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Não sou doido de clicar num linque assim e depois ter a internet inundada por mais anúncios com esse tipo de produto / tratamento / mandinga. Até porque ainda não me livrei da tsunami de cuecas, protetores auriculares e bloqueadores de ruído que me assola há algumas semanas.
Mas é claro que fico curioso. As manchetes são propositalmente interrompidas antes de explicarem a que vêm – justamente para que o incauto caia na armadilha, entre no saite e aí… sabideus.
Prefiro dar hélices e turbinas à imaginação e tentar adivinhar que tipo de mudança ocorrerá se eu desenhar a barba, me vestir de vendedor de colchão, botar uma caveira ao fundo e incorporar o olhar de quem está em sessão de hipnose. Ou me fantasiar de participante do Masterchef e fizer pose de estátua soviética ou praticante de pompoarismo.
E aí elucubro. Matuto. Conjecturo.
“Fazer isso todas as manhãs pode…”
Causar tédio mortal até a uma caveira? Evitar o crescimento de pelos entre as sobrancelhas? Mobilizar as pessoas a doarem livros para preencher a estante vazia? O Médico Brasileiro (Brasileiro deve ser o sobrenome dele, para estar assim, em maiúscula) deve ser o único a ter a resposta, mas duvido que meu plano cubra esse tipo de consulta.
“Bigode chinês: Doutora ensina como pode diminuir…”
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O primeiro enigma é que esses anúncios de internet normalmente ensinam como aumentar. Alguém que ensine a diminuir estará atuando num nicho de mercado reduzidíssimo. Eu, pelo menos, nunca soube de ninguém que tivesse essa intenção.
O segundo é que o Médico Brasileiro da foto logo ao lado é quem devia estar ensinando algo sobre bigode. O dele, com um quê de Village People, é que realmente pode (e deve) ser diminuído.
Ou será “bigode chinês” um tipo de depilação íntima que entrou na moda durante a pandemia, quando eu estava fora do mercado? Conheço o asa delta, o bigodinho nazista, o risquinho, o Amazônia pós Salles (devastação total) – mas o bigode chinês eu não visualizo.
Pela cara da Doutora, esse modelo deve exigir níveis altíssimos de concentração, abstração e esvaziamento da mente. Logo, totalmente incompatível comigo – não bastasse o fato de que depilar as orelhas a cada seis meses seja o meu limite no quesito autoflagelação.
Vou continuar sem fazer ideia do que se trata nem me sentir mais burro por isso: como disse a Clarice Lispector, sou mais completo quanto não entendo. Já ei por isso antes, durante as aulas de Teoria Lacaniana, os episódios de “Dark” ou os votos da Rosa Weber – e sobrevivi.
(Se alguém clicar e descobrir o que é, por favor, não me conte, para não estragar minha fantasia.)
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Aos alunos das Oficinas de Crônicas: esta postagem contém espóiler de um dos próximos temas. Sim, eu faço o dever de casa antes de ar para as turmas.
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Eduardo Affonso é colunista de O Globo e, a pedido nosso, autorizou o compartilhamento, aqui, de seus posts no facebook.
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