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Vi Coringa duas vezes. Na segunda, convidei minha mulher, a bela Catarina. Ela não tem mais paciência para se deslocar até um cinema; eu ainda tenho, apesar de a projeção no Shopping me parecer escura, suponho que por algum defeito do projetor, não sei. Frequento mesmo assim porque gosto da tela grande e da cumplicidade com a plateia.
Gosto muito de cinema desde que me conheço por gente. Sempre apreciei, com iração, a habilidade ficcional de dizer verdades, por vezes duras, disfarçadas de mentira, que é, afinal, a função principal da ficção.
Toda obra de ficção mente. Isso não se discute. Mas, ao menos a boa ficção, mente com tal poder de persuasão que nos faz acreditar na história (aí a arte), ecoando nossos sentimentos íntimos, ainda que por um par de horas.
O convincente Coringa é incômodo como deve ser – na ficção, porque, na vida real, a issão daquele caldo de violência e desesperança do personagem tornaria a vida intolerável. Como o filme é um incômodo, mais que um produto de divertimento, é também uma obra de arte.
Coringa expressa uma verdade que só pode ser dita assim, disfarçada de mentira, porque o que diz é horrível: a solidão emparedada que uma pessoa pode experimentar, ao ponto de viver no limbo, como as crianças pagãs.
Uma solidão comum na vida real, embora não se fale muito disso.