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Brasil e mundo

Cientista da UFPel entre as vencedoras do prêmio por pesquisa sobre Covid

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Com projeto voltado aos efeitos da pandemia da Covid-19 no estresse crônico de adolescentes, a cientista da UFPel, Luciana Tovo, é uma das 7 ganhadoras da 15ª edição do Programa Para Mulheres na Ciência, promovido pela L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Luciana

O programa visa transformar o cenário científico por meio do empoderamento feminino e já premiou mais de cem pesquisadoras. O prêmio de R$ 50 mil será destinado para execução do projeto inscrito por Luciana. Além disso, a partir desse ano, o prêmio traz uma novidade.

A UNESCO dará um treinamento incluindo webinars sobre gênero, carreira, media-training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.

Aproximadamente 500 cientistas participaram da edição de 2020. Ao falar sobre como recebeu a notícia de que foi uma das sete vencedoras, Luciana se emociona.

“Eu recebi a notícia em uma videoconferência em julho, mas tive que guardar segredo. A equipe entrou em contato pedindo uma chamada para que a banca pudesse tirar algumas dúvidas sobre o meu projeto. Para minha surpresa, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, anúncio que o meu trabalho estava entre os selecionados”, explica.

A cientista que é bióloga, mestra e doutora em Genética e Biologia Molecular, com período sanduiche nos Estados Unidos, desde 2014 é professora do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel e suas pesquisas giram em torno de avaliações de marcadores biológicos e genéticos relacionados à saúde mental.

Para ela, o prêmio é essencial e visa reconhecer a pesquisa das mulheres dentro da comunidade científica, sendo ainda um incentivo para que as meninas possam vislumbrar que a carreira de cientista é possível de ser seguida por elas também.

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“Por todas as questões de inequidade de gênero e machismo estrutural, aprendemos desde pequenas que existem carreiras a serem seguidas por homens e outras por mulheres e quando pensamos em cientistas, geralmente o que vem na nossa cabeça é a imagem de um homem branco”, diz.

Para Luciana, receber o prêmio representa o reconhecimento do seu trabalho e da sua dedicação. “Ter o trabalho selecionado dentre o de tantas brilhantes cientistas brasileiras que concorreram ao prêmio é motivo de muito orgulho e um incentivo para seguir minha carreira na ciência”, comemora.

O Projeto

O projeto será realizado com os adolescentes da coorte 2004 e tem como objetivo avaliar o estresse vivenciado por eles durante a pandemia. De acordo com Luciana, a pesquisa utilizará uma medida inovadora biológica: o cortisol, que é uma medida fisiológica.

“Poucos estudos no mundo avaliaram o cortisol de estresse crônico. Conseguiremos realizar a análise dos últimos três meses através de mechas de cabelo dos adolescentes. Metade dos adolescentes já foram avaliados antes de iniciar a pandemia e serão caracterizados como grupo controle. Os dados desse grupo serão comparados com os dos adolescentes que ainda precisam realizar o acompanhamento”, explica Luciana.

Com a análise será possível compreender o impacto da pandemia no grau de estresse dos adolescentes. “Tem sido dado muita ênfase nos estudos envolvendo a pandemia e saúde mental para a população ativa economicamente e para grupos de risco, poucos estudos têm avaliado os impactos da pandemia nessa faixa etária e com uma medida que analisa a questão fisiológica”, finaliza.

Premiação

A solenidade de premiação que sempre é realizada em uma festa na sede da L’Oréal, no Rio de Janeiro (RJ) em decorrência da pandemia será realizada de forma online em outubro.

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A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Vivendo em mundos paralelos

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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