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Brasil e mundo

Universidade do RS apresenta ventilador pulmonar desenvolvido por voluntários

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Se depender do engajamento de um grupo de engenheiros, técnicos e empresários, da Universidade de Caxias do Sul, por meio de seu Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação – TecnoUCS e do Hospital Geral (HG), os hospitais de campanha a serem instalados na região para o recebimento de pacientes da Covid-19 receberão, gratuitamente, ventiladores pulmonares desenvolvidos e produzidos inteiramente por um trabalho conjunto de professores e voluntários.

O aparelho foi apresentado na quinta, dia 8, no auditório do HG, para autoridades, empresas, entidades e imprensa, e em live aberta transmitida pelo Facebook da UCS e pelo Youtube do HG.

O equipamento foi desenvolvido a partir da formação do grupo de trabalho, por iniciativa da UCS, em 24 de março. O protótipo funcional, montado com componentes obtidos de empresas locais, foi testado e aprovado apenas 12 dias depois, no sábado (4).

Nos últimos dias, foi aperfeiçoado para ganhar as condições de produção em série e para ser encaminhado a novas verificações de engenharia – agendadas para a próxima segunda (13) e terça (14), em laboratórios acreditados do complexo de Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica (LABELO) da PUC-RS, em Porto Alegre.

Antes mesmo do primeiro teste, a direção técnica do HG solicitou à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ligada ao Ministério da Saúde, autorização para testagem clínica (com pacientes, em ambiente hospitalar).

O retorno ao pedido está sendo aguardado. “É uma máquina funcional do ponto de vista da engenharia clínica, com as condições de controle e segurança necessárias a pacientes com bloqueio neuromuscular”, assinalou o diretor técnico do HG, Alexandre Avino, na apresentação desta quinta.

Produção industrial 

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Com a aprovação nas novas avaliações, será possível encaminhar o aparelho para a produção industrial. Conforme o coordenador do curso de Engenharia Mecânica da UCS, Alexandre Viecelli, que esteve à frente da equipe de engenharia, a meta inicial é de montagem de 300 unidades, o que pode ocorrer em quatro a cinco semanas.

De acordo com o engenheiro Hugo Souza, representante dos profissionais e empresários que participam da ação, do projeto à finalização a criação do modelo, batizado de Frank 5010, somou 1,5 mil horas de trabalho de engenharia, quantidade que será aumentada na próxima semana com as adequações que podem ser feitas conforme as exigências dos últimos testes. A etapa de desenvolvimento deve estar concluída até quarta-feira, dia 15.

Para viabilizar a fabricação, o TecnoUCS tem trabalhado na busca de doações de componentes por fornecedores. Uma vez prontos e devidamente certificados conforme as normas de funcionalidade, confiabilidade e segurança das agências reguladoras, os ventiladores serão doados, inicialmente, a hospitais de campanha. Se necessário, a demanda de produção será aumentada, podendo o aparelho chegar à rede pública de saúde em caso de emergência.

Oportunidades na crise

do projeto em nome do parque científico-tecnológico da Universidade – que também contou com professores, egressos e estudantes envolvidos – o coordenador-executivo do TecnoUCS, Enor Tonolli Jr, salientando os resultados obtidos pela união de esforços e competências em tempo exíguo, chamou a atenção para os aprendizados e oportunidades trazidos pela situação excepcional vivenciada por, literalmente, todo o mundo. E para a necessidade e utilidade do investimento em pesquisa e tecnologia.

“A questão é o quanto esse evento nos ensina a nos mover na criação de novas possibilidades, como a de expandir a produção de conhecimento. Neste projeto, mostramos criatividade e capacidade de desenvolvimento, mas pesquisa também se faz com financiamento, para poder operar”, ressaltou, justificando: “Quando eventos e pessoas alteram as regras do presente, novos potenciais futuros emergem e outros se dissolvem. É por isso que mudar a maneira como a gente navega em direção ao futuro é tão importante”.

Representando o Executivo municipal, participaram do encontro o vice-prefeito Elói Frizzo e o secretário municipal da Saúde, Jorge Olavo Castro. Pelo Legislativo, os vereadores Paulo Périco (MDB) e Rafael Bueno (PDT). O presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), José Quadros dos Santos; o reitor da UCS, Evaldo Kuiava; e o diretor do Hospital Geral, Sandro Junqueira, também acompanharam a apresentação.

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Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa contra o trauma. Pois, assim como a criança traumatizada, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas se refugiam no mundo virtual, guardando, do mundo concreto, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que, eis o ponto, como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além disso, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Vivendo em mundos paralelos

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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