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“Lockdown em Pelotas: Todas as vidas importam”. Por Roberta Paganini 58484g

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Por Roberta Paganini, secretária de Saúde

Nesse momento, em que vivemos uma cise sanitária sem precedentes, todos os gestores estão expostos às críticas e isso é natural, mas temos que fazer críticas baseadas em dados reais, embasadas em fatos concretos, sobretudo para não gerar desinformação. E a verdade é que o nosso governo não foi mais restritivo do que a maioria.

Nós sempre buscamos o equilíbrio, sempre buscamos compreender as razões de todos os lados envolvidos e tomamos as atitudes que julgamos mais sensatas. Inclusive uma das primeiras medidas que o Município adotou foi a instalação do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, integrado por epidemiologistas, empresários, representantes de hospitais, entre outros segmentos. E a razão pela qual optamos pelo lockdown foi o aumento significativo de óbitos e internações.

Pelotas sempre se destacou por ter um isolamento social alto desde o início da pandemia. No entanto, justamente quando a situação se agravou aqui na nossa região, no nosso município, esse isolamento caiu. A média dos últimos 15 dias era de 43%. Com o lockdown, esse isolamento foi a 78,4% no domingo e 66,5% na segunda-feira.

A população, apesar da decisão judicial que permitiu o deslocamento das pessoas, continuou em casa, engajada no isolamento social. A nossa ideia, quando tomamos esta atitude mais forte do lockdown, era sensibilizar as pessoas e conscientizar de seu importante papel dentro da sociedade. A nossa expectativa é que com o lockdown a gente tenha chamado a atenção para que a sociedade se mobilize para os próximos dias, já que estamos enfrentando o pior momento da pandemia em Pelotas.

O Vice-Presidente da Federasul, neste espaço, indagou por que Pelotas, tendo recebido recursos para combater a pandemia, não construiu uma centena de leitos de UTI em hospitais filantrópicos. É importante informar que os recursos reados pelo Governo Federal são para compensar as perdas de receitas nos municípios. Dos R$ 44 milhões uma parte é destinada para a saúde e assistência social. O restante pode ser usado, conforme a necessidade, em qualquer serviço. Entretanto, em Pelotas o que falta na saúde, neste momento, não são recursos financeiros, são recursos humanos.

Ocorre que leitos de UTI específicos para pacientes da pandemia são algo de grande complexidade técnica e estrutural. Os médicos, como ninguém, sabem que não se trata de uma mera cama hospitalar ou de um prédio grande.

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    Há a necessidade de equipamentos, garantia de suprimento regular de medicamentos e, acima de tudo, de recursos humanos especializados, absolutamente carentes neste momento e praticamente indisponíveis no mercado. De que vale se dispor de dezenas ou centenas de leitos de UTI e nenhum profissional capaz de monitorá-los com a qualificação mínima indispensável?

    Ter feito isso, teria sido uma irresponsabilidade com os pacientes, com o dinheiro público e com os escassos e dedicados profissionais que já cuidam dos leitos SUS de que dispomos, dos quais 50% já foram ampliados, com muito trabalho e sacrifício, nos últimos meses. Abrimos, nessa última sexta-feira (14), mais 10 UTI na Beneficência Portuguesa.

    Estamos investindo em reformas na rede elétrica e rede de gás, que dependem da formação de equipes, para abrir 20 novos leitos no HE. Temos 10 leitos com e ventilatório mais 10 leitos de enfermaria prontos para abrir, mas que também ainda não conseguimos contratar médicos e, agora, a dificuldade se amplia até para contratação de técnico em enfermagem. Sem contar com a falta de medicamentos anestésicos no mercado, que está em falta em todo o país. Portanto para oferecer novos leitos de UTI, não basta a mera construção dos leitos.

    Tem questões fundamentais para a composição do serviço que não podem ser ignoradas. E mesmo quando, aparentemente, ainda há duas ou três vagas “sobrando”, em verdade elas poderão ser destinadas a pacientes que ocupam um leito de enfermaria ou mesmo UPA que podem rapidamente evoluir para um quadro agudo.,

    Temos aprendido muito, a cada dia, na luta contra o coronavírus. Também temos percebido que, na visão dos leigos, as coisas sempre parecem mais fáceis. A Covid-19 é inimiga poderosa. Só iremos vencê-la com união, combinando boa gestão, ciência, economia e a colaboração da população.

    “Escolhas públicas. Quanto vale uma vida?” Por Rodrigo Sousa Costa

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