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Brasil e mundo

Não desejamos mal a quase ninguém

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Al Pacino em O Poderoso Chefão: ‘Não odeie seus inimigos; atrapalha o raciocínio”

“Não desejamos mal a quase ninguém” é o trecho suprimido da música “Toda forma de amor”, do Lulu Santos, na campanha “A gente vive juntos”. É fácil imaginar o motivo, não temos acordo sobre a quem desejar mal – o que reflete o drama do nosso país, dividido entre os que desejam mal a alguns políticos, contra os que desejam mal a outros, adversários daqueles.

Para a evolução de um país, de uma sociedade, não seria necessário um consenso mínimo? Natural na democracia a divergência de opiniões, mas onde um consenso mínimo sobre os nossos maiores males, aos quais seria lícito todos desejaríamos mal?

Somos contra bandidos e corruptos, certo? Não há consenso sobre quem são os bandidos e quem são os corruptos. Somos contra os assassinos de crianças, somos contra os estupradores – esses crimes hediondos seriam alguns raros consensos, que até os outros presos repudiam. Mas não temos como construir uma civilização repudiando apenas os crimes mais bárbaros.

Lulu Santos foi genial em “Toda forma de amor”, com a ironia do “não desejamos mal a quase ninguém”, que faz parte de sua beleza poética. Não é real que possamos gostar de todo mundo, isso não seria humano, não seria autêntico, seria falso. “Quase ninguém” já é uma enorme evolução civilizatória, significa compreendermos os contextos e as razões de quase todo mundo.

Por que as pessoas riem quando falam em sexo? Riem também das agressões que gostariam de cometer, como no meme “amigo mesmo é quem chega dando uma voadora em quem lhe incomoda”. Freud desvendou a excitação que está presente tanto na sexualidade quanto na agressividade, gerando formas de prazer.

Impossível viver sem desafetos, evoluir é tolerar as diferenças. E a sabedoria é escolher melhor o que deveríamos repudiar. Hoje, no Brasil, não visualizamos um alvo comum, o antagonista a ser enfrentado. É esse o ime nacional, a falta de um consenso mínimo que nos permita brincar com a ironia do “não desejamos mal a quase ninguém”.

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Montserrat Martins é médico psiquiatra, autor de Em busca da Alma do Brasil

Facebook do autor | E-mail: [email protected]

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Brasil e mundo

CCJ do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a reeleição no Brasil para presidente, governadores e prefeitos foi aprovada, nesta quarta-feira (21), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A PEC 12/2002 ainda aumenta os mandatos do Executivo, dos deputados e dos vereadores para cinco anos. Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado.

A PEC previa o aumento do mandato dos senadores de oito para dez anos, mas a CCJ decidiu reduzir o tempo para cinco anos, igual período dos demais cargos. A proposta ainda unifica as eleições no Brasil para que todos os cargos sejam disputados de uma única vez, a partir de 2034, acabando com eleições a cada dois anos, como ocorre hoje.

A proposta prevê um período de transição para o fim da reeleição. Em 2026, as regras continuam as mesmas de hoje. Em 2028, os prefeitos candidatos poderão se reeleger pela última vez e os vencedores terão mandato estendido de seis anos. Isso para que todos os cargos coincidam na eleição de 2034.

Em 2030, será a última eleição com possibilidade de reeleição para os governadores eleitos em 2026. Em 2034, não será mais permitida qualquer reeleição e os mandatos arão a ser de cinco anos.  

Após críticas, o relator Marcelo Castro (MDB-PI) acatou a mudança sugerida para reduzir o mandato dos senadores.

“A única coisa que mudou no meu relatório foi em relação ao mandato de senadores que estava com dez anos. Eu estava seguindo um padrão internacional, já que o mandato de senador sempre é mais extenso do que o mandato de deputado. Mas senti que a CCJ estava formando maioria para mandatos de cinco anos, então me rendi a isso”, explicou o parlamentar.

Com isso, os senadores eleitos em 2030 terão mandato de nove anos para que, a partir de 2039, todos sejam eleitos para mandatos de cinco anos. A mudança também obriga os eleitores a elegerem os três senadores por estado de uma única vez. Atualmente, se elegem dois senadores em uma eleição e um senador no pleito seguinte.

Os parlamentares argumentaram que a reeleição não tem feito bem ao Brasil, assim como votações a cada dois anos. Nenhum senador se manifestou contra o fim da reeleição.

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O relator Marcelo Castro argumentou que o prefeito, governador ou presidente no cargo tem mais condições de concorrer, o que desequilibraria a disputa.

A possibilidade de reeleição foi incluída no país no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, mudança que permitiu a reeleição do político em 1998.

“Foi um malefício à istração pública do Brasil a introdução da reeleição, completamente contrária a toda a nossa tradição republicana. Acho que está mais do que na hora de colocarmos fim a esse mal”, argumentou Castro.

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Um homem coerente

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Eis um homem que irei pela absoluta coerência entre o que pensava e o modo como viveu. Um homem de esquerda que me fazia parar para ouvi-lo, porque o que dizia tinha solidez e fazia pensar.

Não precisava concordar com ele para irá-lo. E sim: um homem de esquerda que nunca roubou. Foi uma pessoa rara. Eu diria, única.

Vivia num sítio, dele de fato, com o essencial. Na companhia da mulher e de cachorros. Só tinha um defeito: andava em má companhia internacional. Talvez por um motivo humano. Para se sentir menos sozinho do que era. Menos prisioneiro de suas convicções.

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