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Opinião

“Lockdown deveria ser maior”, alerta Comitê da UFPel para Covid-19

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Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia da Covid-19 da Universidade Federal de Pelotas divulgou, na noite desta quarta-feira (5), nota comentando o decreto que estabelece medidas de isolamento social na cidade de Pelotas:

Nota técnica

Os Comitês de Enfrentamento da Pandemia da UFPel e do Hospital Escola vêm alertando para o risco de colapso do sistema de saúde da cidade.

Já no dia 30 de julho, havíamos relatado a ocupação de 95% dos leitos de UTI para adultos e, ontem, 4 de agosto, mais uma vez observamos que a ocupação desses leitos esteve muito próximo do esgotamento.

Esta situação reforça a necessidade de ampliação imediata das medidas de isolamento social.

Ressaltamos que, quanto maior a demora na ampliação do isolamento social, menor o impacto na redução da necessidade de leitos.

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Conforme as projeções, indicadas na tabela abaixo, o retardo em uma semana na implementação dessas medidas implicará em mais óbitos e na necessidade de mais leitos no pico máximo de demanda. Salientamos, também, que a informação sobre os óbitos estimados não considera eventual colapso do sistema de saúde, o que agravaria o cenário.

Na segunda feira, dia 3 de agosto, a mídia local deu visibilidade para o risco de colapso do sistema de saúde municipal, o que evidentemente contribuiu para que a população municipal tomasse mais consciência da gravidade da situação. Entretanto, a revisão da bandeira por parte do governo estadual e a falta de medidas objetivas de ampliação do isolamento social enfraquecem a mensagem. Assim, o isolamento no início da semana, embora tenha tido uma pequena ampliação (dos atuais 45%), é insuficiente para conter a aceleração da curva epidêmica. É preciso alcançar índices de 70% de isolamento social.

Além disso, observamos que o lockdown em fim de semana não é efetivo para reduzir a necessidade de leitos nas magnitudes necessárias, pois esse já é o período da semana em que menos pessoas estão circulando e, por isso, seus efeitos podem ser considerados limitados.

O Poder Público Municipal necessita definir níveis de isolamento social de forma a compatibilizar a evolução do surto epidêmico com a disponibilidade de leitos. Por isso, voltamos a recomendar a tomada de medidas mais efetivas de forma a alcançar 70% de isolamento social por três semanas.

Isso terá o potencial de reduzir em aproximadamente 31% a demanda de leitos de UTI e em 22% o número de óbitos. Não é possível cuidar da economia sem cuidar das pessoas que fazem parte de todo o setor de produção e consumo. Nada pode ser pior para a economia que o colapso do sistema de saúde que estamos observando.

É necessário um aumento expressivo do isolamento social, articulado com medidas de proteção social, para que possamos enfrentar a progressão da COVID-19 de acordo com a capacidade hospitalar do município.

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    2 Comments

    2 Comments

    1. Paulo Kelbert

      06/08/20 at 09:59

      Lamentavelmente estamos diante de “orientações desorientadas”. O desastre econômico bate as nossas portas e nos cruzamentos de ruas a miséria é tão sutil como o cruzamento de de dados dos modelos de dados mais próximos do arbítrio de quem se anuncia como arauto da verdade, visando aterrorizar a população. Tem-se a impressão que esta pandemia foi criada para criar dificuldades e, posteriormente, vender facilidades. Uma jogada política em que muita gente se jogou de cabeça no oceano das incertezas. Os que precisam trabalhar, que estão na margem da sobrevivência, não tem escolha: melhor morrer de covid do que de fome. Estes guerreiros do dia a dia, dos canteiros de obra, dos pátios do setor produtivo, do comércio formal e informal, das feiras livres, dos hospitais que estão na resistência heroica.O que se conclui disso tudo que não sabendo o que fazer, tratam a população de modo arbitrário, com conclusões de pouco fundamento científico e com propósitos políticos muito claros e com pretensões de santificação.

    2. José Augusto

      06/08/20 at 07:16

      Qual base usada para tais previsões? O comitê poderia informar qual o modelo usado para calcular? O modelo falido do Imperial College erra copiosamente, a mãe Diná por telefone me parece pouco confiável e, em tempo, poderíamos fazer um exercício científico honesto: vamos ar a biblioteca do CLINICALTRIALS e pesquisar sobre COVID-19 e LOCKDOWN. À direita do seu monitor aparecerão três espaços em branco, coloque o nome da doença no primeiro (COVID19), coloque LOCKDOWN no segundo e deixe o terceiro em branco pois ele define o país ou a sua cidade de interesse (queremos o MUNDO). Resultado: 48 pesquisas sobre o tema, 9 estudos já terminados, e 0 (ZERO) estudos que mostrem que essa atitude funcione – na verdade, todos são sobre problemas gerados e enfrentados pela aplicação de LOCKDOWN. Gostaria de saber se a maior biblioteca de pesquisas médicas do planeta está equivocada?! Abraço.

    Brasil e mundo

    A liberdade sagrada das redes

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    Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

    Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

    O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

    A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

    Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

    Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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    Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

    É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

    Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

    Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

    Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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    Brasil e mundo

    Vivendo em mundos paralelos

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    Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

    Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

    A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

    Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

    Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

    No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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    Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

    Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

    Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

    Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

    Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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