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Daniel Trzeciak |
Estou aqui para falar com você, cidadão, que ainda guarda esperança na política, apostou na renovação e quer ver surgir algo diferente. Você que acha que nem tudo está perdido e nutre expectativa de mudança.
Creio que todos concordam que se fosse para manter tudo como está não se falaria em mudança; e que se nada estivesse errado não precisaríamos alterar.
Ocorre que mudou. Aquela velha máxima do “quanto pior, melhor” não pode prevalecer só porque existe simpatia com a oposição ou com o governo. Existem pontos de vistas interessantes em qualquer campo ideológico, e por isso que sempre deve existir respeito com o interlocutor que pensa diferente.
Falo de um tema que não é novo, mas é atual: a Reforma da Previdência. O barulho das redes sociais, dos protestos de rua, da movimentação corporativista nos corredores do Congresso Nacional tende, na maioria das vezes, a proteger nichos.
Quem compra a ideia de que “essa reforma só veio para prejudicar o trabalhador e os mais pobres”, será que sabe que os que ganham mais, estatisticamente, se aposentam mais cedo, por tempo de contribuição? Será que sabe que o déficit da previdência não para de crescer desde 2011, e que, hoje, a cobrança viável dos “famosos” grandes devedores da previdência seria suficiente para cobrir apenas um ano do rombo? Será que sabe – e concorda – que gastamos em previdência social muito mais do que em educação e em saúde? Será que sabe que, com a reforma, todos serão colocados sob o mesmo “guarda-chuva”, sob o teto do INSS? Será que sabe que essa reforma atingirá os políticos, mesmo que, infelizmente, só os do próximo mandato? É legítimo que um parlamentar proteste contra desigualdade social e mantenha sua opção de aposentadoria especial privilegiada? Legítimo é, mas certamente não é coerente e nem moral.
Na campanha eleitoral utilizei como slogan “Coragem pra fazer diferente”. Sempre defendi que o Brasil precisava (e ainda precisa) ar por reformas estruturantes. No início do mandato, inclusive, mesmo tendo direito ao regime próprio de aposentadoria para deputados, optei por seguir contribuindo para o INSS, como a maioria dos trabalhadores brasileiros.
Você que se diz isento, aceitaria cortar na própria carne em prol do país, das próximas gerações? Pois é, o desafio é grande. A reforma da previdência não é motivo para comemoração. Estamos debatendo hoje o país do amanhã. O Brasil que vamos entregar para os nossos jovens, para as nossas crianças, para os nossos filhos.
Cada vez mais precisamos ter a sensibilidade de ouvir a maioria silenciosa, que não ocupa as galerias dos parlamentos, que não se expõe em redes sociais e que deseja que seus representantes estejam a favor do Brasil. A gritaria ensurdece e até cega, mas é o silêncio que faz pensar. Todos perdemos um pouco hoje, para ninguém perder no futuro.
Daniel Trzeciak é deputado federal pelo PSDB