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Cultura e entretenimento

QUANDO A MÁ EDUCAÇÃO MERECE APLAUSO

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Frank Tassone tinha o sonho de que o colégio que ele coordenasse fosse o número 1 dos EUA.

Em 1992, ao se mudar para Roslyn e ter a tarefa de istrar a escola distrital de Long Island, a instituição ficou conhecida por seu recorde de issões nas melhores universidades americanas.

Em 2004, uma correspondência anônima foi entregue aos jornais da região e ao conselho estudantil, alegando que ele desviava dinheiro da escola para gastos pessoais.

O autor do documento nunca foi revelado, mas graças a ele uma grande investigação sobre as mentiras de Frank Tassone ganhou notoriedade. Além dele, outros funcionários também estavam envolvidos, em um total de 11 milhões de dólares desviados, no que se tornou um dos maiores escândalos da história americana.

Baseado nesta impressionante história real, Má Educação é um telefilme da HBO com Hugh Jackman no papel do protagonista. Frank Tassone trabalha como superintendente de um colégio, atuando com grande prestígio junto aos professores, pais e alunos.

https://youtu.be/BkC4C4iRKCw

Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal da escola, ele a incentiva a sempre escrever algo realmente interessante, em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar um ambicioso projeto da escola e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade.

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Dando a sensação de que se estamos diante de um castelo de cartas prestes a desabar, o diretor Cory Finley acerta ao liberar as informações aos poucos. Com isso, assistimos a desconstrução de herói a monstro de Tassone.

Aliás, o protagonista é praticamente um sociopata, mas ao seu redor, somente a tesoureira Pam Gluckin (Alisson Janney) parece enxergar isso.

Quando a matéria da estudante foca diretamente no protagonista, suas camadas mais obscuras sobressaem. Esta é a deixa para que o roteirista Mike Makowsky consiga explorar os podres de quem rodeia Tassone, incluindo a própria Pam.

Em um dos melhores trabalhos de sua carreira, Hugh Jackman está incrível ao trazer o carisma de um homem visivelmente perfeito, porém extremamente calculista. Sua sutileza nas nuances entrega um personagem definido pela aparência, mas que, apesar do charme, sabemos que há algo errado com ele.

Com um título que não poderia ser mais apropriado, Má Educação é um filme com uma história interessante, e que choca exatamente por ser verídica. Uma excelente opção para assistir em casa.

Déborah Schmidt é formada em istração e servidora.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento

O perigo das Gagas da vida

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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