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Cultura e entretenimento

Educação ambiental: nossa responsabilidade para com o futuro

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Neiff Satte Alam *

“Educação ambiental é a introdução de conceitos complexos de modo a interconectar diferentes áreas do conhecimento propiciando um processo permanente de auto organização. Neste processo se deve evidenciar que o homem é membro permanente e ativo do ecossistema global sendo, portanto, corresponsável pela evolução equilibrada deste ecossistema e maior responsável pela sustentabilidade ambiental/social/econômica, pois é o único ser vivo que tem consciência de ado, presente e futuro e consciência espacial ilimitada.”   SATTE ALAM, N.O.G.

A heterogeneidade complexa da organização planetária permite-nos uma visão temporal e espacial absolutamente holística. Cada parte do nosso Planeta está inter-relacionada em um complexus (área de interação entre duas ou mais partes) dinâmico e que respeita, para manter a harmonia do todo, as individualidades de cada parte que o todo é maior do que a soma das partes e o todo exibe padrões e estruturas que surgem espontaneamente do comportamento das partes.

Considerando-se que o macro ecossistema global é a soma de grande número de micro, meso e macroecossistemas , com um quase infinito número de possibilidades de interações e  que ainda estão, cada um destes sistemas, em processo dinâmico de auto organização, não é difícil imaginar-se a hercúlea tarefa de compreensão destas interações; da dificuldade de controlar as ações humanas que vem interferindo nestas relações; adequação humana ao equilíbrio dinâmico necessário para que as auto organizações de cada parte não comprometam a vida humana no planeta e dos seres que se articulam com o homem dentro de um quadro de biodiversidade em equilíbrio dinâmico – um clímax que está sempre em vias de mudança dentro de um esquema de sucessão ecológica de readequação planetária.

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Fazendo um recorte do parágrafo inicial, onde se diz“ …que o homem é responsável pela sustentabilidade ambiental/social/econômica, pois é o único ser vivo que tem consciência de ado, presente e futuro e consciência espacial ilimitada…”   é importante somar-se a isto que, mesmo tendo esta situação especial, o homem é parte integrante, ativa e obedecendo a todas as leis que regem os mecanismos de auto organização do(s) ecossistema(s), iva ou ativamente e, na grande maioria das vezes, sem ter nenhuma capacidade alterar as mudanças que ocorrem por conta destas sucessões ecológicas, tenha ele participado ou não dos fenômenos que geraram estes eventos. Logo, o homem não pode sentir-se em posição de observador, mas sim de parte integrante do ecossistema.

O que difere o homem dos demais seres vivos é o conhecimento de si, de sua história pessoal, do conhecimento da história da humanidade, dos fenômenos que interferem na vida na Terra, da capacidade de prever situações futuras por ações no presente e principalmente por ter consciência filosófico/científica das consequências que sua ação terá no destino do Planeta.

O respeito ao ambiente e as leis que regem os processos de equilíbrio, está intimamente e indissociavelmente relacionado com o desenvolvimento sócio econômico. Esta interdependência tem provocado enormes conflitos entre as áreas econômicas e sociais com a área ecológica, pois muitas vezes, em nome do desenvolvimento econômico, interferimos na estrutura em estágio de clímax de um sistema provocando uma sucessão ecológica secundária que, a médio ou longo prazo, trará mais prejuízos do que os benefícios angariados em implantação de projetos de grande impacto ambiental. Como os recursos naturais são finitos, as vantagens obtidos em um primeiro momento, terminam por criar problemas que só poderão ser sanados parcialmente e a um custo, as vezes, muito maior do que os lucros obtidos.

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A caminho do habitante de número 8 000 000 000 (oito bilhões) e crescendo de forma exponencial, pelo menos por enquanto, e considerando que a cada década as necessidades de consumo aumentam e se diversificam, que as novas tecnologias ampliam a necessidade mais recursos naturais, de mais energia e que é do solo, do ar e da água que vem a maior parte destes recursos, é fácil imaginarmos o cuidado maior para que não venham a se exaurir as fontes naturais de alimento, de energia e de matéria prima para sustentar todo o consumo da humanidade.

É urgente uma revisão total nos processos pedagógicos de ensino-aprendizagem, desde a Educação Infantil, para que se inicie uma profunda alteração cultural no que diz respeito ao trato da natureza.

Lutamos contra o tempo e contra os interesses mesquinhos que se utilizam irresponsavelmente do meio ambiente causando danos irreversíveis, muitas vezes pagos através de compensações que nada recuperam, mas deixam as consciências dos responsáveis mais tranquilas uma vez que consideram, equivocadamente, que o dinheiro ou ações paralelas recuperam os desequilíbrios causados.

Somente através de uma Educação Ambiental bem feita que obteremos: consciência ambiental, esta deve ser a competência a ser construída nas Escolas, das Escolas Infantis até a Universidade; construção de uma prática reflexiva sobre o equilíbrio ambiental, principalmente compreendendo que as ações no presente terão reflexos no futuro – a realidade é o resultado de nossas escolhas, isto é, nada está determinado; responsabilidade pelos resíduos sólidos produzidos e sua destinação; não há equilíbrio econômico e social se não houver equilíbrio ambiental, a recíproca também é verdadeira.

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É importante que se reforce que mais do que uma disciplina de Educação Ambiental é necessário que o tema tenha também transversalidade nos currículos escolares, principalmente na Educação Básica, pois há sempre interação com qualquer outra área do conhecimento.

* Neiff Satte Alam é professor Universitário Aposentado – UFPEL Biólogo e Especialista em Informática na Educação

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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Cultura e entretenimento

O perigo das Gagas da vida

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Ajoelhado na calçada, à moda dos muçulmanos voltados para Meca, porém usando minissaia e rumorosos saltos vermelhos, um homem vestido de mulher berrava com desespero, na tarde de sexta 2, para uma janela vazia do Copacabana Palace, no Rio. Esgarçando-se na reiteração, expelia em golfos: “Aparece, Gagaaa. Gaaaagaaaaa”. Projetava-se à frente ao gritar, recuava em busca de fôlego e voltava a projetar-se.

Como a cantora não deu os ares à janela do hotel, o rapaz, tal qual uma atriz de novela mexicana, a sombra e o rímel escorrendo pelas bochechas, chorou o que pode. Estava cercado por uma multidão que, assim como ele, queria porque queria fincar os olhos na mutante Lady Gaga, uma mistura de mil faces a partir da fusão de Madonna com Maria Alcina, antes de seu show. No país que ama debochar, a cena viralizou.

Multidão muito maior ironizou o drama. Memes correram por todo lado para denunciar o grande número de desempregados no Brasil. Gente com tempo de sobra para chorar, porém pelas razões erradas.

Ocorre que muitos dos presentes à manifestação, como o atormentado rapaz, veem em Gaga um ícone Queer. Uma rainha da comunidade LGBTQIA+, representante global das causas do amor sem distinção, como a pop estimula em seu “Manifesto do Caos”, lido por ela no show. Nele, Gaga prega a “importância da expressão inabalável da própria identidade, mesmo que isso signifique viver em estado de caos interno”. Um manifesto assim, mais do que inconsequente, é temerário.

Como assim caos interior?

Tomado ao pé da letra por destinatários confusos, um manifesto desses pode ser mortificante. Afinal, viver a própria identidade não significa viver sem freios, mas sim encontrar um meio termo entre o desejo e a realidade. Justamente para evitar o caos. Logo, o manifesto é, isso sim, assustador — por haver (sempre há) tantas pessoas suscetíveis de embarcar nessas canoas de alto risco, cheias de remendos destinados a cobrir furos da embarcação. Pobres dos ageiros que, cegos por influência de ídolos de ocasião, avançam pelo lago em condições tão incertas.

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A idolatria… ela é mais antiga do que fazer pipi pra frente e, ao menos no caso dos homens, ainda de pé. Ultimamente as coisas andam um tanto confusas nesse quesito, mas ao menos a adoração se mantém intacta, assim como a veneta dos gozadores, para quem o humor repõe as coisas em proporção, ou seja, em seu devido lugar.

Todos temos cotas de iração por artistas, mas à veneração, eis a questão, se entregam os vulneráveis. O que esses buscam, mais do que a própria vida, é um reflexo (uma sombra?) de suas identidades. Uma projeção material da pessoa que gostariam de ser, não fossem o que são. É aí que mora, num duplex de cobertura, o perigo. O rapaz pensa que Gaga é como ele, só que não.

Não lembro quem disse que aqui é um vale de lágrimas. Mas o é de fato, bem como é um fato que artistas, como políticos, são depositários das nossas esperanças, mesmo que atuem na mais antiga das profissões, anterior à prostituição — a representação —, o primeiro requisito para sobreviver em sociedade, quando não ficar rico, e sem necessariamente excluir, ainda que camuflada, a segunda profissão.

É de se imaginar o rapaz voltando para casa frustrado. É de presumi-lo no sofá, fazendo um minuto de silêncio.

Mas depois se reerguendo.

Não há de ser nada. Amanhã Gaga vai arrasaaar.

Gagaaaaaa.

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