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O tal jornalismo funerário drc

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Na personalidade do jornalista, acredito, predominam os genes da curiosidade e da indignação, uma ânsia vaga por “justiça” que muitas vezes tem a ver com a própria experiência, com alguma dor pessoal. Pode ser simplista, já que os humanos são complexos, mas creio nisso.

amos os dias procurando “furos”, nos mais variados sentidos: a primazia de noticiar (furar os colegas, no jargão jornalístico), o espírito detetivesco de localizar o furo na história bonita, mas mal contada, porque, para nós, “não há perfeição”. O problema é que nem todos seguram o furor por aí, querendo também ferrar os outros. Não pode ser assim, porque o jornalista acaba com o papo envenenado.

Quando há ódio, não há jornalismo. A sociedade é imperfeita. O homem é precário. As pessoas são contraditórias. Todo mundo erra. Quando um jornalista começa a tratar as pessoas como se não pudessem ser humanas, algo não vai bem com ele.

Vejo aqui e ali um certo prazer no estardalhaço em dar a má notícia, como se fossem ativos participantes de um Carnaval mexicano, e diria que a motivação tem a ver com questões emocionais mal resolvidas, uma necessidade de “encontrar um culpado por algum crime”, com frequência a autoridade pública, em quem, de repente, são projetadas todas as responsabilidades por tudo que ocorre e não ocorre.

Em geral, o que move o jornalista e o gestor público possui naturezas opostas. O segundo vive de segredos, o outro, de revelá-los. Como Tom e Jerry, são incompatíveis. Mas daí a querer sentenciar de imediato todos os gestores, em vez de registrar a história, há um flagrante equívoco.

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