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Mais antigas que o Velho Testamento, as fake news, agora, apenas aumentaram de escala. Dr. House, o médico do seriado, cristalizou num meme a provocação: “Todo mundo mente”. O personagem se baseia em um fato: pacientes mentem até para seus médicos.
Acadêmicos estudam o alastramento da mentira. Poderiam estudar por que ela coloniza nossos cérebros. Antídoto para decepção? Modo de sobrevivência? A mentira protege?
Políticos, vendedores em geral, principalmente de salsichas, carros usados e notícias, padres que gostam de meninos, representantes de remédios, todos mentem. “Todos sabemos a mesma verdade. A vida consiste em como decidimos distorcê-la”, diz Woody Allen, só para complicar as coisas. Já que a imprensa foi citada…
Por anos e anos noticiaram o Monstro do Lago Ness, um animal identificado em uma foto dos anos 30 com o longo pescoço acima da linha d’água. Vararam décadas nessa lorota até vir à tona que era uma montagem, uma armação. Para quem vê tédio em um lago, a história até que não cai mal.
Outro dia eu observava banhistas no Laranjal. Quem entra naquela água dois dias depois de o governo informar que o índice de coliformes fecais estava aceitável para banho naquele trecho da praia, ao contrário do que dizia o exame laboratorial da semana anterior, é uma pessoa que mente para si mesma, especialmente se estiver ventando. O fato é que submergem, emergem, sorriem. E depois tudo de novo. Somos assim: renegamos a realidade?
Como tudo tem um lado bom, se o fluxo de mentiras aumentou em volume, um engano já não dura como antes. A não ser que a pessoa, como parece ser o hábito, goste de se enganar. Talvez precise.