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‘Universidades federais: The end?’ Por Pedro Hallal 3y6e5o

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Pedro Hallal, reitor da UFPel |

And in the end…
The love you take…
Is equal to the love you make…
The Beatles

Pensei muito para escrever algo hoje à noite. E pela segunda vez na vida, acabo recorrendo aos Beatles, que no final de sua brilhante trajetória, disseram que “no final, o amor que recebemos é igual ao amor que fazemos” (tradução livre).

É preciso muita calma para compreender o que está acontecendo e planejar os necessários enfrentamentos de forma pacífica, mas efetiva. E quando digo enfrentamentos, não estou falando em guerra ou armas (reais ou fictícias) apontadas para inimigos imaginários, mas sim o enfrentamento de ideias entre pessoas que convivem em sociedade e que buscam o bem comum.

Até por isso, é necessário deixar explícito que esse texto não abordará a polarização que divide o nosso país há vários anos. Convido a todos que arem a esse texto a se aventurarem a lê-lo com a devida atenção, analisando e refletindo sobre seu conteúdo, ao invés de simplesmente tentarem rotular seu autor.

As Universidades Federais são um patrimônio da sociedade brasileira. Elas são responsáveis por 90% da produção científica do país, mesmo contando com apenas 20% dos alunos de ensino superior do Brasil. Só para citar um exemplo da UFPel, ajudamos a prevenir a morte de milhões de crianças no mundo por meio da descoberta de que a amamentação exclusiva até os seis meses de vida reduz o risco de morte infantil. Por essa descoberta científica, um professor nosso é cotado para receber o Prêmio Nobel.

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Assim, comparar o custo de um aluno numa Universidade pública com aquele de uma creche não apenas demonstra desconhecimento, como também demonstra desonestidade intelectual. Não é razoável imaginar que instituições responsáveis por 90% da produção científica do país tenham o mesmo custo que outras com enfoque exclusivo no ensino.

O Governo Federal tenta distorcer a realidade do que ocorre nas Universidades Federais, numa tentativa desesperada de jogar a população brasileira contra suas Universidades

As estruturas de ensino superior no mundo são bastante diversas. Entre os 20 países com os sistemas educacionais mais bem avaliados do mundo, vários possuem um sistema baseado em Universidades públicas e gratuitas, como Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega. Países como a Alemanha, a França e a Áustria possuem sistemas baseados em cobranças de taxas anuais baixas. Realmente, em outros países, como a Coréia do Sul, o Japão e os Estados Unidos, o ensino superior é predominantemente pago.

Reitor diz que cortes anunciados para universidades federais são ‘uma covardia e uma chantagem’

Desta forma, é fácil concluir que um país não está fadado ao sucesso ou ao fracasso educacional apenas com base na cobrança ou não de mensalidade nas Universidades. Ao contrário, o que leva um país a ter bons indicadores educacionais é investir nas suas Universidades, caminho exatamente contrário ao adotado no Brasil atualmente.

Por todas essas razões, é inissível o ataque que as Universidades Federais vêm sofrendo recentemente por parte do Governo Federal e mais especificamente do Ministério da Educação. Nessa semana, nosso já apertado orçamento foi subtraído em 30%. Pior, o próprio Ministério da Educação informa, por meio de nota à imprensa, que, caso a Reforma da Previdência seja aprovada, o corte no orçamento pode ser revisto.

Ora, não é preciso amplo conhecimento de economia, orçamento e finanças para compreender que: (a) o orçamento de 2019 das Universidades Federais foi definido em 2018, prevendo a arrecadação do país com as regras vigentes à época; (b) qualquer eventual receita extra gerada pela Reforma da Previdência será refletida a partir do exercício posterior a sua aprovação, ou seja, 2020, caso o projeto seja aprovado em 2019.

O Governo Federal tenta distorcer a realidade do que ocorre nas Universidades Federais, numa tentativa desesperada de jogar a população brasileira contra suas Universidades.

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Primeiro, o Governo Federal demonstra ignorância ao desconhecer (ou fingir desconhecer) que mais de 90% do conhecimento científico produzido no país é oriundo das Universidades Federais. Depois, o Ministério da Educação impõe uma censura orçamentária a três Universidades Federais por supostos atos de “balbúrdia” no ambiente universitário, medida que é revogada em menos de 24 horas, para evitar uma óbvia condenação por improbidade istrativa.

Sr. Ministro, venha ar uns dias na UFPel. Venha assistir as aulas que fazem com que nossos 96 cursos de graduação venham sendo avaliados com notas 4 ou 5 em todas as avaliações do MEC. Venha conhecer as quatro unidades básicas de saúde istradas pela UFPel em Pelotas. Venha conhecer o único hospital 100% SUS da cidade. Venha visitar centenas de projetos de extensão, que aproximam a comunidade da UFPel. Venha almoçar no nosso RU, andar no nosso transporte de apoio, conhecer a nossa moradia estudantil. Certamente, o Sr. notará que o nosso cotidiano não é de balbúrdia.

É imperativo lembrar que o Governo Federal foi eleito há quase um semestre e já está governando há mais de quatro meses. Já está mais do que na hora de encerrar de vez o processo eleitoral e iniciar a istração do país. E certamente istrar o país significa tratar com seriedade a pauta da educação.

Por fim, peço a comunidade da UFPel que se mobilize, de forma pacífica, para dizer “não” aos cortes propostos pelo Governo Federal. Lembrem que:

And in the end…
The love you take…
Is equal to the love you make…

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2 Comments

2 Comments 1p2p20

  1. EDUARDO

    04/05/19 at 19:38

    Concordo! A galera tem que se manifestar!
    Mas sem destruição, sem baderna!

  2. Tânia Mari de Oliveira

    04/05/19 at 05:50

    Parabéns pela sensibilidade extrema ao escrever este texto tocante que me levou às lágrimas. Somos milhões de brasileiros torcendo por uma educação melhor, com valorização para todos os profissionais e alunos brilhantes e dedicados que se esforçam a cada dia por um futuro melhor. Não é justo o que estão fazendo conosco, com nosso país, com nossos jovens e profissionais. Vamos torcer e rezar para que tudo isso seja revertido.

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Brasil e mundo 3m3y11

A liberdade sagrada das redes 3f2n1p

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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Brasil e mundo 3m3y11

Vivendo em mundos paralelos 5z181m

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Algo mudou na relação entre o jornalismo e os pelotenses. Até por volta de 2015, havia um marcado interesse nos assuntos da cidade. Um mero buraco, e nem precisava ser o negro, despertava vívida atenção. Agora já ninguém dá a mínima. Nem mesmo se o buraco for um rombo fruto de corrupção numa área de vida e morte, como a de saúde. O valor da notícia sofreu uma erosão nas percepções. Não é uma situação local, mas, arrisco dizer, do mundo.

Vem ocorrendo uma cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem. Um corte entre elas e a vida social. O espaço, que no ado era público, já hoje parece ser de ninguém.

A responsabilidade parcial disso parece, curiosamente, ser das novas tecnologias de comunicação. Se por um lado elas deram voz à sociedade como um todo, por outro, ao igualmente darem amplo o ao mundo virtual, elas nos têm distraído da concretude do mundo, de interação sempre mais hostil — distraído, enfim, da realidade mesma, propiciando que vivamos em mundos paralelos.

Outra razão é que, no essencial, nada muda em nossa realidade. Isso ficou mais evidente porque as redes sociais deram vazão, sem os filtros editoriais da imprensa, a um volume de problemas reais maior do que o que era noticiado. Se antes já havia demora nas soluções, essa percepção foi multiplicada pelo crescente número de denúncias feitas nas redes pelos próprios cidadãos. Os problemas que dizem respeito à coletividade se avolumam sem solução a contento, desconsolando e fatigando a vida.

Como a dinâmica da cidade (e da realidade) não responde como deveria, eis o ponto, estamos buscando reparações no ambiente virtual, sensitivamente mais recompensador, além de disponível na palma da mão.

No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades. Estamos habitando no mundo virtual, onde não há frustrações, mas sim gratificação instantânea. Andamos absortos demais em nossa vida. Abduzidos por temas de exclusivo interesse pessoal, retroalimentados minuto a minuto pelo algoritmo.

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Antes vivíamos num mundo de trocas diretas entre as pessoas. Hoje habitamos numa nuvem, no cyber-espaço. Andamos parecendo cada dia mais com Thomas Anderson, protagonista do filme Matrix. Conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro, ele vive literalmente em uma realidade paralela. Isso dá

Para complicar tudo, há pensadores para quem a realidade é uma simulação.

Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros etc. não existem no mundo concreto, mas são simulações percebidas pelo nosso corpo (pessoas veem as cores em diferentes tons, quando não em diferentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado dos nossos sentidos.

Assim, a única coisa real seria a razão, quer dizer, o modo como processamos aquelas percepções dos sentidos. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos que amos o concreto, não haveria diferença entre eles.

Segundo aqueles pensadores, como o mundo virtual está entrelaçado com o mundo concreto, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor.

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