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Opinião 4d6u6w

Lockdown de fim de semana, prefeita sem o mesmo vigor 5p6a1w

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Ontem, segunda-feira (3/07), fatos novos em Pelotas e região, relativos ao enfrentamento da covid-19, surpreenderam um pouco. Foi preciso dormir uma noite para analisar de manhã os acontecimentos e fazer uma leitura deles.

Na sexta-feira ada (31/06), diante da classificação de Pelotas em bandeira vermelha no Plano de Distanciamento do governo do estado, a prefeita Paula anunciou que não recorreria da bandeira vermelha, que a aceitaria. Assim o faria, segundo ela, porque a internação em leitos de UTI para adultos havia batido a inédita marca de 90%.

Neste momento (17h07 desta terça-feira, 4), a ocupação, que havia retrocedido um pouco desde sexta-feira, voltou aos 90%: 27 dos 30 leitos adultos estão ocupados, apenas 3 estão vagos.

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Comércio

Bandeira vermelha significa comércio e serviços não essenciais fechados.

Mesmo sendo semana de Dia dos Pais, data sempre muito aguardada pelos comerciantes, pelo incremento nas vendas, a prefeita estava disposta a fechar o comércio e os serviços citados.

Por suposto, essa disposição dela, somada às notas públicas das lojas Krause (sábado, um dia depois de a prefeita assegurar que não recorreria da bandeira vermelha) e Hercílio Calçados (manhã desta segunda-feira, 3) e a notícias de fechamento de lojas, como a pré-cinquentenária Via Condotti, provocaram a ação imediata do setor empresarial, em articulação com a Azonasul, composta por 22 prefeitos.

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A Azonasul é formada por uma quase total maioria de municípios pequenos, enquanto Pelotas, por ser de porte médio e possuir estrutura hospitalar, coisa que a maioria daqueles não tem, é referência regional para atendimento hospitalar, ou seja, cidade da qual se socorrem as prefeituras e os doentes de todos os municípios da Zona Sul.

Pressões do tipo ocorreram em Pelotas, mas também em outras partes do estado, como na região serrana. A pressão da Azonasul, articulada com o meio empresarial, surtiu efeito.

Com exceção de Paula, todos os prefeitos da Zona Sul recorreram da bandeira vermelha, buscando fazer com que o governo do estado os mantivesse em laranja, e conseguiram.

O governo do estado acatou os recursos deles, e (aqui um fato que merece destaque), ao aprová-los, incluiu Pelotas à revelia na reversão da bandeira, mesmo que Paula não tenha recorrido.

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Com poucos leitos de reserva em UTI, e sendo Pelotas cidade-referência em internação, para onde afluem doentes de outros municípios, Paula queria ficar em vermelha por isso, para não ter de ficar sem retaguarda para atender pacientes graves.

Ao acatar a laranja, sem tê-la pedido, a impressão é de que não decide mais o próprio destino como gestora. Para efeitos práticos, foi neutralizada – e aceitou que o fizessem. Ao neutralizá-la, politicamente ao menos, nem chegam a prejudicá-la.

Como os avanços do contágio e seus reflexos sobre o sistema de saúde estão em alta, ela poderá, no futuro, se quiser, aliviar de seus ombros a eventualidade de um revés mais sério no atendimento.

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Lockdown

Na live desta segunda-feira (3), Paula quis, ainda assim, mostrar alguma independência, dizendo que decretará lockdown na cidade no próximo fim de semana e que poderá se estender pela semana seguinte.

Lockdown de fim de semana não chega a ser um problemão para o comércio, já que as pessoas compram presentes (para datas como Dia dos Pais, domingo, 9) com dois, três dias de antecedência.

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Na linha do tempo, um lockdown de fim de semana, mesmo que respeitado, faz diferença zero. E, contra ele, nem mesmo a Azonasul se oporia.

Faria diferença se o lockdown durasse pelo menos uma semana inteira, mas isto, hoje (4), embora sugerido, não parece crível.

Se Paula fizesse um lockdown de pelo menos 9 dias, no fim de semana próximo e toda a semana que vem, estaria contrariando a gestão regional compartilhada da crise, pela qual a Azonasul ou a ansiar (assim como o governo do estado) e pela qual já obteve voz.

Tanto está (ão) obtendo voz que Paula aceitou a bandeira laranja sem ter recorrido.

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Ao comprar a tese do segmento produtivo, a Azonasul requer do Piratini que aprove o direito de os prefeitos decidirem por maioria as medidas em relação à covid, não por unanimidade dos prefeitos. Se este pleito ar como, pelo dito, sugere-se que ará, o isolamento formalmente deixará de ser social para ser político.

Prefeitos que forem minoria nas votações na Azonasul, mesmo dirigindo cidades-referência para internação hospitalar, como é o caso de Pelotas, e que por isso deveriam ter peso maior numa votação em que a saúde é foco de interesse, terão de aceitar decisões de outros que não são referência, mesmo que elas conduzam a uma sobrecarga do sistema de saúde.

Embora Paula tente mostrar que não perdeu o pulso, a verdade, por ora, é que perdeu.

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Mesmo que não tenha recorrido da bandeira vermelha, a “circunstância” de o governo do estado ter devolvido Pelotas à laranja à revelia da prefeita a “absolveu” parcialmente.

Paula poderia ter protestado contra a reclassificação em laranja, já que, alarmada com os 90% de ocupação dos leitos adultos de UTI, considerava como correta para Pelotas a bandeira vermelha. O fato é que não protestou.

E, relembrando, neste momento a ocupação voltou aos 90%.

Leite: ônus e bônus

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    Jornalista e escritor. Editor do Amigos de Pelotas. Ex Senado, MEC e Correio Braziliense. Foi editor-executivo da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Atuou como consultor da Unesco e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Uma vez ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo, é autor dos livros Onde tudo isso vai parar e O fator animal, publicados pela Editora Lumina, de Porto Alegre. Em São Paulo, foi editor free-lancer na Editora Abril.

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    1 Comment

    1 Comments 4g66a

    1. Danilo Moreira

      04/08/20 at 21:55

      Boa noite!
      Em relação a decisão de recorrer da bandeira vermelha pela maioria dos municípios que compõe a Azonasul, me pergunto, se esses gestores municipais tivessem a responsabilidade de istrar um número reduzido de uti’s mesmo sendo uma cidade “polo” como Pelotas, será que teriam a mesma postura??? Na minha ignorância em gestão pública eu acredito que eles tomariam a mesma decisão da prefeita Paula!
      Ainda na minha ignorância, eu acho que o peso do voto de um ou mais municípios onde não se tem a mínima estrutura hospitalar, seja por falta de verba ou istração ineficiente, onde o que parece importar nesse momento são valores que nada tem a ver com o cenário da saúde pública, na minha modesta opinião eles não poderiam nem votar!!!
      Fica fácil recorrer de uma bandeira mais restritiva quando não se tem preocupação com o seu paciente, ” manda pra Pelotas, lá eles tem recursos… Enquanto isso me preocupo com outras coisas como seguir istrando como se nada estivesse acontecendo.”
      Desculpa por ter me estendido demais, mas esse é o pensamento de um cidadão pelotense que as vezes fica indignado com os fatos e resolve da maneira dele colocar a sua opinião.

      Att,
      Danilo

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    Brasil e mundo 3m3y11

    Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio b4o68

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    Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

    Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

    Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

    Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

    Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

    Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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    Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

    No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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    Cultura e entretenimento 1f3218

    O perigo das Gagas da vida 1n4w28

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    Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

    Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

    Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

    Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

    Como assim caos interior?

    Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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    A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

    Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

    Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

    É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

    Mas depois se reerguendo.

    Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

    Gagaaaaaa.

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