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Uma mulher (Mélanie Laurent) acorda sem memória dentro de uma cápsula de criogenia. Ela não se lembra quem é e nem como foi parar lá dentro. Porém, o nível de oxigênio está acabando rapidamente, e ela precisa recuperar sua memória para conseguir sobreviver.
A direção do francês Alexandre Aja opta por sufocar o espectador aos poucos, apresentando pequenos detalhes que nos prendem cada vez mais. Lançamento desta semana no Netflix, o longa tem o roteiro da estreante Christie LeBlanc, em uma trama cheia de revelações e que mistura suspense com ficção científica. A narrativa vai se intensificando de forma gradativa, culminando em um desfecho que só é apresentado nos últimos segundos.
Praticamente um personagem, a câmara criogênica impressiona pela riqueza de detalhes. A inteligência artificial MILO (voz do sempre competente Mathieu Amalric), que habita a máquina, é um sistema operacional engenhoso e com inúmeras funcionalidades que são aproveitadas ao máximo para trazer dinamismo à trama. A inteligência artificial ajuda a protagonista a buscar em suas vagas lembranças uma forma de se libertar antes que seu suprimento de oxigênio acabe.
Entre sanidade e insanidade, alucinações e reviravoltas, Mélanie Laurent entrega uma atuação convincente e desesperadora. Desde o momento em que abre os olhos no local, a atriz consegue dominar o espaço, sendo capaz de transmitir todos os seus sentimentos ao público. A empatia que criamos por ela torna toda a jornada ainda mais angustiante.
Sempre gostei de filmes ambientados em um único lugar que, combinados com um roteiro afiado e boas atuações, costumam render ótimas produções. São muitos os exemplos, que vão desde clássicos de Alfred Hitchcock (FestimDiabólico e Janela Indiscreta) e Sidney Lumet (Doze Homens e uma Sentença) até títulos mais atuais como Rua Cloverfield 10, Locke, Demônio e Enterrado Vivo. Aqui, o longa consegue explorar esses requisitos com facilidade. Apesar da locação única, o ritmo é dinâmico, dosando a claustrofobia da cápsula selada com as lembranças da protagonista. Além disso, o cineasta brinca com movimentos de câmera no espaço limitado, seja para reforçar a solidão ou intensificar o desespero.
A história se mostra como a consequência de um vírus e de uma crise sanitária, em um reflexo direto à pandemia da Covid-19. O cineasta e a roteirista exploram a sensação de isolamento e a falta de perspectiva pela ótica da ficção científica e do terror psicológico, em um cenário bastante conhecido atualmente e não menos impactante. Em alguns flashbacks, alguns personagens utilizam máscaras, levando a entender que o filme foi gravado durante a pandemia.
Tenso e claustrofóbico, Oxigênio é um filme corajoso e uma ótima dica para os fãs do suspense e de um bom mistério.
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