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Médica conta como foi agressão na sala de parto e faz sugestão 614z3j

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Procuramos a médica obstetra Scilla Lazzarotto, agredida no final da manhã desta sexta-feira (29), no Hospital Escola da UFPel. Ela recebeu uma voadora durante um trabalho de parto. E mais socos e puxões de cabelo.

A violência foi tamanha, que desmaiou.

Scilla conta que, segundos antes de agressão, ocorrida por volta das 11h, o homem a ameaçou de morte, informando que estava com revólveres numa bolsa que trazia no ombro.

“Ele disse que ia me dar um tiro”.

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Scilla, que foi professora na UFPel e na Uel, conta que foi a primeira vez, em 22 anos de carreira, em que um fato assim ocorreu com ela.

O que aconteceu para chegar nesse ponto? Ela narra o episódio:

“A legislação permite que gestantes sejam acompanhadas no parto por um familiar de sua escolha. Ela escolheu o marido, um rapaz de pouco mais de 20 anos de idade. A paciente estava em trabalho de parto humanizado, natural, rigorosamente monitorada. Mesmo assim, ele estava nervoso.

Minutos antes, tinha ameaçado colegas meus. Não gostou quando um colega meu, dr. Eduardo, entrou na sala para, num revezamento comigo, supervisionar o andamento. Não gostou porque era um médico homem, queria uma mulher médica, e avisou que estava perdendo a paciência.

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Ele disse que estávamos torturando a mulher dele, e que sabia o que era tortura, porque a havia sofrido no quartel.

Provavelmente ele se referiu à tortura porque o trabalho de parto natural exige uma série de procedimentos, massagens nas costas da paciente, sentá-la num banquinho, aplicar soro, esperar pela dilatação completa, cenas que podem perturbar quem não está acostumado.

O fato é que o parto estava sob controle, nós estávamos esperando a dilatação perfeita para retirar o bebê, seguindo os protocolos.

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Num certo momento, avisei a ele que a dilatação não estava perfeita e que o correto era fazer uma cesárea. Ao dizer isso, ele descompensou.

Foi aí que veio a ameaça e a agressão. Dei as costas para sair da sala e preparar a cesárea. Ele veio por atrás, me impediu de sair e avisou que tinha na bolsa dois revólveres, um 38 e um 42, e que ia me matar.

Fiquei branca, mas falei: ‘Eu não tenho medo de revólver, porque aqui estou de coração para cuidar das mães e dos bebês’. Ponderei também que se ele me matasse, o parto corria riscos, já que era eu quem estava responsável pelos trabalhos.

Médicos residentes entraram na sala e o tiraram de cima. Ele então telefonou para alguém e disse que ‘havia feito m… agredido uma médica’.

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Na sequência, fugiu do local.

O parto foi feito, mãe e filho am bem”.

Casal grava vídeo acusando médica de maus tratos em parto

A médica Scilla encerra o relato com uma reflexão:

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“Fala-se tanto em parto humanizado… e eu já fiz mais de 10 mil partos, apaixonada por obstetrícia. Esse episódio lamentável me faz pensar que o pré-natal deveria preparar não só a mulher, mas o casal, porque o marido, o familiar, a maioria, não sabe o que é o trabalho de parto, as longas contrações, algumas chegando a durar 10 minutos, sangue, secreções etc.

Raríssimos os maridos que am pelo pré-natal. Seria importante que todos assem, para que entendam que um parto não é como em novela, que tem aquelas cenas que eu falei, e que não é tortura, é normal”.

Scilla fez tomografia, está urinando com sangue, mas a bem.

O hospital registrou um boletim de ocorrência na polícia.

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