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Robson Becker Loeck | Sociólogo, graduado e mestre em ciências sociais, especialista em política.
Pode não parecer, mas uma sinaleira diz muito sobre a sociedade. Nela, am e param pedestres, motoristas e ciclistas, enfim, pessoas. Por vezes, elas enxergam e interagem com outras pessoas que usam o espaço para a busca da sobrevivência ou, simplesmente, para arrecadar dinheiro.
As primeiras são pessoas que de fato “precisam” da sinaleira. “Pedem” dinheiro ou ofertam a venda de produtos ou de apresentações artísticas. As outras não necessitam da sinaleira, mas a utilizam como um lugar “estratégico” para levantar quantias em dinheiro. É o caso, entre outros, de estudantes, de grupos de dança e de torcedores de times de futebol que querem viajar ou realizar algum evento.
Seja com que propósito for, e não é de agora, a sinaleira se tornou um local socialmente aceito de arrecadação de dinheiro. Interessante é a questão de quem tem mais legitimidade para “pedi-lo”: os que precisam por não ter outra fonte de renda ou, por exemplo, os universitários durante a realização do trote ou os torcedores para acompanhar seu time em viagem.
Todos nós fazemos parte da sociedade e a sinaleira é um “pedacinho” dela. Nela, nossas escolhas também geram reflexos e influenciam a nossa e a vida dos outros. O que pensamos e fazemos ao sermos abordados por um “pedinte” na sinaleira diz muito como a compreendemos e reproduzimos estereótipos. Muitos consideram legal apoiar estudantes e torcedores em seus intentos. Outros tantos consideram um absurdo dar dinheiro pra “vagabundo que não quer trabalhar”.
Indiferente das posições, não se pode ignorar que quanto mais gente nas sinaleiras, maior o sinal de que a sociedade não anda bem.