sociedade.

O texto afiado culmina em um monólogo devastador, daqueles que dá vontade de levantar e aplaudir de pé.Com carisma de sobra, Margot Robbie cria uma Barbie Estereotipada perfeita, entregando doçura e sinceridade e retratando com sensibilidade o despertar de sua personagem. Ao seu lado, Ryan Gosling rouba a cena como o Ken protagonista.

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Engraçado e dramático na medida certa, são dele os melhores momentos do filme, incluindo um número musical que explora as frustrações de Ken. Como a humana que possui uma conexão especial com a Barbie, America Ferreira interpreta uma das personagens mais fundamentais da narrativa, além do discurso poderoso que define o filme.

No excelente time de coadjuvantes vemos ainda Kate McKinnon, Issa Rae, Rhea Perlman, Michael Cera, Will Ferrel, Simu Liu, Ncuti Gatwa, Kingsley Ben-Adir e a narração de Helen Mirren.Além da direção impecável, Greta Gerwig nos presenteia com um mundo visualmente perfeito e exagerado, seja na direção de arte, fotografia e também nos figurinos.

Em uma trama que fala sobre escolhas e mudanças, que discute relações políticas e sociais, patriarcado e feminismo, a verdade é que embarcamos em uma jornada emocionante de autodescoberta. Para os cinéfilos, vale ficar atento às inúmeras referências, de filmes como O Mágico de Oz2001: Uma Odisseia no EspaçoMatrix e Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, musicais como GreaseCantando na Chuva e Os Embalos de Sábado À Noite e na arquitetura dos filmes de Jacques Tati.

Um espetáculo à parte, a trilha sonora de Mark Ronson e Andrew Wyatt, vencedores do Oscar de Melhor Canção Original por “Shallow”, em 2019, é dançante e irresistível.

Em Barbie The Album, temos um repertório de músicas que reúne artistas como Dua Lipa, Tame Impala, HAIM, Charli XCX, Lizzo, Sam Smith e Khalid, além de uma versão atualizada do hit do Aqua, “Barbie Girl”, com Nicki Minaj e Ice Spice, que ganhou o título “Barbie World”. A minha favorita, entretanto, é a canção que finaliza o filme, “What Was I Made For?”, da cantora Billie Eilish. Uma das faixas de destaque do álbum é “I’m Just Ken”, interpretada pelo próprio Ryan Gosling e que conta com as participações de Slash, o lendário guitarrista do Guns N’ Roses, e também de Wolfgang Van Halen e do baterista Josh Freese, atualmente do Foo Fighters.

Barbie é sim um filme feminista. Mas não é só isso: é engraçado, inteligente, criativo, emocionante e debochado. Com atuações espetaculares, um visual colorido e de encher os olhos e com Greta Gerwig em seu auge, é um filme necessário. E imperdível.

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Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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