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Opinião

Para dissidentes do PP, tucanos já escolheram vice de Paula

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Para o grupo do PP pelotense que vem defendendo candidatura própria a prefeito de Pelotas, e indicando para tal o ex-prefeito Adolfo Antonio Fetter Jr., os tucanos já se decidiram de quem será a vaga de vice-prefeito.

Para eles, Paula Mascarenhas concorrerá à reeleição com o PSL de vice.

O candidato do PSL a vice seria Henrique Pires, atual presidente da sigla na cidade.

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Henrique Pires na embaixada do Brasil na Argentina

O grupo progressista acima diz ter informações extraoficiais (como não poderia ser diferente) de que o governador Eduardo Leite, tucano como Paula, fechou um acordo com o presidente do PSL estadual, deputado federal Nereu Crispim, para que o PSL seja vice do PSDB em cinco cidades importantes da região, como Pelotas, terceiro maior colégio eleitoral do estado.

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O PSL é cobiçado porque possui mais do dobro de tempo de propaganda eleitoral que o PSDB, além de grande fatia do fundo partidário eleitoral, embora se deva lembrar que o montante sempre é repartido entre vários candidatos e municípios.

O PSL teve seis presidentes diferentes desde que abrigou Bolsonaro para sua eleição, até que Pires tomou posse na presidência da agremiação, após deixar a Secretaria de Cultura do governo federal.

O volume de ex-presidentes, 5, dá uma ideia da flexibilidade ideológica do partido e da maleabilidade política. Vários dos que saíram acreditavam que o PSL estava alinhado com as ideias de direita que elegeram Bolsonaro. Quando viram que não, entraram em atrito com a direção estadual e saíram.

Pois a banda do PP que defende candidatura própria (Fetter), e portanto o afastamento do partido do governo atual, onde desde o começo ocupam cargos, acredita que os tucanos estão postergando de propósito a definição de a qual partido cederão a vaga de vice, para reduzir o tempo de preparação do PP para o pleito. Na lógica deles, por mais que se espere, o PP não será o escolhido para compor com os tucanos.

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Um acordo firmado internamente pelo PP definiu o dia 15 de julho como data-limite para que o PSDB pelotense desse uma resposta se aceitava o PP de vice ou não. Uma reunião ocorreu na casa do presidente do PP, Roger Ney, com a presença da prefeita Paula, para tratar do tema, dizem.

Com a pandemia, o TSE adiou a eleição em 40 dias, e, internamente, o PP aprovou, igualmente, segundo Ney (pretendente a vice de Paula), o adiamento proporcional da data de resposta dos tucanos para 20 de agosto.

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A banda progressista considera, porém, o adiamento inadequado. Para eles, os tucanos tiveram tempo de sobra para decidir, e, por isso, postergar o prazo até 20 de agosto não faria sentido.

Mesmo que o calendário eleitoral tenha mudado, para eles, uma coisa não está vinculada à outra, inclusive porque estão convencidos do tal acordo entre Leite e Crispim citado acima.

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Os progressistas que assim entendem dizem que o PSDB, traumatizado com os conflitos entre a então governadora Yeda Crusius e seu vice, Paulo Feijó, do PFL, na primeira década dos anos 2000, buscam sempre um vice que não cause problemas, com receio de sombras.

Teria sido assim com Paula, quando foi vice do Leite prefeito, ambos do grupo original de Bernardo de Souza (ex-prefeito de Pelotas), próximos pessoalmente, e teria sido assim com Idemar Barz, que, mesmo sendo de outro grupo político, filiado ao PTB, é homem de temperamento afável, cuja afinidade com a titular vai da cabeça aos pés, depois que incorporou à indumentária pessoal um item do closet da prefeita, o tênis All Star.

Além do capital do PSL, tempo de televisão e rádio, e do grande volume de recursos do fundo partidário eleitoral, os progressistas dissidentes lembram que Pires pertence igualmente ao grupo político original que se formou em torno de Bernardo, como Paula e Leite, e possui um temperamento conciliador, afetuoso, uma garantia de paz.

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2 Comments

2 Comments

  1. MARCUS VINICIUS AGUILAR MEINE

    09/08/20 at 11:02

    Cabe ressaltar que este PSL não é o mesmo ao qual o PR Bolsonaro pertencia, tanto que no final de 2019 o mesmo saiu do referido partido. Também cabe esclarecer que o atual presidente estadual foi alvo de Operações da PF e responde no STE por supostas irregularidades na última campanha eleitoral.

  2. Thiago

    22/07/20 at 02:45

    Perfeita analise!! Paula e Henrique Pires 2020!!!

Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Brasil e mundo

Vivendo em mundos paralelos

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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