Amigos de Pelotas

UFPel: Uma aula aberta sobre política 4dh25

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Devido ao mau tempo, a Reitoria da Universidade Federal de Pelotas cancelou um protesto contra o governo, que havia planejado para esta terça (11), no Largo do Mercado, mesmo dia de um ato de campanha eleitoral de Bolsonaro em Pelotas.

Para disfarçar o ato político em época eleitoral, chamaram-no de Aula Aberta. As atividades regulares seriam suspensas (aulas canceladas) para, indo à rua, “mostrar à comunidade os benefícios sociais das universidades e reclamar de bloqueios orçamentários na educação”. Era um pretexto para se contrapor com uma multidão à multidão que receberia Bolsonaro no Centro de Eventos.

Pegou mal, inclusive porque bloqueio não é corte e sim suspensão temporária de parte da verba, para analisar se é possível cortar ou não. E porque, após a proposital confusão semântica disseminada pela oposição, o bloqueio foi suspenso, anulando o mote oficial do protesto. Pior: como se descobriu, o evento foi acertado em áudios de terceiros à Reitoria. Conversas de WhatsApp de acadêmicos filiados ao PT em combinação com lideranças sindicais e líderes de partidos políticos do campo “progressista”, metáfora da esquerda para si mesma.

Essa ideia (de que progresso só é viável num governo de esquerda), não científica e sectária, é uma das razões da crescente antipatia pela mistura de política partidária e educação que, há décadas, domina a vida nas Universidades Públicas no Brasil. Por coisas assim, abstraindo os defeitos, muita gente simpatiza com Bolsonaro, vendo nele um primeiro estágio, naturalmente bruto, de uma necessária ruptura com um tipo de mentalidade que sufoca o pensamento livre e plural, muitas vezes em benefício da própria (e burguesa) carreira do “progressista” nas instituições.

Tentando manter a fachada, a Reitoria transferiu a Aula Aberta para quando não houver chuva. Descobriram tardiamente que choveria nesta terça, coincidentemente um dia após a Promotoria de Justiça dar 24 horas para a reitora explicar o evento. Ironia das ironias. Uma instituição científica, mesmo dotada do serviço de previsão meteorológica, foi incapaz de se antecipar às precipitações. Não foi de todo mal. Foi uma aula aberta sobre bastidores da política e poder.

Abaixo, pedido de explicações do promotor Márcio Gomes à reitora da UFPel, Isabela Andrade, um dia antes desta anunciar o cancelamento do protesto programado para esta terça.

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