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Ontem foi um dia engraçado. Uma entrevistadora do IBGE me visitou. Perguntou se eu era casado.
– Sim.
– Qual o nome da pessoa?
– Ana.
– E qual o gênero dela?
– Como assim?
– É que hoje em dia o IBGE…
– Por ora, é mulher mesmo.
***
Mais tarde, numa confeitaria, o atendente hiper atencioso do começo ao fim, na despedida me falou, piscando o olho, cúmplice:
– Quando quiser comer um doce especial, é só aparecer.
Como vivo aparecendo para comer doces especiais, e tinha justamente acabado de comer um há cinco minutos, estranhei um pouco o convite. Curioso, perguntei qual seria o doce especial de que ele falava.
– Chama-se Bocada…
– Hummmm.
Por um instante, talvez tocado pela lembrança da moça do IBGE, pensei que fosse uma cantada. Na verdade o rapaz, agora apontando o novo doce no balcão, só estava querendo me apresentar a mais recente iguaria.
***
Para completar, caminhando de volta para casa, um dos meus sapatos começou a fazer barulho. Rangeu, depois fez clap, clap. A língua do calçado havia se soltado. O endereço seguinte foi o sapateiro. Em um mundo em franca mudança de costumes, é preciso um mínimo de segurança na ada.