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Quando uma capital se valoriza todo o estado ganha, o aumento do fluxo para uma capital pode beneficiar outras regiões também. E vice versa, a capital pode se beneficiar do turismo como é o caso de quem a por Porto Alegre para ir a Gramado, ou quem vai para Fortaleza e depois para Jericoacoara.
Cobrar cerca de 5 reais por dia de carros que não são de Porto Alegre, quando vierem à capital, é uma “ideia de jerico”, que além de atrapalhar trabalhadores que dependem de carro para suas atividades, prejudica nosso comércio e torna a capital mais antipática para todos. Está na contramão de outra ideia dessa mesma gestão municipal, que é a da roda gigante na beira do Guaíba, uma iniciativa que valoriza a apreciação de nossas belezas naturais.
Precisamos de mais turismo e menos taxas. E podemos buscar inspiração no próprio Brasil, nem precisamos ir tão longe para nos inspirar na roda gigante de Londres, porque há coisas que não se pode reproduzir aqui, como as tomadas das paradas de ônibus de Paris. Podemos nos inspirar por exemplo, no teleférico de Poços de Caldas ou de Camboriú, este com vista do mar, ambos aproveitando os morros locais. No governo Ieda se falou em criar um Parque em cima do morro, porque não criar uma linha de teleférico que partisse do morro em direção à Orla do Guaíba?
É inspiradora a Estação das Docas de Belém do Pará, que é um sucesso absoluto de público e de movimento no comércio local. Com a arquitetura original das docas preservada, um ambiente rústico bem cuidado fica “chique”. A arquitetura de valor histórico ali casou bem com o contemporâneo, como um palco móvel que circula “no teto”, circulando sobre os bares, com música ao vivo. É inspirador o turismo no Delta do Parnaíba, lá no Piauí, num trajeto em que os barcos mostram as belezas naturais e os caranguejeiros, porque não promover um trajeto turístico no Delta do Jacuí?
Não precisamos da Torre Eiffel porque já temos o Gasômetro, reproduzido inclusive no Mini Mundo de Gramado. Mas podemos fazer como mineiros, catarinenses, paraenses, piauenses, brasileiros como nós, que tem valorizado suas belezas naturais para estimular a economia e os negócios. Com turistas do país inteiro vindo em pacotes turísticos para Gramada e Canela, é um desperdício de oportunidades não criar roteiros turísticos na capital gaúcha.
Claro que investir em turismo – um ramo de negócios cada vez mais importante e que beneficia todos os outros – requer cuidados em infraestrutura, inclusive a segurança para os visitantes. Ajuda se a Prefeitura não cobrar dos carros de outra cidade e se zelar para impedir minas de carvão à beira do Guaíba, também.
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© Montserrat Martins é médico, autor de “Em busca da Alma do Brasil”