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Brasil e mundo 3m3y11

Opinião livre: “O conselho que dribla a crítica”. Por Renato Sant’Ana 6n214f

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Por Renato Sant’Ana

O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, CRPRS, no dia do psicólogo, para fazer a cabeça dos profissionais, distribuiu um MSN com a dicção do politicamente correto nos exatos termos seguintes:

“Em 27 de agosto, dia da/o psicologa/o, o CRPRS reforca: ‘A Psicologia escolhe a vida: Não ao genocídio!’ Parabéns, Psicologa/o, pelo seu dia!”

O que importa é o sub-texto, o que é dito sem estar explícito. É aquilo que não é textual, mas, nesse caso, dito de modo sub-reptício, trazendo a posição político-partidária dos diretores do CRPRS.

Não há por que fazer rodeios. Está na cara que o pano de fundo é a pandemia de covid-19; e que os diretores aproveitam-no para, sem
mencioná-lo, projetar a mais negativa imagem de Jair Bolsonaro.

E daí? É proibido criticar Bolsonaro? Não! Pelo contrário, não há democracia sem a crítica que oxigena o poder político. Mas estarão os
diretores do CRPRS fazendo propriamente crítica ou será outra coisa?

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Há um dado de realidade que joga luz sobre o fato: a disputa pelo poder realiza-se menos pela força e mais pelo embate ideológico, forjando narrativas, espalhando versões e, no fim, infundindo crenças, tudo para granjear a adesão das massas e manobrá-las.

Aliás, até porque as pessoas são ideologicamente influenciáveis é que se despendem milhões com marketing nas campanhas eleitorais.

Pois bem, o discurso do CRPRS está num concerto de narrativas em que uma dá a deixa para outra. Já viram o “diretório do pânico”? A extrema imprensa pega um assunto grave (a pandemia) e manipula números, imagens, informações, metendo pavor na população: só falta a música do Ayrton Senna para anunciar o número de mortos.

É nesse panorama que surge uma armadilha cognitiva, isto é, o falso dilema entre “salvar vidas” e “salvar a economia”, como se a subsistência humana fosse possível sem a economia (chegam a chamar de ganancioso a quem aponta urgência em salvar a economia).

Em pânico, a cabeça de uns quantos vira uma esponja que absorve qualquer explicação para seu sofrimento, aceitando facilmente a ideia de que o governo é o maior (e até exclusivo) culpado pelas mortes da pandemia.

Na Revista Piauí (agosto, 2020), Martim Vasques da Cunha diz: “Sem dúvida, um dos principais responsáveis pelas mortes no Brasil é o
presidente Jair Bolsonaro (…)”.

Por que seria ele responsável pelas mortes? Cunha não explicita, mas ajuda a criar a cortina de fumaça que tira visibilidade dos bilhões
desviados da saúde por prefeitos e governadores corruptos. Sem dizer que Bolsonaro, nessa crise, teve as mãos amarradas pelo STF.

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“Ah, mas nem ministro da saúde ele tem!”, dizem. Tem, sim! Mas com status de interino, o que lhe tem sido útil: é que, meio esquecido pela
oposição, o ministro acaba conseguindo trabalhar em paz.

Alguém aponta quantos óbitos o governo poderia ter evitado? Nalgum país foi possível evitar mortes? Nada! Mas, que importam os fatos?

Aí, na série das narrativas, vem uma que acusa Bolsonaro de genocídio. Até Gilmar Mendes (ministro do STF) insinuou essa patacoada.

É a deixa para o CRPRS falar “Não ao genocídio!”, mirando na mente esponjosa dos que absorveram a narrativa. A finalidade é óbvia!

Mas tem o CRPRS legitimidade para fazê-lo? É claro que não!

Ocorre que os conselhos de fiscalização profissional (como o CRP), dotados de personalidade jurídica de direito público, têm natureza jurídica de autarquia e exercem atividade tipicamente pública. Logo, eles não podem tomar partido contra nem a favor de governo algum.

Portanto, os diretores do CRPRS usaram meio ilegal para, em tom mais debochado que irônico, insinuar a existência de um crime que não houve.

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Por mais críticas que haja à atuação de Bolsonaro frente à pandemia – e no Brasil, hoje, há liberdade para criticar -, imputar-lhe crime de
genocídio é um ato tremendamente irresponsável, para dizer o mínimo.

Não gostar do presidente é do jogo democrático. Já aceitar que se lhe faça oposição de maneira truculenta é imaturidade ou coisa pior. Mais
vale, pois, que psicólogos tenham olhos críticos para a atuação do CRP.

Renato Sant’Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail [email protected]

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A liberdade sagrada das redes 3f2n1p

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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