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Opinião 4d6u6w

O poder local. Por Montserrat Martins 1l4ts

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Nas últimas semanas 30 pessoas foram assassinadas na guerra de gangues em Porto Alegre. Agora, um plano das autoridades de segurança gaúchas inclui transferências prisionais para isolamento de líderes, para tentar diminuir o conflito.

Trabalhando na função de Psiquiatra Forense há décadas, fiz avaliações de centenas de jovens e adultos em conflito com a lei. Eles são bem claros em relatar que seus maiores desafetos não são os policiais e sim as gangues rivais, que disputam o controle dos mesmos territórios com eles.

Os moradores das periferias urbanas são reféns desses grupos armados e por isso tanta gente reivindica “mais segurança”, que inclui mais policiamento. Essa demanda é visível há décadas, os dois filmes Tropa de Elite bateram recordes de bilheteria por causa disso. Essa demanda mudou a política também, foi decisiva nas eleições de 2018 e segue viva em 2022, embora a oposição até hoje não pareça ter entendido essa demanda.

Evidente que só repressão policial não resolve a violência, mas só programas sociais também não, tanto que o propalado “tirar milhões da linha da miséria”, dos governos anteriores, não diminuiu o número de homicídios, que seguiam aumentando até ultraar a 50 mil homicídios por ano.

O que a população sabe – mas a oposição não quer ver – é que a repressão policial é importante para dissuadir os “amadores” do crime, jovens influenciáveis que são periféricos nas gangues e ainda não se profissionalizaram no crime. Evidente que uma polícia violenta comete abusos e injustiças, que também causam revolta, mas a revolta mais frequente, cotidiana, é a causada pelas gangues das quais as pessoas são refém. Foi assim que parcelas crescentes da população se tornaram adeptas de uma ideologia policialesca, pois estão cansadas de serem achacadas pela “chinelagem”, incluindo jovens que roubam para usar drogas.

Hoje temos um governo populista que acena com esmolas  – asem medidas de redistribuição de renda –  e uma oposição que quer voltar ao poder sem compreender o impacto da violência nas periferias, acreditando que o inimigo da população é a polícia.

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A polícia está tão pouco presente nas periferias quanto as escolas ou postos de saúde, não é por causa dela que crescem os crimes, é pela ausência do Estado como um todo. Só mais polícia não resolve, como só medidas sociais também não. A guerra pelo voto traz esse prejuízo, cada grupo político promove só uma metade da equação, metade essa que não tem como funcionar sozinha.

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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