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Em Mães Paralelas acompanhamos as histórias de Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), duas mulheres solteiras que dão à luz no mesmo dia e no mesmo hospital. As duas formam um forte vínculo que transforma suas vidas.
Enquanto Janis, de meia-idade, tem uma carreira estável como fotógrafa, Ana é uma adolescente em conflito com sua mãe e que encontra em Janis um porto seguro. A relação entre as duas mostra que, independente da idade, a maternidade é uma jornada solitária e cheia de reviravoltas.
Primeiro filme do diretor Pedro Almodóvar em parceria com a Netflix, o filme ainda acompanha os esforços de Janis para abrir um fosso e conseguir a exumação de cadáveres de anteados de sua família e da vila onde nasceu, vítimas de assassinatos políticos no final da década de 1930 durante o golpe militar de Franco, que devastou a Espanha durante seu governo ditatorial.
Um dos meus favoritos, o espanhol é um dos diretores que melhor traduzem a alma feminina. Sua filmografia é cheia de mulheres que nos emocionam e nos inspiram com sua força. Mesmo com os sentimentos contraditórios em relação à maternidade, Janis e Ana se tornam grandes amigas e, com o ar do tempo, confidentes em relação aos seus conflitos pessoais. É extraordinária a maneira que o diretor e roteirista escolheu para misturar assuntos complexos em uma mesma narrativa e torná-los igualmente emocionantes.
Além da habilidade de Almodóvar em conduzir suas histórias, o filme é tecnicamente sublime. A belíssima direção de arte, aliada à cinematografia sempre impecável de José Luis Alcaine, que trabalha como diretor de fotografia de Almodóvar desde Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, destaca o verde e o vermelho dos ambientes. Merecidamente indicados ao Oscar, as duas indicações do filme foram para a trilha sonora de Alberto Iglesias e a intensa atuação de Penélope Cruz, que volta a ser indicada por um filme de Almodóvar após Volver. Aliás, Iglesias, parceiro de longa data do diretor, conquistou sua quarta indicação, mas é a primeira por um filme de Almodóvar.
Mães Paralelas une maternidade e política e discute memória e legado de forma sensível e impactante. Como somente Pedro Almodóvar é capaz de fazer.