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Brasil e mundo

Militarismo vai pesar na balança em 2022. Por Geraldo Hasse

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A live  “Os militares e a Democracia” promovida na manhã de sexta-feira 13 de agosto pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap (fundado em 1968 pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso com ajuda da Fundação Ford) resultou numa conclusão inequívoca dos dois cientistas políticos convidados a expor seu entendimento sobre o protagonismo militar no atual governo e no Brasil em geral: os generais da ativa e da reserva, os parlamentares originários de forças policiais, as polícias estaduais e os milicianos tendem a ser os fiéis da balança político-eleitoral de 2022, fazendo prevalecer seu viés autoritário-conservador.

Fizeram análises e responderam a perguntas os professores Octavio Amorim Neto (FGV-RJ) e Anaís Medeiros os (UFSC), ambos especialistas no estudo do comportamento das Forças Armadas. Foi bem tranquilo e nada nervoso: três dias depois de dizer ao jornal El País que as manifestações do presidente Bolsonaro “são estridentes mas não têm efeito”, a veterana socióloga Maria Herminia Tavares, de 74 anos, perguntou a Octavio Amorim Neto e a Anaís Medeiros os se a presença de militares no governo significa uma mudança de padrão nas relações com os civis ou, mais grave ainda, representa uma ruptura que dificultaria a manutenção da democracia no Brasil.

Amorim Neto, formado em 1987 na UFRJ e pós-graduado nos EUA, acredita que a militarização do atual governo (39% dos ministros têm origem militar) gerou uma indefinição política cujo desfecho deverá ocorrer no ano eleitoral de 2022.

Anaís Medeiros os, com doutorado concluído em 2018 em Paris sobre a mística militar na América Latina, afirmou que “a ruptura já aconteceu”, o que está agravando nitidamente a qualidade da democracia no país. Segundo ela, estamos diante da perspectiva de uma transição complicada, pois “a volta aos quartéis não será simples”.

Qual seria, então, o futuro previsível do exercício do poder no Brasil?

Segundo o sociólogo carioca, tornou-se claro que o apoio das Forças Armadas é crucial para Bolsonaro, que não tem projeto para o país e age contra as instituições democráticas, estando na contingência de governar para algumas minorias, a quem cumula de favores e benesses, como é o caso dos pacotes pró-militares. Criou-se assim uma situação em que os militares, acumpliciados ao governo, são chamados a avalizar um mandatário discricionário que reencarna o salvacionismo anticomunista de 1935 e 1964 – isso, sem falar do alinhamento político-ideológico com os EUA e contra a China, Cuba e Venezuela.

Já a socióloga porto-alegrense de apenas 31 anos, ao  explicar por que tem uma visão cética do processo político brasileiro, disse que as eleições de 2018 marcaram a reorganização das forças políticas conservadoras após pouco mais de uma década de governos liderados pelo PT. Como parte das forças conservadoras, as Forças Armadas se dividem atualmente em três blocos, segundo Anaís: os bolsonaristas, os simplesmente conservadores e os democratas – uma minoria isolada e calada, no momento. Mas o quadro geral não se restringe ao que se circunscreve aos quartéis. Além dos membros das três armas da República, a pesquisadora da UFSC lembra que há movimentos mais ou menos conservadores organizados no âmbito das polícias militares dos estados; e, ainda, não se pode desconsiderar a fundação recente da Associação Brasileira de Praças Eleitos, uma inédita entidade formada por componentes dos baixos escalões de todas as forças militares.

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A live com apenas dois debatedores, no final da manhã de sexta-feira 13/8, parece não ter obtido grande audiência, mas aprofundou o conhecimento sobre o surto militarista que voltou a assombrar a sociedade brasileira e – está claro – tem potencial para se prolongar, ainda que a correlação de forças políticas já não favoreça Bolsonaro. Daí a dificuldade de um diagnóstico. A maioria dos analistas e estudiosos está impacta pelas contradições do processo político.  

Octavio Amorim Neto acredita que, apesar do fracasso do governo 2019-2022, a percepção popular ainda mantém os militares “num patamar de alto respeito”, embora o desempenho do presidente venha colocando as Forças Armadas numa “corda bamba” e o alto comando militar numa sinuca histórica semelhante à dos primeiros presidentes militares — Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto –, que traíram a democracia. Atualmente, segundo o sociólogo da FGV, “a cúpula militar segue comprometida com a governança democrática”, com a ressalva de que o entendimento militar sobre democracia contém um viés diferenciado. Por isso, Amorim recomenda que as lideranças civis nacionais devem escrever o quanto antes “um livro branco” com as regras sine qua non do jogo político, de modo a enquadrar todo mundo, especialmente os militares.

Como seria isso? Aí é que a porca torce o rabo. Falou por último Anaís Medeiros os, cujo pronunciamento soou bastante cético. Segundo a jovem professora, há dois fatores favorecendo o status quo militarizante:

1 – o anticomunismo continua sendo ensinado nas escolas militares, o que fortalece o conservadorismo das forças armadas em geral          

2 – os políticos não têm interesse em contestar os militares; pelo contrário, a maioria joga no time do “tamo junto”.

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Brasil e mundo

Edital do Enem 2025 é publicado; veja datas e regras do exame

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O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (23), o edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025.

O período de inscrições será de 26 de maio a 6 de junho. Os interessados deverão se inscrever na Página do Participante do exame, no site do Inep.

Conforme adiantado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, participantes do Enem com mais de 18 anos, que ainda não concluíram a educação básica, voltarão a obter a certificação no ensino médio para quem conquistar pelo menos 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento das provas e nota acima de 500 pontos na redação.

Provas

O Enem 2025 será aplicado nos dias 9 e 16 de novembro, em todo o Brasil.

São quatro provas objetivas e uma redação em língua portuguesa. Cada prova objetiva terá 45 questões de múltipla escolha.

No primeiro dia do exame, serão aplicadas as provas de redação e as objetivas de língua portuguesa, língua estrangeira (inglês ou espanhol), história, geografia, filosofia e sociologia. A aplicação terá 5 horas e 30 minutos de duração.

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No segundo dia do Exame, serão aplicadas as provas de matemática, Química, Física e Biologia. Nesta data, a aplicação terá 5 horas de duração.

Os portões de o aos locais de provas serão abertos às 12h e fechados às 13h (horário de Brasília). O início será às 13h30.

No primeiro dia, as provas irão terminar às 19h. No segundo dia, o término é às 18h30

“Excepcionalmente, considerando a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP 30, que será realizada em Belém-PA, a aplicação do Enem 2025 para o participante que indicar os municípios de Belém-PA, Ananindeua-PA ou Marituba-PA como município de aplicação no ato da inscrição será realizada em 30 de novembro de 2025 e 7 de dezembro de 2025”, diz o edital.

No ato de inscrição, os candidatos podem requerer o tratamento pelo nome social, que é destinado à pessoa que se identifica e quer ser reconhecida socialmente, conforme sua identidade de gênero. 

Serão usados dados da Receita Federal, por isso o participante deverá cadastrar o nome social na Receita FederalTravestis, transexuais ou transgêneros receberão esse tratamento automaticamente, de acordo com os dados cadastrados na Receita.

O candidato não precisa enviar documentos comprobatórios.

ibilidade

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O participante que necessitar de atendimento especializado deverá, no ato da inscrição, solicitá-lo.

O candidato deve informar as condições que motivaram a solicitação, como baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, auditiva, intelectual e surdez, surdocegueira, dislexia, discalculia, déficit de atenção, Transtorno do Espectro Autista (TEA), gestantes, lactantes, diabéticos, idosos e estudantes em classe hospitalar ou com outra condição específica. 

Os recursos de ibilidade disponibilizados aos candidatos estão descritos no edital.

Taxa de inscrição

taxa de inscrição do Enem é no valor de R$ 85 e pode ser paga por boleto (gerado na Página do Participante), pix, cartão de crédito, débito em conta corrente ou poupança (a depender do banco). O prazo para fazer o pagamento vai até 11 de junho. Não haverá prorrogação do prazo para pagamento da taxa.

Para pagar por Pix, basta ar o QR code que constará no boleto.

De acordo com o edital, não serão gerados boletos para participante que informar na inscrição que usará os resultados do Enem 2025 para pleitear o certificado de conclusão do ensino médio ou declaração parcial de proficiência e que esteja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) concluinte do ensino médio (no ano de 2025), mesmo que ainda não tenha solicitado isenção da taxa

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Reaplicação

De acordo com o edital, as provas serão reaplicadas nos dias 16 e 17 de dezembro para os participantes que faltaram por problemas logísticos ou doenças infectocontagiosas.

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CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição no Brasil para presidente, governadores e prefeitos foi aprovada, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A PEC 12/2002 ainda aumenta os mandatos do Executivo, dos deputados e dos vereadores para cinco anos. Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado.

A PEC previa o aumento do mandato dos senadores de oito para dez anos, mas a CCJ decidiu reduzir o tempo para cinco anos, igual período dos demais cargos. A proposta ainda unifica as eleições no Brasil para que todos os cargos sejam disputados de uma única vez, a partir de 2034, acabando com eleições a cada dois anos, como ocorre hoje.

A proposta prevê um período de transição para o fim da reeleição. Em 2026, as regras continuam as mesmas de hoje. Em 2028, os prefeitos candidatos poderão se reeleger pela última vez e os vencedores terão mandato estendido de seis anos. Isso para que todos os cargos coincidam na eleição de 2034.

Em 2030, será a última eleição com possibilidade de reeleição para os governadores eleitos em 2026. Em 2034, não será mais permitida qualquer reeleição e os mandatos arão a ser de cinco anos.  

Após críticas, o relator Marcelo Castro (MDB-PI) acatou a mudança sugerida para reduzir o mandato dos senadores.

“A única coisa que mudou no meu relatório foi em relação ao mandato de senadores que estava com dez anos. Eu estava seguindo um padrão internacional, já que o mandato de senador sempre é mais extenso do que o mandato de deputado. Mas senti que a CCJ estava formando maioria para mandatos de cinco anos, então me rendi a isso”, explicou o parlamentar.

Com isso, os senadores eleitos em 2030 terão mandato de nove anos para que, a partir de 2039, todos sejam eleitos para mandatos de cinco anos. A mudança também obriga os eleitores a elegerem os três senadores por estado de uma única vez. Atualmente, se elegem dois senadores em uma eleição e um senador no pleito seguinte.

Os parlamentares argumentaram que a reeleição não tem feito bem ao Brasil, assim como votações a cada dois anos. Nenhum senador se manifestou contra o fim da reeleição.

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O relator Marcelo Castro argumentou que o prefeito, governador ou presidente no cargo tem mais condições de concorrer, o que desequilibraria a disputa.

A possibilidade de reeleição foi incluída no país no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, mudança que permitiu a reeleição do político em 1998.

“Foi um malefício à istração pública do Brasil a introdução da reeleição, completamente contrária a toda a nossa tradição republicana. Acho que está mais do que na hora de colocarmos fim a esse mal”, argumentou Castro.

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