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Cultura e entretenimento 1f3218

O ENFERMEIRO DA NOITE. Por Déborah Schmidt 405b66

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Baseado em uma história real e adaptado da obra de Charles Graeber, O Enfermeiro da Noite conta a história de Charles Cullen (Eddie Redmayne), um enfermeiro condenado à prisão perpétua por matar seus pacientes. 

A tradução do título original “The Good Nurse” para “O Enfermeiro da Noite” não poderia ser mais equivocada. Afinal, o foco do longa baseado no livro jornalístico “O Enfermeiro da Noite: Uma História Real de Medicina, Loucura e Assassinato” não é nos crimes de Cullen, e sim na enfermeira Amy Loughren (Jessica Chastain), que conviveu ao lado do serial killer que silenciosamente matava seus pacientes com overdoses de insulina. Indo de um hospital para outro sempre em circunstâncias suspeitas, ele conseguiu perpetuar seus crimes por 16 anos. A partir do ponto de vista da boa enfermeira, vemos a dualidade de Charlie, um homem aparentemente correto e generoso, que a ajudou em seus piores momentos, mas que quase diariamente matava seus pacientes durante o turno noturno no hospital em que trabalhavam. 

Dirigido pelo dinamarquês Tobias Lindholm, parceiro do cineasta Thomas Vinterberg nos roteiros dos magníficos A Caça e Druk – Mais uma Rodada, o filme conta com o roteiro assinado por Krysty Wilson-Cairns, indicada ao Oscar por 1917. Encorajadora, a trama acompanha uma mulher comum que, em meio aos seus conflitos e dilemas de mãe solo trabalhadora, foi capaz de encerrar um ciclo de violência que nem a gestão de alguns dos maiores hospitais do país conseguiu.

O filme opta por se distanciar da figura de Cullen, não apresentando seu histórico e pouco detalhando sua vida, e resolve adotar a perspectiva de Amy, que se aliou aos investigadores Danny Baldwin (Nnamdi Asomugha) e Tim Braun (Noah Emmerich) e ajudou a polícia a finalmente capturá-lo. Há, ainda, uma crítica ao sistema de saúde norte-americano com Linda Garran (Kim Dickens), uma ex-enfermeira que é a gerente de riscos do hospital, em um arco narrativo promissor, mas que acaba decepcionando.  

Protagonizado por uma talentosa dupla de vencedores do Oscar, Eddie Redmayne impressiona com uma poderosa performance que consegue fazer do “Anjo da Morte” um personagem que mistura simpatia e medo, através de uma fala mansa e tímida que escondia o monstro que matou pacientes indefesos. Ao seu lado, Jessica Chastain carrega o filme em mais uma excelente atuação, estampando todo o estado emocional de sua personagem e ganhando a empatia do espectador com sua humanidade e coragem. 

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Disponível na Netflix, que aproveita o sucesso do gênero True Crime, O Enfermeiro da Noite transforma a trajetória do serial killer mais letal dos EUA em uma história inspiradora.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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