Connect with us

Brasil e mundo 3m3y11

O que penso sobre a nossa situação atual. Por Augusto de Franco 2o696a

Publicado

on

O que restou ao PT para conseguir manter a popularidade do governo? Restaram ainda grandes meios de comunicação simpáticos, dois nstitutos de pesquisa de opinião e uma turma de intelectuais que criam narrativas (como a de que o PT e Lula são social-democratas ou de que a democracia no Brasil corre risco se o governo Lula não der certo). Mas esse pessoal tem limites: não vai avalizar versões lulopetistas delirantes (por exemplo, de que a Venezuela é uma democracia ou de que a Ucrânia é tão culpada pela guerra quanto Putin).

Então como Lula e o PT vão conseguir governabilidade? Bem… a única saída que restou foi tentar manietar o parlamento a partir da intervenção política de um judiciário controlado. Mas isso significaria autocratizar o regime.

Podemos dizer que essa é uma situação muito difícil para o PT? Sim, como o PT acha que não há para onde recuar, a ele só restará avançar nesse caminho insano – tipo “dobrar a aposta seguindo às cegas” – que, ao fim e ao cabo, levará à autocratização do regime. Provavelmente, porém, isso tem poucas chances de se consumar.

Qual é então o problema de fundo do PT?Nada disso seria problema se o PT itisse o princípio democrático da aceitabilidade da derrota. Mas tudo isso vira uma maldição quando o PT adota como imperativo não sair do governo (em 2026 e além).

Eis-nos então diante de uma das regras não-escritas da democracia, sem a qual ela não pode perdurar (na verdade, nem funcionar direito): aquela que Felipe González chamou certa vez de “aceitabilidade da derrota”.

Nas democracias plenas (ou liberais, ou não populistas – tudo isso, em termos práticos, é agora a mesma coisa) a rotatividade ou alternância faz parte do metabolismo normal do regime. As eleições periódicas são um meio de estabilizar o regime democrático, contemplando as diversas forças em interação, dissolvendo as tensões que – uma vez acumuladas – ameaçariam o modo propriamente democrático de regulação de conflitos. A aceitabilidade da derrota impede (ou dificulta) que a política seja praticada como uma continuação da guerra por outros meios.

Publicidade

Ao contrário, nas democracias parasitadas por populismos, as eleições são um meio de (ou um instrumento para) chegar ao governo, nele delongando-se por tempo suficiente para tomar o poder ou alcançar o controle da sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido hegemônico (e hegemonista). Neste caso, a rotatividade não é desejável, pois atrapalha a consecução dessa estratégia. Uma derrota eleitoral é encarada então como uma tragédia. Logo, é necessário fazer tudo para que ela não aconteça e é por isso que nenhum partido populista sai facilmente do poder apenas pelo voto. A não aceitabilidade da derrota transforma a política em uma continuação da guerra por outros meios.

Vamos ver dois exemplos, das duas (únicas) democracias liberais da América do Sul:

O caso do Chile. Aylwin é substituído por Frei, que é substituído por Lagos, que é substituído por Bachelet, que é substituída por Piñera, que é substituído novamente por Bachelet, que é substituída novamente por Piñera, que é substituído por Boric. E o mundo não acabou.

O caso do Uruguai. Sanguinetti é substituído por Lacalle, que é substituído por Sanguinetti novamente, que é substituído por Batlle, que é substituído por Vázquez, que é substituído por Mujica, que é substituído novamente por Vazquez, que é substituído por Lacalle Pou. E o mundo não acabou.

Para o PT, entretanto, pelos motivos expostos acima, perder uma eleição é sempre o fim do mundo. Significa ter de interromper a implementação de sua estatégia, que depende, em grande parte, de se manter na chefia do governo e do Estado por tempo suficiente para conquistar hegemonia em todo lugar onde isso for possível. Essa estratégia sempre foi de longo prazo na medida em que o PT não tinha força suficiente para se apossar das instituições decisivas de modo fulminante após uma vitória eleitoral.

No entanto, depois do impeachment de Dilma, dos reveses eleitorais de 2016, 2018 e 2020 e da prisão de Lula, houve uma mudança de ritmo. Com a volta do grande líder ao jogo político ocorreu uma centralização, na sua pessoa, dos processos de decisão interna do partido. Isso aconteceu na história com vários condutores de rebanhos cujas personalidades aram a ser cultuadas, com horríveis consequências.

O problema dessa aposta num líder salvador, em alguém que, pela sua alta gravitatem, vai fazer uma ligação direta com as massas byando as mediações institucionais para dar um curto-circuito na política das elites e inaugurar um novo mundo, é que todos os líderes são mortais. Quando eles desaparecem, quebra-se o encanto. Então, quando esses líderes vão envelhecendo e seus propósitos últimos estão longe de ser concretizados, há uma aceleração brutal da corrida pelo poder a qualquer custo (aproveitando-se cada minuto, enquanto eles estão vivos).

Publicidade

No caso do PT, a organização hegemonista sabe que, sem ele, Lula, fundido que foi à entidade coletiva, será praticamente impossível prosseguir (a menos que se convertesse à democracia liberal – o que não vai fazer porque não é da sua “natureza”: o escorpião não vira sapo). É por isso que Lula e o PT avançam mais do que permitiriam as condições objetivas dadas. A correlação de forças configurada hoje na sociedade brasileira não autoriza o que o líder, os dirigentes e os militantes partidários estão fazendo. Se ainda não há uma oposição democrática pujante, há uma resistência social imensa ao partido, uma situação altamente desfavorável no parlamento e a maior parte do empresariado que conta de fato não apoia o partido (pior do que isso, não gosta muito dele).

Mas Lula, o PT e a militância se comportam como se tivessem vencido a eleição com 80% dos votos e estivéssemos numa situação pré-revolucionária. Só para dar alguns exemplos, eles transigem com Putin e odeiam o “nazista” Zelensky, acham que o agressor responsável pela guerra da Ucrânia é a Otan a serviço do imperalismo norte-americano e do neocolonialismo europeu, desprezam as democracias liberais (que alguns ainda chamam de “burguesas”) afastando-se das nações mais civilizadas do mundo, investem na coalizão de mega-autocracias do planeta chamada BRICS e defendem abertamente as ditaduras de Cuba, da Venezuela e da Nicarágua.

Com todas essas evidências as forças políticas democráticas da sociedade brasileira vão acabar concluindo que o PT já não pode ser considerado um player válido da democracia e que seu líder, na verdade, está longe, muito longe, de ser um democrata.

E vão fazer isso logo que descobrirem que a alegação de que o PT é democrático porque governou o país por mais de uma década e não deu golpe de Estado, é uma empulhação. Golpe de Estado nunca foi a estratégia do PT e sim hegemonizar a sociedade.

Sim, felizmente o regime político vigente no Brasil continua sendo uma democracia, mas o PT e Lula não se converteram à democracia.

Do Twitter de Augusto de Franco

Publicidade
Publicidade
Clique para comentar

Cancelar resposta 3f472d

Brasil e mundo 3m3y11

CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo 1c4t3d

Publicado

on

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição no Brasil para presidente, governadores e prefeitos foi aprovada, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A PEC 12/2002 ainda aumenta os mandatos do Executivo, dos deputados e dos vereadores para cinco anos. Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado.

A PEC previa o aumento do mandato dos senadores de oito para dez anos, mas a CCJ decidiu reduzir o tempo para cinco anos, igual período dos demais cargos. A proposta ainda unifica as eleições no Brasil para que todos os cargos sejam disputados de uma única vez, a partir de 2034, acabando com eleições a cada dois anos, como ocorre hoje.

A proposta prevê um período de transição para o fim da reeleição. Em 2026, as regras continuam as mesmas de hoje. Em 2028, os prefeitos candidatos poderão se reeleger pela última vez e os vencedores terão mandato estendido de seis anos. Isso para que todos os cargos coincidam na eleição de 2034.

Em 2030, será a última eleição com possibilidade de reeleição para os governadores eleitos em 2026. Em 2034, não será mais permitida qualquer reeleição e os mandatos arão a ser de cinco anos.  

Após críticas, o relator Marcelo Castro (MDB-PI) acatou a mudança sugerida para reduzir o mandato dos senadores.

“A única coisa que mudou no meu relatório foi em relação ao mandato de senadores que estava com dez anos. Eu estava seguindo um padrão internacional, já que o mandato de senador sempre é mais extenso do que o mandato de deputado. Mas senti que a CCJ estava formando maioria para mandatos de cinco anos, então me rendi a isso”, explicou o parlamentar.

Com isso, os senadores eleitos em 2030 terão mandato de nove anos para que, a partir de 2039, todos sejam eleitos para mandatos de cinco anos. A mudança também obriga os eleitores a elegerem os três senadores por estado de uma única vez. Atualmente, se elegem dois senadores em uma eleição e um senador no pleito seguinte.

Os parlamentares argumentaram que a reeleição não tem feito bem ao Brasil, assim como votações a cada dois anos. Nenhum senador se manifestou contra o fim da reeleição.

Publicidade

O relator Marcelo Castro argumentou que o prefeito, governador ou presidente no cargo tem mais condições de concorrer, o que desequilibraria a disputa.

A possibilidade de reeleição foi incluída no país no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, mudança que permitiu a reeleição do político em 1998.

“Foi um malefício à istração pública do Brasil a introdução da reeleição, completamente contrária a toda a nossa tradição republicana. Acho que está mais do que na hora de colocarmos fim a esse mal”, argumentou Castro.

Continue Reading

Brasil e mundo 3m3y11

Um homem coerente 5f5k47

Publicado

on

Eis um homem que irei pela absoluta coerência entre o que pensava e o modo como viveu. Um homem de esquerda que me fazia parar para ouvi-lo, porque o que dizia tinha solidez e fazia pensar.

Não precisava concordar com ele para irá-lo. E sim: um homem de esquerda que nunca roubou. Foi uma pessoa rara. Eu diria, única.

Vivia num sítio, dele de fato, com o essencial. Na companhia da mulher e de cachorros. Só tinha um defeito: andava em má companhia internacional. Talvez por um motivo humano. Para se sentir menos sozinho do que era. Menos prisioneiro de suas convicções.

Continue Reading

Em alta 43506z

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas 164y3d

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading