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Brasil e mundo

‘Nenhum espírito emerge do computador’. Por Neiff Satte Alam

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“O computador e o cérebro são duas máquinas, mas uma é produzida, fabricada, organizada pela mente humana, saída de uma máquina cerebral inerente a um ser dotado de sensibilidade, de afetividade e de autoconsciência. Nenhum espírito emerge do computador, mesmo numa cultura, já o cérebro tem a capacidade, pela mente, de reconhecer-se como máquina e mesmo saber que é mais do que uma máquina.”  (Edgar Morin)

Há um necessário hiato entre as primeiras décadas da criação dos computadores e a utilização destes e de toda uma rede que se formou em torno destas máquinas. Realidade que causou muitas teses ou simples opiniões relativas a um descomo entre os procedimentos e tecnologias mais tradicionais, no que diz respeito aos métodos de ensino-aprendizagem e as demais atividades humanas, isto é, a Escola sempre movimentando-se alguns os atrás das outras instituições.

Um dos motivos de tal descomo refere-se ao atraso em mudarmos nossa forma de pensar. Nosso pensamento linear teria que evoluir para um pensamento não linear, em rede, acompanhando tanto a forma de trabalhar da máquina artificial como o modo natural de ação de nosso cérebro – os neurônios trabalham em rede! O outro motivo é a competição entre a Inteligência artificial e a inteligência humana.

O meio pressionando para que, em momentos de maior necessidade de resposta a problemas, a inteligência humana deva ser pressionada e se valer da capacidade mental, que o computador não tem, pois a mente está sempre um o à frente da inteligência. Uma crise planetária, uma PANDEMIA, por exemplo, pode ser o catalisador para que vençamos obstáculos, hiatos e acomodações, dando um

SALTO PARA O FUTURO.

As Escolas, tradicionais na sua pedagogia, preguiçosa no uso de novas tecnologias, achando-se autossuficiente na obtenção de resultados e limitando-se a uma conservadora linearidade, vêm-se, repentinamente, impulsionadas para uma ação pedagógica online, não presencial. Alunos e professores distanciam-se, mas precisam ter uma conexão próxima, a única forma encontrada é um trabalho remoto, cada um em um local diferente, mas conectados pela rede de computadores, a Internet.

Mesmo já existindo tecnologias de Ensino a Distância, com métodos e tecnologias apropriadas, estas não se encaixam na realidade das Escolas, totalmente presenciais, algumas com alguma atividade online, mas que não atendem a nova demanda, a nova realidade, mesmo que temporária.

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Escolas públicas, praticamente todas, além da maioria das Escolas particulares, pegas de surpresas, têm que transformar o o a o da conquista das novas tecnologias, em SALTOS.

O primeiro salto é um misto da atividade remota, online, simplesmente replicando, substituindo, a atividade presencial. É o que denominamos de Ensino Remoto. Algumas Escolas estão desenvolvendo bem este Ensino Remoto e já se encaminhando para aperfeiçoá-lo para o próximo salto: assumir as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs)com uma fração de atividades de ensino a distância, que irá crescendo na proporção em que se dominar esta forma não linear de construção de conhecimento e competências, sempre dando mais valor a atividade presencial, onde o contato aluno/professor e aluno/aluno seja valorizado, pois “o cérebro tem a capacidade, pela mente, de reconhecer-se como máquina e mesmo saber que é mais do que uma máquina”, nesta constatação fica claro que estamos realmente dando um importante SALTO PARA O FUTURO!

Neiff Satte Alam é professor Universitário Aposentado – UFPEL Biólogo e Especialista em Informática na Educação

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4 Comments

4 Comments

  1. Geraldo Hasse

    26/06/20 at 22:48

    Uai, Neiff Satte Alam virou Papa? Ele está jogando luz na escuridão, é verdade, mas torço para que continue professor on line aqui no Amigos ou onde for. Como dizia um amigo, os papas são gaios de repetição

  2. josefrade

    22/06/20 at 07:21

    Uma nova realidade se impôs às características civilizacionais: a solidão. Um Papa caminhando sozinho por ruas desertas, falando para um vazio imenso, numa praça vazia ou no interior de uma gigantesca nave, são imagens bem paradigmáticas da desagregação que vivemos.

    • Maria Constança Caetano

      25/06/20 at 21:37

      Ninguém estará sozinho, quando suas palavras e até seu silêncio é acolhido por alguém, especialmente, um líder como o Papa. Há uma presença espiritual de todos aqueles que ele congrega. E essa realidade é tão viva que, se assim não fosse, a praça do Vaticano cheia de gente seria, na verdade, apenas uma aglomeração sem sentido algum.

      • josefrade

        28/06/20 at 12:00

        O simbolismo de uma imagem não altera a natureza dos vínculos espirituais. Mas pode fazer-nos pensar no algo que se perdeu com esta pandemia.r A Humanidade é um conceito multi-cultural, mas a nossa existência enquanto seres gregários pressupõe vivência social. Somos sociedade. e será difícil continuar a afirmá-lo sem a dimensão da proximidade. Muita da nossa realidade se gera pela qualidade de o. ando o computador ou ou celular a ser um instrumento intermediário, interposto entre os seres humanos dispersos, a tristeza perará todos os espíritos, mais cedo ou mais tarde…

Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Vivendo em mundos paralelos

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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