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Brasil e mundo

Hallal denuncia negacionismo e ataques na revista The Lancet

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O epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da UFPel, escreveu um texto para a revista The Lancet (no original, em inglês, AQUI), uma das mais prestigiosas publicações do mundo na área da saúde.

Abaixo:

SOS Brasil: ataques à ciência

Pedro Curi Hallal *

Dados de 17 de janeiro de 2021 mostram que o Brasil é o segundo país com mais mortes por COVID-19 e o terceiro com mais casos ao redor do mundo. Como cientista, eu costumo não acreditar em coincidências. Em março de 2020, o Presidente Jair Bolsonaro se referiu a COVID-19 como uma “gripezinha”. Em abril de 2020, ele declarou que havia sinais de que a pandemia estava acabando. Um mês depois, quando questionado por jornalistas sobre o aumento de casos de COVID-19 no Brasil, Bolsonaro respondeu “E daí? O que queres que eu faça?” Em resposta, os Editores sugeririam que “talvez a maior ameaça ao enfrentamento da COVID-19 no Brasil seja seu Presidente, Jair Bolsonaro”. Mais recentemente, Bolsonaro foi, que tenha chegado ao meu conhecimento, o único chefe de estado do mundo a dizer que não tomará vacina. Ele inclusive desestimulou a população a se vacinar, ao dizer: “Se você virar um jacaré, é problema seu”.

Embora essas manifestações sejam ultrajantes, a resposta brasileira à pandemia é ainda pior. As taxas de testagem estão muito abaixo da média mundial. Não há políticas de rastreamento de contatos implementadas. O distanciamento social tem sido desacreditado. Em 4 semanas, o Brasil teve três ministros da saúde. Apesar de cientistas e institutos de pesquisa brasileiros, como o Butantan e a Fiocruz, estarem fortemente envolvidos na corrida global pela vacina, a quantidade de seringas e agulhas era insuficiente para começar a campanha de vacinação.

Desde o início do mandato de Bolsonaro em 2019, a ciência vem sendo atacada com cortes de verbas e negacionismo. O Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, foi exonerado do cargo após apresentar e comentar dados sobre desmatamento. Os ex-ministros da saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich discordaram publicamente de Bolsonaro ao defenderem as recomendações da ciência para o enfrentamento da COVID-19. Eu nunca imaginei que seria o próximo.

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Sou o investigador principal do EPICOVID-19, o maior estudo epidemiológico sobre COVID-19 no Brasil. Nas três primeiras fases desse estudo nacional, nós encontramos marcantes desigualdades regionais, étnicas e socioeconômicas na pandemia de COVID19 no Brasil, além de uma diferença de seis vezes entre os dados oficiais e a estimativa do número real de pessoas infectadas. Esses resultados não foram bem recebidos pelo ministério da saúde, e o financiamento para a pesquisa foi descontinuado em julho de 2020. Felizmente, o EPICOVID-19 obteve financiamento de outras instituições e continuou a fornecer informações sobre a magnitude da pandemia de COVID-19 no Brasil.

Em 2020, eu fui convocado para ir a Brasília três vezes, para reuniões com o ministério da saúde. Quatro dias após a minha última visita à Brasília, em dezembro de 2020, comecei a apresentar sintomas de COVID-19. Minha infecção com o vírus SARS-CoV2 foi revelada ao público pela mídia, e fui acusado de hipocrisia e da atitude “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. No dia 11 de janeiro, durante uma entrevista de rádio, fui criticado por um deputado e por um jornalista: a razão sendo que se eu fui infectado pelo vírus SARS-CoV-2, isso significaria que eu não segui as recomendações que eu mesmo dissemino. No dia 14 de janeiro de 2021, Bolsonaro twittou o link para o trecho específico da entrevista no rádio no qual minha doença é mencionada.

Coincidentemente ou não, o ataque de Bolsonaro aconteceu exatamente no momento mais dramático da pandemia no Brasil. Manaus, na região Amazônica, está vivendo um caos, com falta de oxigênio. O ministro da saúde voou para Manaus e, depois de uma visita de três dias, anunciou que a cidade receberia cloroquina, ivermectina e outros medicamentos para enfrentar a situação. Ao mesmo tempo, políticos, empresários e outros apoiadores de Bolsonaro lutavam contra um anunciado (e urgentemente necessário) lockdown em Manaus. Inacreditavelmente, no dia 16 de janeiro de 2021, uma publicação do ministério da saúde do Brasil foi sinalizada pelo Twitter como violando suas regras de publicação por meio da disseminação de notícias enganosas e potencialmente prejudiciais
relacionadas à COVID-19.

A resposta trágica do Brasil à COVID-19 tem um preço. A população brasileira representa 2,7% da população mundial. Se o Brasil também representasse 2,7% das mortes por COVID-19 (isto é, tivesse uma performance no enfrentamento da COVID-19 igual a média mundial), 56 311 pessoas teriam morrido. Contudo, até o dia 21 de janeiro de 2021, 212 893 pessoas haviam falecido devido à COVID-19 no país. Em outras palavras, 156.582 vidas foram perdidas por causa do mau desempenho brasileiro no enfrentamento da pandemia. Atacar pesquisadores definitivamente não vai ajudar a resolver o problema.

* Pedro Curi Hallal, doutor em epidemiologia, ex-reitor da UFPel.

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1 Comment

1 Comments

  1. Ricardo

    13/02/21 at 08:03

    O ódio cega.

Brasil e mundo

Edital do Enem 2025 é publicado; veja datas e regras do exame

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O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (23), o edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025.

O período de inscrições será de 26 de maio a 6 de junho. Os interessados deverão se inscrever na Página do Participante do exame, no site do Inep.

Conforme adiantado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, participantes do Enem com mais de 18 anos, que ainda não concluíram a educação básica, voltarão a obter a certificação no ensino médio para quem conquistar pelo menos 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento das provas e nota acima de 500 pontos na redação.

Provas

O Enem 2025 será aplicado nos dias 9 e 16 de novembro, em todo o Brasil.

São quatro provas objetivas e uma redação em língua portuguesa. Cada prova objetiva terá 45 questões de múltipla escolha.

No primeiro dia do exame, serão aplicadas as provas de redação e as objetivas de língua portuguesa, língua estrangeira (inglês ou espanhol), história, geografia, filosofia e sociologia. A aplicação terá 5 horas e 30 minutos de duração.

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No segundo dia do Exame, serão aplicadas as provas de matemática, Química, Física e Biologia. Nesta data, a aplicação terá 5 horas de duração.

Os portões de o aos locais de provas serão abertos às 12h e fechados às 13h (horário de Brasília). O início será às 13h30.

No primeiro dia, as provas irão terminar às 19h. No segundo dia, o término é às 18h30

“Excepcionalmente, considerando a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP 30, que será realizada em Belém-PA, a aplicação do Enem 2025 para o participante que indicar os municípios de Belém-PA, Ananindeua-PA ou Marituba-PA como município de aplicação no ato da inscrição será realizada em 30 de novembro de 2025 e 7 de dezembro de 2025”, diz o edital.

No ato de inscrição, os candidatos podem requerer o tratamento pelo nome social, que é destinado à pessoa que se identifica e quer ser reconhecida socialmente, conforme sua identidade de gênero. 

Serão usados dados da Receita Federal, por isso o participante deverá cadastrar o nome social na Receita FederalTravestis, transexuais ou transgêneros receberão esse tratamento automaticamente, de acordo com os dados cadastrados na Receita.

O candidato não precisa enviar documentos comprobatórios.

ibilidade

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O participante que necessitar de atendimento especializado deverá, no ato da inscrição, solicitá-lo.

O candidato deve informar as condições que motivaram a solicitação, como baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, auditiva, intelectual e surdez, surdocegueira, dislexia, discalculia, déficit de atenção, Transtorno do Espectro Autista (TEA), gestantes, lactantes, diabéticos, idosos e estudantes em classe hospitalar ou com outra condição específica. 

Os recursos de ibilidade disponibilizados aos candidatos estão descritos no edital.

Taxa de inscrição

taxa de inscrição do Enem é no valor de R$ 85 e pode ser paga por boleto (gerado na Página do Participante), pix, cartão de crédito, débito em conta corrente ou poupança (a depender do banco). O prazo para fazer o pagamento vai até 11 de junho. Não haverá prorrogação do prazo para pagamento da taxa.

Para pagar por Pix, basta ar o QR code que constará no boleto.

De acordo com o edital, não serão gerados boletos para participante que informar na inscrição que usará os resultados do Enem 2025 para pleitear o certificado de conclusão do ensino médio ou declaração parcial de proficiência e que esteja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) concluinte do ensino médio (no ano de 2025), mesmo que ainda não tenha solicitado isenção da taxa

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Reaplicação

De acordo com o edital, as provas serão reaplicadas nos dias 16 e 17 de dezembro para os participantes que faltaram por problemas logísticos ou doenças infectocontagiosas.

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Brasil e mundo

CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição no Brasil para presidente, governadores e prefeitos foi aprovada, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A PEC 12/2002 ainda aumenta os mandatos do Executivo, dos deputados e dos vereadores para cinco anos. Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado.

A PEC previa o aumento do mandato dos senadores de oito para dez anos, mas a CCJ decidiu reduzir o tempo para cinco anos, igual período dos demais cargos. A proposta ainda unifica as eleições no Brasil para que todos os cargos sejam disputados de uma única vez, a partir de 2034, acabando com eleições a cada dois anos, como ocorre hoje.

A proposta prevê um período de transição para o fim da reeleição. Em 2026, as regras continuam as mesmas de hoje. Em 2028, os prefeitos candidatos poderão se reeleger pela última vez e os vencedores terão mandato estendido de seis anos. Isso para que todos os cargos coincidam na eleição de 2034.

Em 2030, será a última eleição com possibilidade de reeleição para os governadores eleitos em 2026. Em 2034, não será mais permitida qualquer reeleição e os mandatos arão a ser de cinco anos.  

Após críticas, o relator Marcelo Castro (MDB-PI) acatou a mudança sugerida para reduzir o mandato dos senadores.

“A única coisa que mudou no meu relatório foi em relação ao mandato de senadores que estava com dez anos. Eu estava seguindo um padrão internacional, já que o mandato de senador sempre é mais extenso do que o mandato de deputado. Mas senti que a CCJ estava formando maioria para mandatos de cinco anos, então me rendi a isso”, explicou o parlamentar.

Com isso, os senadores eleitos em 2030 terão mandato de nove anos para que, a partir de 2039, todos sejam eleitos para mandatos de cinco anos. A mudança também obriga os eleitores a elegerem os três senadores por estado de uma única vez. Atualmente, se elegem dois senadores em uma eleição e um senador no pleito seguinte.

Os parlamentares argumentaram que a reeleição não tem feito bem ao Brasil, assim como votações a cada dois anos. Nenhum senador se manifestou contra o fim da reeleição.

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O relator Marcelo Castro argumentou que o prefeito, governador ou presidente no cargo tem mais condições de concorrer, o que desequilibraria a disputa.

A possibilidade de reeleição foi incluída no país no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, mudança que permitiu a reeleição do político em 1998.

“Foi um malefício à istração pública do Brasil a introdução da reeleição, completamente contrária a toda a nossa tradição republicana. Acho que está mais do que na hora de colocarmos fim a esse mal”, argumentou Castro.

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