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Cultura e entretenimento 1f3218

A MULHER REI. (Por Déborah Schmidt) 4va1m

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Baseado na história real das guerreiras Agojie, A Mulher Rei mostra o grupo de mulheres do antigo reino de Daomé, na África Ocidental. Durante os séculos XVIII e XIX, o grupo militar era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram os colonizadores ses, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. 

Dirigido por Gina Prince-Bythewood, o filmeé acompanhado pela perspectiva de Nanisca (Viola Davis), a general e líder das Agojie, mas também por Nawi (Thuso Mbedu), uma jovem do reino que é oferecida pelo seu pai ao rei Ghezo (John Boyega) para trabalhar no palácio, onde se torna uma recruta das Agojie graças à guerreira Izogie (Lashana Lynch).

Enquanto aprendemos sobre as Agojie e o reino de Daomé, o roteiro de Dana Stevens explora mulheres negras fortes e suas dinâmicas, além de sequências de luta intensas, mostrando toda força e coragem do exército feminino liderado por Nanisca. Com grande destaque para rotina e para as batalhas, a trama também discute temas essenciais até hoje, como a influência do patriarcado em uma sociedade que ignora a presença feminina. A narrativa perde o interesse quando se distancia das Agojie para contar outras histórias, como a entrada dos personagens Malik (Jordan Bolger) e Santo Ferreira (Hero Fiennes Tiffin). Ainda que o contraponto de mostrar a visão do colonizador branco sobre aquelas terras seja relevante, o resultado final soa como clichê. 

Viola Davis, a estrela da hora

Grande estrela da produção, Viola Davis mostra, como sempre, porque é uma das maiores atrizes da atualidade. Em uma performance física e psicologicamente exigente, Viola Davis é brilhante no papel da líder Nanisca. Uma atuação potente e emotiva que a coloca como uma das favoritas ao Oscar. Como as duas guerreiras de maior confiança do reino, Sheila Atim vive Amenza, dona de uma personalidade mais contida, e a incrível Lashana Lynch é Izogie, a responsável pelo treinamento das recrutas que cria uma relação importante com Nawi, que, por sua vez, é interpretada pela jovem Thuso Mbedu, que se destacou na ótima série da Amazon The Underground Railroad: Os Caminhos para a Liberdade, criada e dirigida por Barry Jenkins. A atriz desempenha com maestria uma personagem que alterna coragem com melancolia, além de assumir o protagonismo em diversos momentos. 

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A belíssima fotografia de Polly Morgan mostra toda a riqueza estética que o filme carrega, como visto nos figurinos, maquiagem e penteados das personagens. A produção é, sem dúvidas, visualmente impactante, mostrando toda a imponência de suas guerreiras. 

Grandioso, A Mulher Rei é muito mais que um épico de ação. Envolve representatividade, visibilidade e um elenco feminino impecável.  

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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