Connect with us

Brasil e mundo

UFPel alerta sobre uso de medicamento de eficácia não comprovada para covid-19

Publicado

on

O Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia da Covid-19 da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) lançou, na manhã desta terça-feira (14), uma nota de alerta sobre o uso de medicamentos de eficácia não comprovada como política pública no combate à Covid-19.

Além do Comitê, o documento também é assinado por mais 30 profissionais e pesquisadores da área da saúde.

Abaixo, a nota:

MEDICAMENTOS NÃO COMPROVADOS

Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados ao uso de medicamentos para o tratamento da COVID-19, o Comitê UFPEL Covid-19 declara seu apoio às manifestações de diferentes sociedades e instituições científicas sobre o suposto “tratamento precoce” com o uso de diferentes medicamentos contra a COVID-19 e que NÃO APRESENTAM RESULTADOS POSITIVOS COMPROVADOS, TAIS COMO IVERMECTINA, CLOROQUINA, HIDROXICLOROQUINA E AZITROMICINA.

Tem sido propagada por diversos gestores, órgão de imprensa e profissionais de diversas áreas experiências individuais ou estudos com problemas metodológicos para justificar o uso de tais medicamentos, contrariando a boa prática científica.

Diversos grupos de pesquisadores têm estudado de maneira responsável o tema e divulgado resultados que apontam, no momento, a ineficácia das referidas medicações para fins de tratamento da COVID-19.

Toda a população mundial espera que um tratamento cientificamente efetivo para o combate ao COVID-19 esteja disponível o mais rápido possível. No entanto, é inissível a adoção de medidas que não seguiram os preceitos básicos da metodologia científica, o que traz riscos para a população e pode implicar na responsabilização ética e legal dos gestores.

Publicidade

Finalmente, frente ao movimento que ocorre junto aos prefeitos da Zona Sul para a implantação do tratamento precoce como política de saúde pública para o combate a COVID-19, a UFPEL reitera que não recomenda o uso das medicações para tal finalidade e sugere aos gestores que consultem e sigam as orientações de organizações científicas reconhecidas, tais como a OMS e diversas sociedades científicas nacionais e internacionais, como a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV).

14 DE JULHO DE 2020.

COMITÊ INTERNO DA UFPEL PARA ACOMPANHAMENTO
DA EVOLUÇÃO DA PANDEMIA DA COVID-19
.

Também assinam a nota os seguintes profissionais e pesquisadores da área da saúde:

• Cesar Gomes Victora – Médico Epidemiologista. Mestre e Doutor em Epidemiologia.

• Ana Maria Baptista Menezes – Médica Pneumologista e Epidemiologista.

• Danise Senna Oliveira – Profa. Adjunta Infectologia UFPEL. Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias USP/SP.

Publicidade

• Paulo Orlando Alves Monteiro – Especialista em Clínica Médica, Infectologia e Medicina Intensiva. Doutor em Epidemiologia.

• Fábio de Moura Pinto – Especialista em Clínica Médica. Preceptor do HE-UFPel.

• Helena Souza van der Laan – Pneumologista e mestre em pneumologia pela UFRGS. EBSERH-HE.

• Carolina Ávila Vianna – Médica Cardiologista. Docente e Técnica istrativa da Faculdade de Medicina da UFPel. Doutora em Epidemiologia pela UFPel.

• Rafaela Carlise Savariz – Médica Gastroenterologista. Docente da Faculdade de Medicina da Uel.

• Bianca Rodrigues Orlando – Médica Intensivista da Ebserh/Hospital Escola da UFPel e do Hospital Universitário São Francisco de Paula/Uel.

• Sílvia Elaine Cardozo Macedo – Professora Associada de pneumologia UFPE. Doutora em Pneumologia UFRGS.

Publicidade

• Eduardo Coelho Machado – Médico Endocrinologista. Técnico istrativo da UFPel. Mestre em Epidemiologia pela UFPel.

• Cezar Arthur Tavares Pinheiro – Médico. Especialista em Clínica Médica e Infectologia, Mestre e Doutor em Saúde e Comportamento (UEL).

• Cristiane Becker Neutzling – Médica Cirurgiã do Aparelho Digestivo. Chefe Médica do Hospital Escola da UFPe/Ebserh. Mestre em Ciências da Saúde pela Unifesp.

• Maria Laura Vidal Carrett – Médica. Especialista em Medicina Preventiva e Social. Mestre e Doutora em Epidemiologia.

• Maurício Moraes – Médico servidor TAE. Especialista em Medicina Preventiva e Social. Mestre em Educação e Doutor em Saúde e Comportamento.

• Ana Maria Ferreira Borges Teixeira – Médica Geral Comunitária. Doutora em Epidemiologia.

• Bárbara Heather Lutz – Médica de Família e Comunidade. Mestre em Epidemiologia. Prof. Assistente UFPel.

Publicidade

• Ana Paula Oliveira Rosses – Servidora TAE. Médica de Família e Comunidade. Mestre em Epidemiologia.

• Ângela Moreira Vitória – Médica de Família e Comunidade. Mestre em Epidemiologia.

• Denise Silva da Silveira – Médica. Mestre e Doutora em Epidemiologia.

• Rogério da Silva Linhares – Médico de Medicina Preventiva e Social e Medicina de Família e Comunidade. Mestre e Doutor em Epidemiologia UFPel.

• Maria Aurora Dropa Chrestani Cesar – Médica de Medicina Preventiva e Social. Mestra e Doutora em Epidemiologia.

• Eduardo Gehling Bertoldi – Médico Cardiologista. Mestre e Doutor em Cardiologia.

• Ana Maria Baptista Menezes – Médica Pneumologista e Epidemiologista. Mestre e Doutora em Medicina (Pneumologia).

Publicidade

• Everton Fantinel – Médico. Especialista em Medicina Preventiva e Social. Mestre em Epidemiologia.

• Marina Peres Bainy – Médica Cirurgiã e Intensivista. Docente da UFPel e Mestre em Saúde e Comportamento pela Uel.

• Edgard Vernetti Ferreira – Médico Intensivista do Hospital Universitário São Francisco de Paula/Uel. Médico Perito e Técnico istrativo em Educação da UFPel. Médico Auditor da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul.

• Berenice Scaletzky Knuth – Médica Especialista em Nefrologia e Medicina do Trabalho. Mestre e Doutora em Saúde e Comportamento.

• Marcelo Fernandes Capilheira – Médico Especialista em Medicina Preventiva e Social. Mestre e Doutor em Epidemiologia.

• Aline Ayub – Médica Especialista em Medicina Preventiva e Social.

• Nadia Fiori – Médica Especialista em Medicina de Família e Comunidade. Mestre e Doutora em Epidemiologia.

Publicidade

• Maria Laura Silveira Nogueira – Médica Especialista em Saúde Pública e em Saúde da Família.

Publicidade
Clique para comentar

Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

Publicado

on

Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

Publicidade

Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

Publicidade
Continue Reading

Brasil e mundo

Vivendo em mundos paralelos

Publicado

on

Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

Publicidade

Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

Publicidade
Continue Reading

Em alta

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading