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– Oi, amor. Peraí… quase não te escuto. Alô? Fernando?
– Oi… Tudo bem? Onde você anda?
– Oi, vim para a rua pra conseguir falar com você. … Amor?
– Estou te ouvindo… Como assim, “vim pra rua para falar com você”? Onde você está?
– Saí com a Margareth. Viemos conhecer um pub novo, o tal de Black Rooster. É ótimo! Quero trazer você aqui.
– Sério? Eu chego morto em casa e você na balada?
– Fernando, não comece. Ninguém está na balada. Também trabalhei o dia inteiro. A Margareth me convidou e estamos colocando a conversa em dia.
– E bebendo um pouco, certo?
– Ai meu Deus, dois chopes! Quer fazer o favor?
– Claro, de dois em dois…
– Fernando, pelo amor de Deus. Olha… faz assim, vem pra cá!
– Negativo! Não vou a lugar nenhum. Alô! Alô?
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– Você desligou o telefone? O que está acontecendo?
– Não desliguei nada! Você nunca viu uma ligação cair? Pois é, caiu! Olha, quer vir pra cá, venha, não quer, não venha. Vou voltar pra mesa; deixei a coitada da Margareth sozinha.
– Sozinha? Sei como é: dois chopes, mais dois chopes…
– Fernando, um beijo. Depois a gente conversa.
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– Oi? A Margareth não morreu sozinha, né? Alô? …
– Fernando! O que foi agora? … Onde estou? Vim parar no banheiro; não ia sair pra rua de novo, não é?
– Com quem vocês estão?
– Estamos sozinhas! Quer dizer, sozinhas não! Eu, a Margareth e duzentos e dois chopes, pedidos em duplas! Ah! E tem também duzentos e dois homens ao redor! Pronto! Satisfeito? Era isso?
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– Alô! Sim, estou te ouvindo, Fernando Ernesto. Não, não saí do banheiro. Não saí, porque achei que você ia ter a sensatez de me ligar e pedir desculpas.
– Deixa eu entender… desculpas pelo quê?
– O que você queria mesmo?
– Saber que história é essa de homens na mesa de vocês.
– Puta que o pariu! Vou voltar pra mesa e desligar o telefone. Olha, vai dormir. Você está cansado do trabalho e eu quase cansada da vida.
– Alô? Alô? … Merda.
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Quando Bea colocou a chave na porta, Fernando correu para o quarto e, deitado, fingiu que dormia – ela, que acreditava.
Página de Vitor Bertini – AQUI.