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Cultura e entretenimento 1f3218

Cinema: Spencer, a história de Lady Di. Por Déborah Schmidt 1va2m

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Spencer é ambientado durante o feriado de Natal de 1991 da família real na propriedade de Sandringham, em Norfolk, Reino Unido, no que será o último Natal da Princesa Diana (Kristen Stewart) antes do divórcio com o Príncipe Charles (Jack Farthing).  

Dirigido pelo cineasta chileno Pablo Larraín, que retratou a primeira-dama Jacqueline Kennedy em Jackie, e que agora desconstrói a figura de Lady Di, a personificando como uma mãe afetuosa, porém com cicatrizes escondidas durante muito tempo. Com um título que traz o seu sobrenome por parte de pai, o filme mostra a protagonista ligada às suas raízes, vislumbrando uma felicidade há muito perdida no tempo.  

Com a narrativa ocorrendo durante um final de semana, inicialmente vemos Diana dirigindo, sozinha, rumo à Sandringham. A protagonista se perde no caminho, mas não parece preocupada em chegar atrasada para as comemorações na propriedade. Afinal, sua presença nunca foi digna para a família real, portanto, ela escapa de qualquer socialização com a monarquia. Aliás, sua relação com o Príncipe de Gales era inexistente e se tratava apenas de uma mera formalidade. O tratamento frio e hostil de Charles mostrava que, mesmo em plena missa de Natal, ele não fazia questão de esconder a presença de Camilla, com quem traiu Diana e se casaria após sua morte.  

Contudo, o grande destaque do filme vai para os relacionamentos da protagonista com outros personagens presentes na trama: Rígido com as regras e tradições da realeza, o Major Alistar Gregory (Timothy Spall) comanda toda a equipe que trabalha no local, porém, ao invés do autoritarismo se mostra sereno em suas ações, a costureira Maggie (Sally Hawkins), a única pessoa com quem Diana consegue conversar e trocar confidências e o gentil chef de cozinha Darren (Sean Harris). Mesmo com a mãe apresentando sintomas de bulimia e em constante estado de ansiedade, William (Jack Nielen) e Harry (Freddie Spry) são a força que a faz ar àquele final de semana.  

O roteiro assinado por Steven Knight, indicado ao Oscar por Coisas Belas e Sujas e criador da série Peaky Blinders, explora Diana lidando com distúrbios emocionais e alimentares, como visto na simbólica sequência em que ela come as pérolas de seu colar. O drama familiar ganha a metáfora de Ana Bolena, em visões de Diana. Pressionada e observada de dentro e de fora da propriedade britânica, Diana precisa encontrar uma forma de sair e se salvar. Neste quesito, a produção faz uma crítica pontual sobre o comportamento da família real, que, como todos sabem, prefere preservar e manter sua imagem, escondendo qualquer falha que possa comprometê-los.  

No papel principal, Kristen Stewart é capaz de expressar toda a angústia de Diana, além de acertar em cheio nos gestos característicos, como sussurros e olhares de cabeça baixa ou na leveza no andar digno de uma bailarina clássica. Mesmo com poucos diálogos, a atriz americana capricha no sotaque britânico e, apesar de alguns exageros em sua interpretação, sentimos todo o intenso conflito emocional através de seu olhar.

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A fotografia de Claire Mathon, do lindo Retrato de uma Jovem em Chamas, cria um filme em tons pastéis, reforçando a realidade monótona e controlada de Diana, e que resultou em cenas visualmente belíssimas, como na que ela caminha pelo campo enevoado durante a noite ou então quando aparece emoldurada pela sombra de uma cerca com arame farpado, em uma cena que poderia muito bem ser de um filme de guerra. Além disso, destaque para os figurinos impecáveis da premiada Jacqueline Durran, ganhadora do Oscar por Anna Karenina e Adoráveis Mulheres, que recriou looks clássicos usados por Diana.  

A trilha sonora é de Jonny Greenwood, guitarrista do Radiohead, e que já se destacou esse ano com a trilha de O Ataque dos Cães. Em seus momentos finais, quando Diana está dirigindo ao lado de William e Harry, destaque para a música que eles estão escutando no carro, “All I Need Is A Miracle“, da banda inglesa Mike + The Mechanics.  

Poético, Spencer abre com uma frase em que diz ser “uma fábula de uma tragédia real”. Ao final desta angustiante fábula, a esperança de um final feliz.  

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Brasil e mundo 3m3y11

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento 1f3218

O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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